Foram seis dias, 18 palcos, cerca de 1.100 palestrantes divididos em mais de 400 atrações e um público recorde de 41.442 pessoas: esses foram os números do Rio2C 2023. Entre os dias 11 e 16 de abril, o setor e os profissionais da economia criativa puderem se assegurar que a indústria criativa e suas tecnologias possuem um belo futuro garantido no Brasil e nos outros países da América Latina.

A 5ª edição do Rio2C aconteceu na Cidade das Artes, importante complexo cultural da capital fluminense. Com o soft power como tema norteador, o público teve a oportunidade de acompanhar painéis, workshops, pitchings, rodadas de negócios, masterclasses, shows, ativações, experiências imersivas e, além, claro, conhecer qual o papel do audiovisual dentro da temática e como ele pode ser utilizado para auxiliar ainda mais na economia nacional.

“Ficamos muito felizes com o resultado. É uma loucura o tamanho do evento e por mais que a gente já faça há um tempo, a cada edição vai melhorando. E essa aqui chegamos a um ponto muito bacana de entrega, desde a experiência do usuário, como o próprio conteúdo, quanto às ações de mercado que foram acima de nossas expectativas”, disse Rafael Lazarini, criador e CEO do Rio2C, que este ano movimentou mais de R$ 315 milhões.

Em entrevista recente ao Portal Exibidor, Rafael disse que a edição de 2023 serviria como um termômetro para o mercado e que, após a realização do evento, foi isso mesmo que sentiu: “Comentei com várias pessoas durante o evento e era um clima de negócio, de ‘vamos fazer, vamos acontecer’, todo mundo muito empolgado com as perspectivas de fechar negócios, de novos contatos, de expandir relacionamento. Esse ano foi muito esse recomeço do setor e uma perspectiva de negócio muito grande de o que está por vir”.

Uma característica marcante desta edição foi o otimismo em relação à retomada cultural do Brasil, algo bastante comentado pelos palestrantes nos painéis, como na apresentação do Ministério da Cultura e também no da Ancine, que anunciou investimento recorde para o audiovisual brasileiro. Dentro do setor, aliás, o evento promoveu o encontro do mercado com o poder público, que esteve presente com representantes do Ministério da Cultura, da Ancine, da RioFilme, da Spcine, das Secretarias Estaduais de Cultura e Indústria Criativa, e Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, além das Secretarias Municipais de Cultura do Rio, de São Paulo e de Salvador. 

“Acho que o audiovisual é a grande locomotiva do setor criativo. Quando falamos de indústrias criativas, sem sombra de dúvidas o audiovisual é o setor mais estruturado. Sofreu nos últimos anos e vem sendo transformado - não só por conta das políticas públicas, mas pelo próprio mercado, com  questão de novas ferramentas e avanços tecnológicos -, então acho que começamos a entrar numa fase bastante promissora, voltando a ter uma política pública mais favorável ao setor, com valores significativos planejados e disponibilizados de investimento no setor. Mas também com as plataformas cada vez mais pujantes, sejam as nacionais ou as de fora. Então percebemos que a corrida por bons produtos e bons conteúdos está bastante intensa”, comentou o executivo. 

E as próprias melhorias no setor cultural são questões que podem auxiliar no aumento de investimento de outros segmentos do mercado. Existe, segundo Rafael, não só a expectativa, mas um ânimo muito grande para isso, com o aumento da produção e rodando mais negócios. “Trouxemos para a discussão sobre novos modelos de financiamento, fizemos algumas atividades e masterclass sobre isso. Acho que de uma forma geral que em 2024, olhando pelo retrovisor, será um ano bastante pujante para os setor”, disse o CEO.

Aliás, a próxima edição do Rio2C contará com uma importante novidade: um dia extra, fazendo com que o evento se encerre na segunda-feira. De acordo com a organização, sempre houve a ideia de expandir, com possibilidade - ou pelo menos vontade - de fazer alguns eventos offside, visando ocupar mais a cidade do Rio de Janeiro e levar o Rio2C para outros pontos. Desta forma, o novo planejamento permitirá diluir um pouco mais a programação e acomodar melhor as pessoas. A sexta edição do Rio2C acontecerá entre os dias 8 e 14 de abril de 2024 e também há a perspectiva de aumentar muito o número de players internacionais do evento.

Até lá, será possível colher os frutos do encontro deste ano, assim como analisar melhor como o país irá reagir à mudança governamental, à nova proposta do arcabouço fiscal nacional (que retira o teto de gastos que impedia o crescimento da base da sociedade, como educação, saúde e segurança [e consequentemente outras vias do mercado]) e também ao novo plano de nossas entidades culturais, especialmente a audiovisual, a principal economia criativa existe no momento.

Rafael, inclusive, acredita no potencial do Brasil em ser uma grande potência da economia criativa e que não nos falta material: “Costumo dizer que é como se fosse um quebra-cabeça desmontado, as peças estão todas aí e falta uma melhor coordenação. E é muito isso que tentamos fazer no Rio2C: servir como um catalisador e mostrar a potência da indústria como um todo, porque a gente vê ações muito fragmentadas. Se a gente consegue se enxergar de forma transversal, a gente ganha musculatura e relevância nas pautas maiores. Então aos poucos estamos sendo bem sucedidos nesse desafio de entendimento que temos o setor do audiovisual mais estruturado, mas tem um setor musical extremamente criativo, a nossa área de games que vem crescendo muito”.

E é exatamente aqui que mora a importância de um evento como o Rio2C, de ser um ponto de encontro e de conscientização de como as indústrias criativas e economia criativa vêm crescendo, chegando a representar cerca de 3% de nosso PIB. 

“A Importância disso é o setor ser entendido como um setor relevante e estratégico e não à toa adotamos o soft power como tema, para trazer o Brasil para essa agenda global”, concluiu Rafael.

Mais sobre a Rio2C 2023

Além do citado, a edição de 2023 trouxe para os palcos grandes nomes da música (como Angélique Kidjo, Gilberto Gil, Lyor Cohen, Ludmilla, Seu Jorge, Dilsinho e Ivete Sangalo), do audiovisual (como Fernando Meirelles, Tony Ramos, Adriana Esteves, Lázaro Ramos,  Juliana Paes, Ingrid Guimarães, Jantje Friese e Baran bo Odar), do universo digital (como os streamers PlayHard e Coringa, os influenciadores Felipe Neto e Cherrygumms e o empresário Kondzilla), dos esportes (como Rubens Barrichello, Fernanda Garay, Carlos Burle, Fabiana Murer e Bob Burnquist), do jornalismo (como Fátima Bernardes, Pedro Bial, Aline Midlej, Sonia Bridi e Poliana Abritta) e da moda, design, arquitetura e artes (como Lenny Niemeyer, Fred Gelli e Marcelo Rosembaum), bem como Hugh Forrest, copresidente e diretor de programação do SXSW.

Entre as marcas, mais de 50 participaram do evento, como Heineken, SamsungTV, Netflix, Amazon, Warner Bros. Discovery, Paramount, Conspiração, Windsor, Sympla, Spcine, Sebrae, Quanta, CNS, ICTIM Maricá, InPress, Deezer, ESPM, Anonymous Content, Paris Films, Artplan, Canal Like, SoundOn, Megatrax, Ompi, UBC, Abramus, Coqueirão Filmes, BigSync, ProFilms e Bravi. Isso sem contar o Banco do Brasil e a Petrobras como patrocinadores master do evento e o patrocínio da Enel e da Ancine. E sem esquecer do apoio da Firjan, Cedae, Globo, OLX, Secretaria Estadual de Ciência Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, RioInnovationWeek, Bemobi e Oliveira Trust.

Diversas delegações internacionais também estiveram presentes no evento, incluindo as Câmaras de Comércio dos EUA e do Canadá; os consulados da França, Suíça, Portugal, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Chile, Argentina, Colômbia, China, Canadá, EUA; o Instituto de Promoción de Inversiones y Exportaciones (Uruguai); a Producers Alliance for Cinema and Television (Reino Unido); o Instituto do Cinema e Audiovisual de Portugal;  o Audiovisual Producers (Finlândia); a Agência Argentina de Inversiones y Comercio Internacional e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

O Rio2C é hoje a maior plataforma de conhecimento, network, impulsionamento de negócios, mapeamento e formação de novos talentos da indústria criativa. Acreditando que a criatividade se origina no diverso, conta com uma rede de parcerias institucionais com associações, ONGs, federações e redes de ensino para democratizar conhecimento e gerar oportunidades. O evento distribuiu 2.947 ingressos para mais de 40 projetos sociais e instituições públicas de ensino, como Cufa, Afroreggae, Redes da Maré, Afrogames, CEFET, UniRio, UFRJ e UERJ, para citar alguns, e contou com a parceria de mais de 100 entidades parceiras.  

Confira a cobertura completa da Exibidor na Rio2C 2023:

• - Rio2C 2023: Rafael Lazarini ressalta como o desenvolvimento de um soft power potente pode influenciar na economia brasileira: 
• - Audiovisual é base importante dos encontros nesta edição do Rio2C
• - "A Cultura voltou": MinC abre Rio2C e apresenta seus planos para os próximos anos
• - Painel discute o papel criativo dos produtores dentro do audiovisual brasileiro
• - Soft power bem desenvolvido tem potencial para potencializar vendas de diversos produtos
• - Institucionalização, desburocratização e o maior investimento da série histórica: as metas da Ancine para 2023
• - "Precisamos recuperar a relação afetiva com o audiovisual brasileiro", diz Mauricio Hirata
• - Executivas da WBD debatem tendências e apresentam novidades ao público do Brasil 
• - 80% dos gastos do setor audiovisual da América Latina são destinados às outras áreas 
• - Poucas salas de cinema e dificuldade em identificar o novo perfil de público são os grandes desafios atuais 
• - Valorização do coletivo: os caminhos para o futuro da experiência cinematográfica