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13 Abril 2023 | Yuri Codogno

80% dos gastos do setor audiovisual da América Latina são destinados às outras áreas

Painel encerrou o segundo dia da Conferência no Rio2C 2023

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(Foto: Exibidor)

O final do segundo dia da Conferência do Rio2C 2023 apresentou o painel “O Impacto do Audiovisual na Economia da América Latina” e demonstrou números, situações, oportunidades e desafios que o setor tem na região e especialmente no Brasil. A apresentação foi baseada no estudo homônimo desenvolvido pela Deloitte para a Netflix realizado em 2022.

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O painel foi moderado por Mariana Polidorio, Diretora de Políticas Públicas da Netflix no Brasil, e contou com a participação de outros quatro profissionais: Jefferson Denti, especialista em analytics & information na Deloitte; Leonardo Edde, sócio-fundador da Urca Filmes e presidente do SICAV; Fábio Barcelos, secretário de regulação da Ancine; e Pedro Buarque de Holanda, sócio-fundador da Conspiração Filmes.

Entre as principais conclusões do relatório estão: cerca de 80% dos gastos pela indústria audiovisual latina ocorre em setores como o têxtil, publicitário e de construção; a produção local de conteúdo global e as novas tecnologias, como VFX, oferecem oportunidades de crescimento para a região; e os benefícios gerados pelo investimento no setor cresce com o efeito cascata, quando um investimento leva a outro, que leva a outro e aí por diante.

Para o efeito cascata, Jefferson explicou que para cada US$ 10 milhões gastos pela indústria audiovisual, mais US$ 5 milhões são movimentados em fornecimento de produtos e serviços. Esses US$ 5 milhões, por sua vez, podem movimentar outros US$ 14 milhões. No total, há um efeito multiplicador de 2,9, com cada US$ 10 milhões influenciando em adicionais US$ 19 milhões como consequência.

Isso sem contar o efeito multiplicador em contratações em período integral. Cada 490 funcionários empregados pelo setor audiovisual, como consequência, geram outros 732, em um fator de multiplicação de quase 2,5. Os dados sobre esse efeito são apenas referentes ao Brasil.

Pedro, apesar disso, lembrou de uma questão ligada à falta de profissionais no mercado: “a gente tem pouca mão de obra, poucas pessoas estudando. Tem muitos caminhos para percorrer, porque a gente precisa se preparar para novos crescimentos, então é vital que a gente se estruture e se prepare para isso. Pega os EUA… têm faculdades totalmente focadas nesse assunto”.

Outra conclusão importante foi o efeito de transbordamento, que é um pouco complicado de mensurar seus resultados, porque se caracteriza pelos benefícios indiretos que um local, um produto ou serviço tem. O relatório cita dois exemplos: a novela Pantanal, da Globo, elevou em 100% a demanda turística no MS, de acordo com a Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul, e O Outro Lado do Paraíso fez com que as buscas por Tocantins crescesse 80% após seu lançamento, segundo dados do Kayak, empresa de planejamento de viagens.

A própria moderadora Mariana complementou com outro exemplo, ao dizer que os gringos que assistem a séries brasileiras têm propenção 3,5 vezes maior de visitar o país.

Em relação à economia brasileira e ao nosso audiovisual, o estudo trouxe outras informações importantes. Mesmo com a pandemia, em 2020 a indústria audiovisual empregou mais de 111 mil pessoas; e em 2021 as atividades de rádio e televisão brasileira geraram receita total de R$ 56,94 bilhões, sendo que a produção cinematográfica foi responsável por R$ 6,18 bilhões.

Para Fábio, todos esses números apresentados impressionam pelo fator pós-pandemia: “Traz essa questão dos multiplicadores, que não é trivial. A importância está expressa no que a Ancine está tentando fazer, com a liberação de centenas de milhões de reais”. O secretário completou dizendo que as políticas públicas são necessárias para corrigir distorções e fazer o dinheiro chegar onde precisa.

Com esses bons valores, Jefferson destacou que 50% do que é produzido de conteúdo na América Latina vem do Brasil, mas disse que países como Colômbia, México e Argentina cresceram além de nós, pois “se movimentaram um pouco mais”. Em sugestão, Leonardo completou: “A importância de todos os players - sejam plataformas, independentes, radiodifusão, autores, exibidores - se unirem. A união de todos nós para trazer essa narrativa é importante. A gente precisa de uma indústria que seja priorizada. Precisamos que todos os Ministérios vejam isso, não só o MinC”.

Ao final do estudo, alguns desafios foram revelados como impedidores de um avanço mais acelerado, como falta de expansão na infraestrutura e, em parte, de incentivos para produção, ausência de capacitação e a pirataria. 

Como possíveis soluções, os palestrantes disseram: “O Brasil tem buscado algumas ações, especialmente quando fala de infraestrutura. Estamos falando de mover todo um ecossistema. Precisamos de mais apetite e investimento no setor como um todo”. 

Fábio, por sua vez, acrescentou: “A regulação e política pública fazem da questão quantitativa uma qualitativa. A gente tem que ser ambicioso e trabalhar em todas frentes e na formação”. Edde completou: “Tudo passa por diálogo e união de todas as frentes, desfragmentar as ações é muito importante. E tem que ter a regulação porque dialoga com todos os problemas e soluções. E a participação dos estados seria importante, para não ficar só na esfera federal ou municipal”.

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