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13 Abril 2023 | Yuri Codogno

Institucionalização, desburocratização e o maior investimento da série histórica: as metas da Ancine para 2023

Alex Braga apresentou a nova cara da Agência e quais são seus planos para o futuro

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(Foto: Exibidor)

Um dos carros-chefe da economia criativa e do soft power, o audiovisual teve um grande destaque entre os painéis de hoje (13) da Rio2C 2023. Com a Ancine apresentando “O Ano do Audiovisual - A Indústria Criativa e suas Possibilidades”, a Agência, representada pelo Diretor-Presidente Alex Braga, comentou um pouco sobre o passado recente da instituição, mas principalmente do que vem pela frente ainda este ano.

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O Portal Exibidor acompanhou o painel - que foi mediado pelo presidente do SICAV Leonardo Edde -  e teve a oportunidade de ouvir as prioridades da Ancine para 2023 e as metas são: institucionalizar, regular e desburocratizar os processos, além de dar a este ano o maior investimento da série histórica de desenvolvimento do  audiovisual.

“Já houve tempo que se falou do bilhão [de reais em investimento] que não existia, mas agora estamos falando de um bilhão que na verdade são dois bilhões. Hoje estão disponíveis mais de um bilhão para atividade audiovisual e, a partir de maio, o comitê gestor - tanto da Ancine quanto da Secretaria-Executiva - se reúne para decidir sobre o novo bilhão de reais em investimento. Então o ano de 2023 será o ano com maior volume e maior capacidade de investimentos da série histórica da política audiovisual”, revelou Alex Braga.

Importante ressaltar que o novo R$ 1 bilhão NÃO foi anunciado oficialmente, podendo haver modificações ou até quem sabe não ser liberado na data planejada. 

O diretor ainda explicou sobre a diferença entre institucionalização, que é em favor dos processos e da preservação, e a burocracia, que acaba atuando contra o incentivo: “Vamos defender a institucionalidade, porque ela nos fortalece, e vamos defender a desburocratização, porque vai nos tornar mais eficientes”.

Dentro da institucionalização entra a regulação dos streamings e cotas de tela (que, segundo Alex, há a necessidade de modernização para que ela alcance objetivos que 20 anos atrás não pôde), assuntos que não foram deixados de lado no debate. Leonardo Edde lembrou da Lei da TV Paga (12.485), sancionada em 2011, e que fez a porcentagem de conteúdo nacional aumentar nas televisões pagas de 1% para quase 20% em cerca de cinco anos. “A lei mudou a forma que a indústria se coloca, trouxe o nosso ponto de vista sobre nós mesmos e todo mundo começou a se ver na tela. E quando a gente se vê na tela, a gente consome mais”, completou Edde.

Segundo os palestrantes, uma indústria independente forte desenvolve todo o resto, porque quanto maior for nosso mercado local, maior será o mercado para os filmes estrangeiros. Não é uma disputa, mas um complemento. Mas, apesar disso, a diferença de tamanho entre players nacionais e internacionais demonstra a necessidade de uma regulação, pois o consumo cresce com o aumento do volume de produção.

O exemplo demonstra como a produção nacional, assim como nossa economia, pode se beneficiar com a institucionalização de todos os players envolvidos com o mercado brasileiro de audiovisual. 

Mesmo assim, Alex Braga defendeu o cinema como principal ativo do setor no Brasil: “A imagem da inovação e da indústria é o cinema. Não vamos preterir, de forma alguma, a televisão e o streaming, muito pelo contrário. Mas o fato é que, quando as obras passam pelas salas de cinema, potencializam a sua circulação e o seu alcance”. É tudo uma relação de complementaridade.

Ainda sobre streaming, Alex Braga revelou quais são alguns dos planos, pensando sempre na reciprocidade entre os agentes envolvidos e na desburocratização: “[Os novos projetos] contemplados podem negociar com TV e VoD, facilitando a circulação do conteúdo brasileiro, como um passo do incentivo, mas o contrapasso é a regulação. Quando dizemos que somos indústria, queremos dizer que queremos garantir benefícios permanentes para a sociedade brasileira, sustentabilidade e desenvolvimento para produtores, realizadores e agentes da atividade audiovisual brasileira”.

Leonardo Edde também recordou que, com a Secretaria do Audiovisual de volta ao jogo, será possível dividir as tarefas de modo que todos sejam englobados neste novo momento da Agência. São cerca de 15 mil empresas registradas na Ancine, então é necessária uma atenção constante para que, das maiores às menores instituições, o acompanhamento ajude-as nas metas estabelecidas.

A Ancine em 2023 também passou por uma mudança de governança, que agora é compartilhada. A agência conta com uma câmara técnica de produção, com uma câmara técnica de exibição, uma câmara técnica que congrega as entidades representativas da produção independente. Com isso, as decisões da Agência são submetidas às essas câmaras, assim como os estudos e os planejamentos técnicos, para que possa colher contribuições, impressões, sugestões e tudo isso sem prejuízo dos processos amplos para a sociedade.

Com todas essas inovações, Alex Braga comemorou: “2023 será o ano do audiovisual, só vai perder para 2024, 2025 e a trajetória agora é de crescimento”.

O passado recente da Ancine e sua transição

Foram seis anos em que a Ancine passou por dificuldades por conta de governos que preteriram a cultura, mas que agora passa por um momento de transição a favor de um novo ciclo favorável. “Todos sabemos que passamos por uma crise de confiança, estabilidade e um momento de maior instabilidade. Mas é preciso registrar a dedicação de todos profissionais da agência, que trabalharam na reestruturação da agência, com o objetivo de aperfeiçoamento e aprimoramento e de tentar abrir possibilidades para novas ideias”, defendeu Alex.

Nesse novo momento, a Ancine se reconhece e assume sua identidade vocacionada ao desenvolvimento da indústria de audiovisual brasileira, visando a geração de emprego, renda e inclusão. Uma das novas tarefas foi colocar a agência a serviço da sociedade para que ela, como um instrumento de uma indústria criativa, de ideias e realizações, possa espelhar a sociedade, que é proprietária desse bem cultural.

Em um primeiro momento, a Ancine se dedicou em estabelecer sua identidade: “Somos indutores do desenvolvimento industrial, porque sabemos que é uma indústria pujante e plural. Essa política pública só se completa com esse consumo do audiovisual. Então nossa prioridade é o consumo por nós mesmos”, disse Alex.

Outro ponto defendido pelo Diretor-presidente foram as salas de cinema que, em sua maioria, conseguiram se manter de pé mesmo com a pandemia: “O ator principal dessa indústria é a sala de cinema, mantivemos e preservamos a sala”.

Aliás, Alex Braga também contou que alguns investimentos importantes foram realizados nos últimos anos, incentivando regiões fora do eixo Rio-SP, e que o resultado pôde ser visto em 2022 com Marte Um e Noites Alienígenas.

Para o futuro, a Ancine também planeja novas parcerias, como as já realizadas com SICAV e Firjan, e também pela busca da internacionalização do conteúdo brasileiro de forma eficiente e moderna. “Estamos trabalhando novas parcerias para qualificar os serviços que prestamos e para aumentar o leque de possibilidades”, concluiu Alex. 

Confira os destaques deste segundo dia do evento:

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