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17 Janeiro 2018 | Vanessa Vieira

Roberto Lima comenta trajetória na ANCINE e fim de mandato

Diretor da agência atuou por quatro anos no cargo, completando mais de 10 anos na entidade

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Roberto Lima na Expocine 2016 (Foto: Expocine)

A diretoria colegiada da ANCINE é formada normalmente por quatro membros. Desses, dois já tiveram suas entrevistas ao Portal Exibidor publicadas: Alex Braga e Débora Ivanov, sem contar ainda a ex-diretora Rosana Alcântara. Agora, como sequência à série especial de entrevistas realizadas com os executivos da agência, vem a vez de Roberto Lima, que finaliza seu primeiro mandato na entidade neste mês de janeiro.

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Lima atua há mais de 11 anos na ANCINE, tendo sido nomeado diretor em janeiro de 2014. O paulistano de Olímpia trabalhou na agência entre 2007 e 2013 como assessor da diretoria colegiada, quando participou de processos como a formulação dos Programas Especiais de Fomento, Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional, Prêmio Adicional de Renda e programa de expansão do Parque Exibidor “Cinema Perto de Você”, entre outros projetos.

Agora, já na reta final de sua atuação como diretor da entidade, o executivo afirma não deseja um segundo mandato.

Conheça mais sobre a trajetória de Roberto Lima na agência:

Como você avalia seu tempo de trabalho na ANCINE e quais os próximos desafios e objetivos até o fim do seu mandato?

Passei 11 anos na ANCINE e pude, assim, participar da formulação e implementação das principais políticas de fomento e de um arcabouço regulatório jamais vistos em toda a nossa história, mas também contribuí e participei da construção dessa instituição, que reputo como uma das mais competentes e eficientes do Estado brasileiro.

Acho que dei uma contribuição ao buscar ampliar a pauta da agência para outros setores e aspectos da economia do audiovisual que não tiveram grande relevo no início da operação da agência, como a questão da desconcentração do desenvolvimento audiovisual para todas as regiões do País, a busca por novas formas de estimular os modelos de negócio dos pequenos e médios exibidores, a pauta dos games que lutei para trazer para a agência e a entender que conteúdos de nicho e formatos diversificados são viáveis comercialmente se houver estímulo à distribuição e exibição especializada.

Trabalhei bastante para ampliar o escopo do fomento para todos os tipos de conteúdo destinados a TV, trabalhei pela necessidade de comprometer o VOD com a expansão de mercado para os agentes econômicos brasileiros, sobretudo a produção independente. Dei minha contribuição também para ampliar o diálogo entre a ANCINE e o setor audiovisual, bem como o diálogo interno na agência.

Contribuí um pouco para a importância de induzir mais diversidade com a presença de mulheres e negros no mercado e com a pauta do estímulo aos Arranjos Produtivos Locais, que são fundamentais para expandir a infraestrutura do audiovisual para outras regiões do País.

Até o final do meu mandato, que será agora em janeiro, pretendo consolidar o máximo possível essas mesmas iniciativas. Mas estou feliz e muito satisfeito com o que ajudei a construir. Sou grato aos servidores da ANCINE, à presidenta Dilma Roussef, que me nomeou para esse cargo, aos meus colegas de diretoria, à brilhante equipe que me acompanhou nesses anos e aos muitos amigos que fiz no setor audiovisual.

Gostaria de ter um segundo mandato na agência?

Não neste momento. Quem sabe no futuro...?

Como vê a atuação da ANCINE junto ao mercado exibidor agora e no futuro?

Nós introduzimos muitas mudanças na regulação e no fomento à exibição que só estarão plenamente ativas neste ano. Quero tentar ajudar o setor a entender essas mudanças e as possibilidades que elas trazem. Ainda não houve uma apropriação nesse sentido.

Mudamos completamente a maneira como se pode utilizar recurso de patrocínio captado junto às empresas para ajudar na implementação e na sustentabilidade dos complexos de exibição. Também serão lançadas linhas novas de crédito e investimento no FSA que contemplarão os pequenos e médios exibidores, e uma linha de estímulo a faixas de programação de obras brasileiras. Essas e outras ações precisam ser melhor conhecidas para que os exibidores operem com toda a potencialidade. Não podemos deixar que se opere uma concentração além do desejado nesse setor, muito menos uma desnacionalização.

A exibição tem um papel de extrema relevância no mercado audiovisual e precisamos buscar novos motores de expansão. Salas de cinema são a plataforma de lançamento das obras, são o espaço privilegiado de formação de público, são a grande experiência coletiva de fruição que dá grandeza à atividade. Precisamos de brasileiros ocupando esse espaço pelo fortalecimento econômico e pela soberania cultural.

Qual o principal legado que espera deixar para a ANCINE e o mercado audiovisual?

Acho pretensioso falar em legado. Não sei se deixamos legados por aí. Sei que, no processo coletivo e histórico de construção dessa grande experiência de política pública, contribuí com o melhor de mim e aprendi demais. A ANCINE foi decisiva na estruturação de uma economia do audiovisual no Brasil ao longo dos últimos 15 anos, 11 dos quais eu vivi intensamente. Acho que esse é o legado que todos estamos deixando para o País: uma economia ainda incipiente e frágil, mas independente, criativa, que realiza obras e também gere propriedade intelectual, que busca um lugar soberano no mundo. Nessa medida, acho que nosso legado também é de cidadania.

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