10 Janeiro 2018 | Fernanda Mendes e Vanessa Vieira
Débora Ivanov aponta seu legado na ANCINE e afirma que não quer 2º mandato
Executiva fica na diretoria até 2019
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Com vasta experiência no mercado audiovisual, Débora Ivanov cumprirá seu mandato na diretoria da ANCINE até 2019. Na agência, a advogada e também produtora, realizou algumas mudanças cruciais, como uma gestão baseada no diálogo. “Isso é uma postura que já não tem volta”, contou em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor. Atuando como diretora-presidente em exercício até a indicação de Christian de Castro para o cargo, Débora participou este ano do MAX - Minas Gerais Audiovisual Expo, onde apresentou os projetos para o setor e tirou as dúvidas do público.
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Para os próximos anos, a executiva pretende aprimorar ainda mais as linhas de crédito do Fundo Setorial Audiovisual (FSA) e revisitar as instruções normativas de direitos, que, por terem sido criadas em momentos diferentes, acabam tendo conflitos entre si.
Apesar de sua gestão bastante positiva e com tantas ações que ajudaram e ajudarão a movimentar ainda mais o mercado audiovisual, Débora afirma que não gostaria de assumir um segundo mandato na ANCINE. “Eu voltarei para o mercado, que é o meu lugar”. Além das mais de 60 obras audiovisuais produzidas em sua carreira, a profissional já foi eleita diretora executiva do Sindicato da Indústria do Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP), foi membro do Conselho Consultivo da SPCine, e indicada pelo Conselho Superior do Cinema como membro titular do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual.
Confira abaixo a entrevista na íntegra com Débora Ivanov. O conteúdo faz parte da série de entrevistas do Portal Exibidor com a diretoria colegiada da ANCINE.
Como você avalia seu tempo de trabalho na ANCINE?
No meu primeiro um ano e meio como diretora, sendo a minha primeira vez na administração pública, aprendi muito como funciona a casa, como funciona a administração pública, e me senti mais à vontade para lutar pelos objetivos que me trouxeram até aqui. Assim que assumi esse novo ciclo de gestão, a principal marca que eu queria implantar, e acho que estou conseguindo, é uma gestão calcada no diálogo com o setor. O diálogo, para mim, é o principal instrumento de transformação e de crescimento para que a gente possa construir uma política pública que seja um aperfeiçoamento do que a gente conquistou até aqui, e que a gente possa sofisticar ainda mais todos os instrumentos de crescimento para o setor.
Quais os próximos desafios e objetivos até o fim do seu mandato?
Nós já tomamos muitas medidas para aprimorar o Fundo Setorial, como, por exemplo, maior investimento em distribuição, reaver as linhas de crédito para a expansão do parque exibidor, oferecer linhas de crédito para infraestrutura de produção e pós-produção e desenhar uma linha de crédito também para fluxo de caixa para qualquer investimento no setor audiovisual. Outro desafio é a desburocratização, para a gente ganhar maior agilidade, com ações que já estão em curso junto com os servidores e começar o diálogo sobre os pontos que vamos mudar em janeiro. Também está na nossa pauta revisitar as instruções normativas de direitos, que hoje são conflitantes, pois foram criadas cada uma em um momento histórico. Então, precisamos harmonizar e simplificar, porque hoje nós temos muitas INs, o que torna esse ambiente muito complexo para os produtores, distribuidores e programadores. Outro objetivo é continuar fortalecendo as ações regionais, e outras ações que também são muito importantes, como retomar a nossa ação de combate à pirataria, promover políticas de acessibilidade às salas de cinema e investir na capacitação do setor.
Gostaria de ter um segundo mandato na agência?
Não, eu venho do mercado, fui muito bem-sucedida na minha atividade profissional, vim para cá porque sempre contribuí com as políticas públicas através da minha participação em sindicatos e associações, e entendi que seria o momento de eu, a pedido do setor, vir para a Agência para que pudesse ter uma voz de quem atuava no mercado, para contribuir com a política pública. Aceitei essa missão, ela tem a duração de quatro anos e acho que vai ser o suficiente para promover uma série de reformas que eu acredito, e o suficiente também para aplacar esse meu desejo de contribuir com a política pública. Desta forma, eu volto para o mercado, que é o meu lugar.
Como pretende atuar junto ao mercado exibidor em 2018?
Fiquei muito feliz quando conseguimos ampliar a possibilidade de usar o artigo 1ºA (Leis de Incentivo para o Mercado Exibidor). Acho que foi um avanço que tivemos. Retomar e ampliar as linhas de crédito para o parque exibidor está na nossa meta de 2018, além de aprimorar o sistema de cotas, que está em discussão nesse momento. Hoje temos um sistema que acompanha dia a dia, sessão por sessão, o que se configurou uma conquista bastante desejada e muito trabalhosa para nós construirmos aqui na Agência. Esse sistema nos permite um acesso total e, portanto, uma maior sofisticação no sistema de cotas, entendendo que a multiprogramação, após a digitalização, não é só uma tendência, é uma realidade sem volta. Esse ano também lutamos muito e ficamos bastante satisfeitos com a renovação do Recine e da Lei do Audiovisual até 2019. Há muito espaço para crescermos e essa é uma ação fundamental e estratégica para o setor.
Qual o principal legado que espera deixar para a ANCINE e o mercado audiovisual?
Acho que o principal legado que eu gostaria de deixar é o que eu sempre sonhei e lutei antes de chegar aqui na Agência: manter o diálogo como um eixo central para o desenvolvimento do setor. Na minha gestão, eu abri o diálogo com mais de vinte entidades e as portas estão abertas para todos que quiserem vir conversar e contribuir para que a nossa Ancine possa ter um papel de mediação. Isso é uma postura que já não tem volta. O setor está muito animado, temos reuniões semanais com diversos elos da cadeia e, como consequência desse diálogo, estamos promovendo uma série de mudanças. E, por último, aprimorar o Fundo Setorial do Audiovisual, um processo que já está bem avançado. Esse é o objetivo de todos nós, o mercado no sentido mais amplo: salas de cinema, programadoras de TV, games, plataformas de VOD e o que mais surgir no futuro.
Leia também as entrevistas realizadas com a ex-diretora da ANCINE, Rosana Alcântara, e o atual diretor Alex Braga.
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