03 Julho 2024 | Yuri Codogno
Mesmo em cenário desafiador, Brasil perde apenas 5% de público no primeiro semestre do ano
Foram quase 54 milhões de ingressos vendidos até o momento
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Desde o final do ano passado, o mercado já estava ciente de que 2024 seria um ano mais complicado para os exibidores, visto que muitas produções deste ano precisaram ser adiadas para 2025 por causa das greves conjuntas que pararam a indústria por meses. Mesmo com a ausência de tantos blockbusters, porém, é possível ser otimista em relação ao resultado da bilheteria no Brasil, visto que o público caiu apenas 5,4% no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado.
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Os números foram retirados hoje (3) do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), da Ancine, atualizado no dia 26 de junho, que mostra que foram 49,8 milhões de ingressos vendidos no período. Soma-se a isso os números da Comscore do último final de semana, que aponta que foram feitas mais 4,1 milhões de vendas entre 27 e 30 de junho. Assim, o público do semestre é de 53,9 milhões, um pouco abaixo dos 57 milhões dos seis primeiros meses de 2023.
Quando comparamos as rendas dos primeiros semestres de 2023-24, o ano passado também leva uma pequena vantagem: R$ 1,13 bilhão e R$ 1,06 bilhão, uma queda de 6,1%.
Em outra comparação, agora com o último ano antes da pandemia, os valores de renda e público também continuam defasados. Em 2019, os seis primeiros meses tinham vendido 86 milhões de ingressos, para um faturamento de R$ 1,39 bilhão. Com isso, observa-se uma queda acentuada de 37,3% no público e de 23,7% na renda nos números de 2024. A importante diferença percentual observada entre público e renda se deve à inflação acumulada de cinco anos e ingressos mais caros do que há meia década.
Apesar disso, vale frisar novamente: já sabíamos que seria um ano complicado e que possivelmente ficaria abaixo do que foi em 2023, mas caímos menos do que o esperado. Muito disso se deve ao sucesso dos filmes nacionais, especialmente nos três primeiros meses do ano, quando tivemos três filmes superando a marca de um milhão de ingressos vendidos, sendo eles Minha Irmã e Eu (Downtown/Paris), Os Farofeiros 2 (Downtown/Paris) e Nosso Lar 2 - Os Mensageiros (Disney). A última vez que um longa brasileiro conseguiu fazer isso foi na virada de 2019 para 2020, com o lançamento de Minha Mãe é Uma Peça 3.
Os três filmes, inclusive, estão entre os quinze maiores públicos do ano. Aproveite para ver os longas dessa lista, segundo a Comscore:
- - Divertida Mente 2 (Disney): 10,6 milhões;
- - Planeta dos Macacos: O Reinado (Disney): 2,89 milhões;
- - Todos Menos Você (Sony): 2,16 milhões;
- - Kung Fu Panda (Universal): 2,14 milhões;
- - Godzilla e Kong: O Novo Império (Warner): 2,14 milhões;
- - Aquaman 2: O Reino Perdido (Warner): lançado ano passado, vendeu 2,09 milhões esse ano (total de 4 milhões);
- - Wish: O Poder dos Desejos (Disney): 1,95 milhão;
- - Os Farofeiros 2: 1,87 milhão;
- - Minha Irmã e Eu: lançado ano passado, vendeu 1,81 milhão esse ano (total de 2,28 milhões);
- - Bad Boys: Até o FIm (Sony): 1,86 milhão;
- - Garfield - Fora de Casa (Sony): 1,8 milhão;
- - Nosso Lar 2 - Os Mensageiros: 1,8 milhão;
- - Duna: Parte Dois (Warner): 1,56 milhão;
- - Bob Marley: One Love (Paramount): 1,24 milhão;
- - Patos! (Universal): lançado ano passado, vendeu 1,21 milhão (total de 1,35 milhões).
Ainda sobre o sucesso do cinema nacional neste ano, apesar de serem apenas três filmes entre os 15 com mais ingressos vendidos, o market share do semestre está muito mais alto do que o mesmo período do ano passado. Como destacamos no Dia do Cinema Nacional, naquele momento a venda para filmes brasileiros estava 1.100% maior do que nos seis primeiros meses de 2023.
Nessas duas últimas semanas, entretanto, houve uma pequena queda - muito graças aos milhões de ingressos vendidos para Divertida Mente 2 -, fazendo com que o cinema nacional fechasse o semestre com 13% de market share. Dos 53,9 milhões de ingressos vendidos no ano, 7 milhões foram para filmes brasileiros.
No ano passado, foram apenas 0,6 milhão de público destinado ao cinema brasileiros, representando somente 1% do market share. Comparando os espectadores dos dois anos, temos 1.066% de melhora em 2024. Comparado com os mesmo meses de 2019, porém, ainda está 122% abaixo dos 8,6 milhões de ingressos vendidos no período.
Os números, entretanto, tendem a melhorar a curto-médio prazo, visto que no final do mês passado foi sancionado o retorno da Cota de Tela para o cinema nacional. Mas vale lembrar que, sozinha, ela não conseguirá muitas mudanças, sendo necessárias políticas públicas que favoreçam todos os elos da indústria.
Desta forma, os dez filmes brasileiros mais assistidos até o momento, sem contar os três vistos no ranking anterior, são:
- - Mamonas Assassinas - O Filme (Imagem Filmes): 546 mil (lançado final do ano passado, soma 862 mil);
- - Príncipe Lu e a Lenda do Dragão (H2O Films): 207 mil;
- - Turma da Mônica Jovem - Reflexos do Medo (Imagem Filmes): 202 mil;
- - Férias Trocadas (Downtown/Paris): 121 mil;
- - Dois É Demais em Orlando (H2O Films): 72 mil;
- - Tô de Graça - O Filme (Downtown/Paris): 63,9;
- - Jorge da Capadócia (Downtown/Paris): 40 mil;
- - Uma Família Feliz (Pandora Filmes): 39 mil;
- - Grande Sertão (Downtown/Paris): 37,3;
- - Dona Lurdes, o Filme (distribuição da Cinemark, em parceria com a Globoplay): 37 mil.
Para o futuro, o Brasil conta com ótimos lançamentos planejados para o segundo semestre. Considerando os blockbusters, além de Um Lugar SIlencioso - Dia Um (Paramount), que estreou semana passada com ótimos números e deve se manter bem por um tempo, temos Meu Malvado Favorito 4 (Universal), Twisters (Warner), Deadpool & Wolverine (Disney), Os Fantasmas Ainda se Divertem (Warner), Transformers: O Início (Paramount), Coringa: Delírio a Dois (Warner), Venom 3 (Sony), Gladiador 2 (Paramount), Moana 2 (Disney) e Mufasa (Disney).
No cinema nacional, os olhos estão voltados para O Auto da Compadecida 2 (H2O Films), mas ele estreia apenas na última semana do ano, então sua bilheteria deve ser mais sentida em 2025. Além deste, algumas das apostas brasileiras são Estômago 2 (Downtown/Paris), Silvio (Imagem FIlmes) e Tudo Por um Popstar 2 (Disney).
Por outro lado, na América do Norte…
Se a queda em nosso território não foi tão sentida assim, não podemos dizer o mesmo da América do Norte. Enquanto o primeiro semestre de 2023 registrou aproximadamente US$ 4,4 bilhões, os seis primeiros meses de 2024 arrecadaram apenas US$ 3,5, uma queda abrupta de 20%. Ambos os números são do portal Box Office Mojo.
Os dez filmes que mais arrecadaram na região foram: Divertida Mente 2 (US$ 469,4 milhões), Duna: Parte Dois (US$ 282,1 milhões), Godzilla e Kong: Novo Império (US$ 196,3 milhões), Kung Fu Panda 4 (US$ 193,5 milhões), Planeta dos Macacos: O Reinado (US$ 168,1 milhões), Bad Boys: Até o Fim (US$ 165,5 milhões), Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Sony) (US$ 113,3 milhões), Amigos Imaginários (Paramount) (US$ 109,8 milhões), Bob Marley: One Love (US$ 96,8 milhões) e O Dublê (Universal) (US$ 90,9 milhões).
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