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19 Junho 2024 | Yuri Codogno

Venda de ingressos para filmes nacionais é 1100% superior a do ano passado

Até o momento, o público do cinema brasileiro em 2024 é de 6,88 milhões de pessoas

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(Foto: Divulgação)

Depois de quase meia década em baixa, com resultados bem aquém dos números que obteve em um passado recente, o cinema nacional vem recuperando seu espaço e prestígio em 2024. E usando hoje (19), o Dia do Cinema Brasileiro, como gancho, o Portal Exibidor apresenta um material de como os filmes brasileiros estão se saindo nas sessões cinematográficas neste ano.



Os dados foram retirados hoje do painel interativo “Indicadores do Mercado de Exibição", dentro do Observatório do Cinema e do Audiovisual (OCA), da Ancine. Sua última atualização foi no dia 12 de junho, ao fim da 23ª semana cinematográfica de 2024. 

Neste ano, foram vendidos 41,24 milhões de ingressos no Brasil, com 6,88 milhões sendo destinados exclusivamente para os filmes brasileiros. Em renda, são R$ 804,67 milhões, com R$ 132,27 milhões oriundos das produções brasileiras. O cinema nacional representou 16,7% de todo público e 16,4% de toda renda de 2024 até o momento. 

Levando em consideração os números de ingressos vendidos até a 23ª semana de cada ciclo, 2024 tem os melhores índices dos últimos quatro anos: 2018 (16,9 milhões de ingressos vendidos), 2019 (8,6 milhões), 2020 (8,9 milhões), 2021 (0,1 milhão), 2022 (2,7 milhões) e 2023 (0,6 milhão). Com isso, estamos 1100% melhor do que ano passado, mas quase 60% menor do que o ano de 2018.

Por curiosidade, os números de ingressos vendidos entre 2018-23, considerando os doze meses de cada ano, foram: 2018 e 2019 (23 milhões cada), 2020 (9 milhões), 2021 (1 milhão), 2022 e 2023 (4 milhões cada).

Em 2024, o cinema nacional começou com um impulsionamento que não era visto desde a virada de 2019 para 2020, quando Minha Mãe é Uma Peça 3 estava em cartaz. Em janeiro, por exemplo, a venda de ingressos esteve 2.200% acima do mesmo período do ano passado. Isso porque nos três primeiros meses do ano, três filmes brasileiros conseguiram o que não acontecia desde antes da pandemia: ultrapassar um milhão de ingressos vendidos, feito realizado por Minha Irmã e Eu (Downtown/Paris), Nosso Lar 2: Os Mensageiros (Disney) e Os Farofeiros 2 (Downtown/Paris).

Os meses seguintes, entretanto, não foram tão positivos assim, com nenhum outro filme brasileiro conseguindo sequer chegar a meio milhão de ingressos vendidos. Apesar disso, a venda para o cinema nacional entre abril, maio e junho continua acima do que o mesmo trimestre do ano passado. Considerando apenas os lançamentos do período, está 200% maior do que em 2023.

Entre os 100 filmes de maior público este ano, são 17 nacionais:

  • - Os Farofeiros 2: 1,876 milhão de ingressos vendidos;
  • - Minha Irmã e Eu: 1,816 milhão (lançado final do ano passado, totaliza 2,285 milhões);
  • - Nosso Lar 2: Os Mensageiros: 1,611 milhão;
  • - Mamonas Assassinas - O Filme (Imagem Filmes): 546 mil (lançado final do ano passado, soma 862 mil);
  • - Príncipe Lu e a Lenda do Dragão (H2O Films): 207 mil;
  • - Turma da Mônica Jovem - Reflexos do Medo (Imagem Filmes): 202 mil;
  • - Férias Trocadas (Downtown/Paris): 121 mil;
  • - Dois É Demais em Orlando (H2O Films): 72 mil;
  • - Jorge da Capadócia (Downtown/Paris): 40 mil;
  • - Uma Família Feliz (Pandora Filmes): 39 mil;
  • - Dona Lurdes, o Filme (nos últimos anos distribuição da Cinemark, em parceria com a Globoplay): 37 mil;
  • - Aumenta que é Rock’n’Roll (H2O Films): 26 mil;
  • - Grande Sertão (Downtown/Paris), 25 mil (ainda em cartaz);
  • - Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo (Synapse Distribution): 24 mil;
  • - Nada Será com Antes - A Música do CLube da Esquina (Vitrine Filmes): 21 mil;
  • - Meu Sangue Ferve Por Você (Manequim Filmes): 19 mil (ainda em cartaz);
  • - Morando com o Crush (Downtown/Paris): 19 mil (ainda em cartaz).

Em tempo, vale lembrar que Evidências do Amor (Warner) não é considerado pela Ancine um filme nacional (apesar de ser) por conta de uma questão técnica, pelo seu alto investimento estrangeiro. O longa fez 293 mil ingressos, mas seus números NÃO estão contabilizados nas porcentagens, que são retiradas diretamente do OCA. 

Dessa lista, uma preocupação é que poucos filmes conseguiram chegar a 100 mil ingressos vendidos, número um pouco mais comum para algumas produções nacionais de menor apelo antes da pandemia. Considerando os 18 filmes nacionais (os da lista + o da Warner), apenas oito superaram os 100 mil, enquanto três deles estão no ranking dos dez filmes mais vistos no ano, nas posições 7, 8 e 10. 

Por fim, em 2024 foram realizadas 1,796 milhão de sessões no Brasil. Dessas, 313,9 mil foram para filmes nacionais (17,9%). A média por sessão é de 23 pessoas, mas baixa para 22 quando levamos em consideração apenas o cinema nacional. Vale destacar que, embora a Cota de Tela tenha sido aprovada no início do ano, sua regulação ainda não foi validada, assim os cinemas seguem operando sem sua obrigatoriedade.

Performance dos filmes nacionais preocupa exibidores 

Se o desempenho dos filmes nacionais foi motivo de comemoração no primeiro trimestre, os números dos últimos três meses preocupam a ABRAPLEX (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex) e a FENEEC (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas), que juntas representam 100% das exibidoras que atuam no Brasil. Segundo ambas, há preocupação sobre o desempenho dos filmes nacionais para o segundo semestre.

“Os cinemas têm oferecido uma boa cobertura de salas, oferta adequada de sessões para os filmes nacionais, além de promoções para incentivar o público a comparecer aos multiplex. Algumas redes, inclusive, realizam ações focadas na venda de ingressos para os filmes brasileiros. Na cine-semana que se iniciou no dia 13 de junho, por exemplo, dois longas nacionais ocuparam cerca de 800 sessões, porém ambos ficaram de fora da lista dos dez mais vistos no final de semana. Com a perspectiva de retomada completa do setor somente para 2027, por conta do gargalo de filmes que não foram lançados ao longo da pandemia e, posteriormente, a greve em Hollywood, os exibidores temem que esse prazo se estenda ainda mais”, ressaltou a nota enviada à imprensa.

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