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05 Julho 2023 | Yuri Codogno

Brasil registra aumento de 25% de público no primeiro semestre de 2023

Apesar de estar bem acima dos seis primeiros meses de 2022, exibição de filmes nacionais ainda preocupa

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(Foto: Divulgação)

O Brasil está recuperando o seu público no cinema e aos poucos se aproxima dos números de 2019, quando o setor obteve o seu recorde de espectadores nas salas escuras. Os seis primeiros meses de 2023 são prova disso, visto que acumulam 55,6 milhões de ingressos vendidos, um aumento de 25% em relação aos 44,5 milhões do primeiro semestre do ano passado. Os valores foram retirados hoje (5) do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), um banco de dados da Ancine.

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Além disso, a bilheteria de 2023 até o momento está em R$ 1,1 bilhão, 26,4% acima dos R$ 870 milhões arrecadados nos seis primeiros meses de 2022. Apesar das boas notícias, precisamos também comparar com os números de 2019, o último ano antes da crise sanitária global que teve público de 172,2 milhões e R$ 2,7 bilhões em arrecadação.

Com isso, observa-se que, apesar do constante crescimento, 2023 está longe de igualar 2019, visto que está em 32,2% do público e 40,7% da arrecadação daquele ano, bastante longe dos 50% ideais para esses seis primeiros meses. A grande diferença da porcentagem entre público e bilheterias, aliás, em parte se explica pelo valor do ingresso relativamente mais caro em 2023 do que em 2019, que atualmente está em R$ 18,35.

Em relação aos filmes mais assistidos até o momento, o líder é Super Mário Bros (Universal), com 6,3 milhões de espectadores. O ranking dos dez longas com mais ingressos vendidos se completam com: Velozes e Furiosos 10 (Universal) (5,9 milhões), Gato de Botas 2 (Universal) (5,2 milhões), Avatar 2 (Disney) (4,8 milhões), Guardiões da Galáxia 3 (Disney) (4,1 milhões), A Pequena Sereia (Disney) (3,5 milhões), Homem-Formiga 3 (Disney) (2,6 milhões), Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Sony) (2,4 milhões), John Wick 4 (Paris Filmes) (2,3 milhões) e M3gan (Universal) (1,7 milhão). 

A negativa, como o Portal Exibidor vem alertando desde o ano passado, são os filmes nacionais. Do R$ 1,1 bilhão arrecadado, apenas R$ 563,3 mil são oriundos dos ingressos vendidos para as produções brasileiras, representando somente 1,01% do market share. Em arrecadação, são apenas R$ 9 milhões - ou 0,81% da bilheteria do primeiro semestre. Deste modo, aconteceu o (in)imaginável: está pior do que os 4% registrados durante os doze meses de 2022.

Os filmes brasileiros mais assistidos até o momento são: Desapega (Imagem Filmes) (150,5 mil), Ninguém é de Ninguém (Sony) (132,5 mil), Chef Jack, o Cozinheiro Aventureiro (Sony) (50,8 mil), Enaldinho e o Mistério da Lagoa (Imagem) (47,5 mil), Nas Ondas da Fé (Imagem) (36,1 mil), Perlimps (Vitrine) (12,3 mil), Fervo (Disney) (11,3 mil), La Situación (Disney) (8,998 mil), Andança - Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho (TVZero) (8,995 mil), a reexibição de Marte Um (Embaúba Filmes) (7,2 mil) e Noites Alienígenas (Vitrine) (6,7 mil). Desta forma, o filme nacional melhor colocado está em 33º na lista das exibições mais vistos do ano, atrás inclusive do show da banda BTS.  

Se compararmos o número de ingressos vendidos para filmes nacionais em 2023 com o primeiro semestre do ano anterior, a situação ainda é mais preocupante. Nos seis primeiros meses de 2022, 2,7 milhões de vendas foram realizadas, cerca de cinco vezes mais do que este ano. Naquele momento, representava mais de 6% do market share dos espectadores.

Não por menos, a produção do cinema nacional é uma das grandes preocupações da Ancine e é uma das prioridades da agência para o biênio de 2023 e 2024

Voltando ao aspecto geral da bilheteria nacional, se o país quiser manter o crescimento, vai ter que trabalhar duro neste mês de julho. Ano passado, julho foi disparado o mês que mais teve público, com cerca de 14 milhões de espectadores. Em 2023, o melhor mês até então foi maio, com 12 milhões de ingressos vendidos. 

Para isso, o mês de julho conta com pelo menos três grandes blockbusters que possuem alto potencial para públicos elevadíssimos: Missão Impossível 7 (Paramount), Barbie (Warner) e Oppenheimer (Universal), além de outras estreias mais de nicho que certamente serão de suma importância para superar o número de espectadores do ano passado.

Em uma projeção para a arrecadação até o fim do ano, se os números do primeiro semestre se repetirem nos seis últimos meses de 2023, teremos 111,2 milhões de ingressos vendidos e R$ 2,2 bilhões em arrecadação, o que superaria os 95,6 milhões e R$ 1,825 bilhão de 2022. Novamente, essa não é uma projeção oficial, mas sim baseada nos números obtidos na primeira metade do ano.

América do Norte

Por incrível que pareça, a bilheteria brasileira está - ao menos em porcentagem - avançando um pouco mais do que a arrecadação nos Estados Unidos e Canadá, em comparação com o primeiro semestre do ano anterior. Enquanto por aqui tanto as cifras quanto o público estão cerca de 25% maiores, na América do Norte o acréscimo foi de 20,8%.

Segundo números do Box Office Mojo, os seis primeiros meses de 2022 arrecadaram US$ 3,69 bilhões, enquanto o primeiro semestre de 2023 registrou US$ 4,46 bilhões.

Os dez filmes que mais arrecadaram na região foram: Super Mario Bros (US$ 573,5 milhões), Guardiões da Galáxia 3 (US$ 355,4 milhões), Através do Aranhaverso (US$ 343,4 milhões), Avatar 2 (US$ 283 milhões, lembrando que boa parte de sua receita foi em 2022), A Pequena Sereia (282,4 milhões), Homem-Formiga 3 (US$ 214 milhões), John Wick 4 (187,1 milhões), Creed 3 (Warner) (US$ 156,2 milhões), Velozes e Furioso 10 (US$ 145,5 milhões) e Transformers: O Despertar das Feras (Paramount) (US$ 138.1 milhões).

Global

O panorama global, porém, ainda não tem números totalmente definidos de arrecadação neste primeiro semestre. Porém vale ressaltar que, após o relatório da UNIC que revelou que a arrecadação global saltou 27% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, a Gower Street Analytics (empresa expert na análise do mercado de cinema) aumentou sua previsão de bilheteria mundial de 2023 para US$ 32 bilhões, 10% acima da estimativa inicial de US$ 29 bilhões anunciada em dezembro. 

No ano passado, a arrecadação global ficou em US$ 26 bilhões, de modo que a nova previsão faça com que a bilheteria mundial possa crescer 23% em relação a 2022, porcentagem que estaria de acordo com a observada nos cenários brasileiro e da América do Norte. 

Vale destacar que o cinema chinês vem recuperando sua força neste ano, após enfrentar uma fortíssima onda da Covid-19 no final do ano passado. Exemplo disso é que, das 26 cine-semanas de 2023, ao menos uma produção da China figurou no ranking das mais vistas mundialmente em 22 ocasiões, com três finais de semana liderados por filmes chineses.

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