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30 Março 2021 | Renata Vomero

Apostas do mercado: o que o público desejará assistir depois da pandemia

Profissionais acreditam na força de títulos escapistas e leves

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Cena do filme "Contágio", de 2011 (Foto: Warner)

Depois de um ano de pandemia, vacinas em mãos e uma fresta de normalidade se mostrando no horizonte, o mercado começa a especular não só como serão os formatos de lançamento no futuro pós-pandemia, mas também sobre o que o público estará mais ávido para assistir quando, finalmente, tudo isso passar. No fim das contas, esta é a tal pergunta de um milhão de dólares.

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Quando o coronavírus começou a se tornar uma ameaça para o mundo, ainda em janeiro, o filme Contágio (Warner), que conta a história de um vírus perigoso que mata 26 milhões de pessoas na terra, se tornou um dos títulos mais procurados no Google e também entre os mais assistidos nas plataformas em que estava disponível.

Em 2019, a produção de 2011, estava na 270ª posição no ranking entre os títulos do catálogo da Warner disponíveis em streaming ou VOD. Em 2020, Contágio ficou na segunda posição. No entanto, depois de meses vivenciando um pouco da realidade que o filme traz, o mundo parece estar buscando outros tipos de conteúdos para assistir.

A aposta do mercado está nas produções mais leves, humoradas e escapistas, havendo espaço para os blockbusters de heróis ou outros títulos que nos transportem para fora da nossa realidade. Afinal, o público precisa se alegrar, e com razão, depois de tudo o que o mundo vem passando.

“Neste momento, deveríamos trazer histórias felizes, de sucesso, de superação, histórias que nos tragam esperança, e uma visão de mundo melhor. O mundo real já trouxe muita preocupação, insatisfação, frustração e muita tristeza em diversas áreas - do ponto de vista econômico, político, social, na saúde especialmente, com tantas perdas, com tantas mortes. Eu acho que com o cinema, com a televisão e com as plataformas, a gente tem tudo para ajudar a alegrar um pouco o nosso público, a trazer uma reflexão de como podemos ajudar a melhorar o mundo”, opinou Fabiano Gullane, sócio-fundador da Gullane Entretenimento, no especial Perspectivas 2021, realizado pelo Portal Exibidor.

Tendo isto em vista, possivelmente as produções que retratem realidades semelhantes à crise do coronavírus talvez não sejam tão bem recebidas pelo público. Se já houve uma expectativa para um Contágio 2, agora ela não é tão real.

“A última coisa que a audiência quer assistir são histórias de pessoas isoladas ou usando máscaras. As pessoas estão cansadas da pandemia. Eu não acho que você vai ver muitos filmes que são explicitamente sobre Covid”, comentou Jason Blum, fundador da Blumhouse, em entrevista à Variety.

No entanto, é possível que o tema covid não seja central nas histórias, mas ainda faça um pano de fundo para elas, principalmente as narrativas que pretendem trazer realismo para as telas, como alguns dramas contemporâneos. É o caso do que está acontecendo com a série This is Us e até mesmo a atual novela das nove da Rede Globo, Amor de Mãe. Nenhuma delas deixou os dramas pessoais dos personagens de lado, apenas os abraçaram em meio à pandemia.

“Acredito que a pandemia não vai ser o foco dos projetos, não é o que as pessoas vão buscar, mas ela vai estar nas histórias de qualquer forma, nas histórias contemporâneas, seja numa comédia romântica, seja no que for, isso de alguma forma estará inserido numa dramaturgia”, refletiu a produtora Iafa Britz também no especial Perspectivas 2021.

Outro fator que pesa na balança é o streaming, que se tornou o grande protagonista neste momento. Com ele, surgiu a popularização de gêneros deixados de lado há um tempo nos cinemas, como as comédias românticas e produções de médio orçamento, além dos documentários, que ganham cada vez maior visibilidade.

Ainda é possível que toda essa transformação no consumo de entretenimento doméstico se reflita nos próximos anos da produção cinematográfica ou talvez alguns gêneros sigam restritos a estes serviços, enquanto o cinema segue apostando em grandes produções.

De qualquer maneira, o sucesso de alguns títulos família, como Tom & Jerry: O Filme e Raya e o Último Dragão mostram essa tendência se fortalecendo. E se precisamos olhar para os blockbusters, o que vem se desenhando para Godzilla vs. Kong mostra exatamente isso, uma produção que tire as pessoas da realidade do momento. Não à toa, já faturou mais de US$120 milhões no mercado internacional. Esses resultados também trazem resposta aos estúdios que vem segurando seus grandes títulos à espera do melhor momento para o público apreciá-los, o match perfeito.

A gente finaliza, então, o texto com a pergunta: e você, o que mais tem vontade de assistir quando passarmos por tudo isso?

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