28 Abril 2023 | Renata Vomero
CinemaCon encerra edição histórica tendo “confiança” como o mote para 2023
Evento terminou nesta quinta-feira (27) com mais apostas dos estúdios e encontros de estrelas
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A CinemaCon terminou nesta quinta-feira (27) nesta que talvez tenha sido a sua edição mais relevante dos últimos anos. Não só por ser aquela mais próxima da normalidade depois da crise, mas também por trazer de volta uma antiga sensação de confiança entre os profissionais e executivos da indústria.
Esta confiança esteve na fala de distribuidores e exibidores, não só na certeza de que o “cinema veio para ficar”, como também de que este voltou a ser o centro da atenção, a nave-mãe da indústria, inclusive dos serviços de streaming, como pontuou diversas vezes o próprio John Fithian, presidente da NATO até 1 de maio.
A informação dita repetidamente nos painéis e palcos foi a já sabida de que os filmes têm melhor performance nas próprias plataformas se antes forem lançados exclusivamente nos cinemas. E estes filmes, claro, se beneficiam de uma janela exclusiva de cinema.
O streaming também esteve presente pela primeira vez nas apresentações dos estúdios, tanto Sony, quanto Paramount contam com lançamentos da Apple em seus line-ups e estes não são nem um pouco fracos, trata-se dos próximos lançamentos de Ridley Scott e Martin Scorsese, com Napoleão e Killers of The Flower Moon, respectivamente.
Aliás, Scorsese marcou presença nesta edição não apenas na apresentação da Paramount, que será responsável pela distribuição de cinema de seu filme, mas também em um encontro especial em que era o principal convidado.
E não só isso, quem o entrevistou foi ninguém mais, ninguém menos do que Leonardo DiCaprio, protagonista de Killers of The Flower Moon e parceiro de longa data do cineasta. Ambos tiveram uma conversa de cerca de meia hora em que falaram sobre o filme e as influências de Scorsese, que estão na Nouvelle Vague e em Cidadão Kane.
Scorsese pediu que os exibidores dessem mais espaço para filmes independentes, por serem a porta de entrada de cineastas e cinéfilos na indústria. Aqui vale um parêntesis, porque esta foi também uma questão apontada nas demais conversas, justamente nessa aposta em filmes independentes e de médio orçamento para garantir frequência nos cinemas e volume de lançamentos na programação. Fecha parêntesis.
Além disso, o cineasta colocou como uma das urgências “fazer com que os jovens aproveitem a experiência de cinema com uma tela maior e mais envolvente do que os filmes que assistem em casa”, contou.
Martin Scorsese não é só um dos maiores cineastas da história como um ativista feroz pela memória audiovisual global. Ele é o fundador da The Film Foundation, uma associação em prol da restauração e preservação do acervo cinematográfico global.
Com tudo isso na mesa, ele recebeu ontem o primeiro prêmio Legend of Cinema, agora chamado Martin Scorsese Legend of Cinema Awards, nada mais merecido, inclusive.
Ontem diversos profissionais da indústria também foram premiados, a lista inclui Zendaya, Melissa MacCarthy, Chris Meledandri, o elenco de Joy Ride, Anthony Ramos e Dominique Fishback. Outros nomes também reconhecidos foram a dupla Christopher Nolan e Emma Thomas, companheiros e parceiros na dobradinha direção e produção e donos de alguns dos títulos mais relevantes dos cinemas dos últimos anos, incluindo, A Origem, Interestelar e Tenet.
“Muitas vezes sou acusado de sonhar demais, de nostalgia, de ter devaneios em oposição a um plano de negócios sólido. Levou alguns anos para que todos nós percebêssemos que quando você está falando sobre filmes, sonhar, ter nostalgia e devaneios são o plano de negócios adequado. É o único plano de negócios sólido. Isso é o que os filmes são”, disse o cineasta. As informações são do Deadline e Variety.
Tendo tudo isto em vista, retomamos o início do texto em que evocamos a palavra confiança. A CinemaCon elevou a confiança da indústria em si mesma em diversos aspecto da convelção: no tom de suas conversas, na volta dos parceiros internacionais para Las Vegas, no nível das apostas de cada estúdio para os lançamentos exclusivos nos cinemas – incluindo aí a exibição inédita de The Flash –, na quantidade de estrelas que marcaram presença no apoteótico palco do Coliseu, na imprensa doméstica e internacional em peso – incluindo a Exibidor –, que cobriu em massa as novidades trazidas, e, obviamente, no público final, que parece ter incluído de uma vez por todas a CinemaCon entre os eventos que faz questão de estar atento para ficar por dentro do que vem pela frente nas telonas.
O cinema veio para ficar.
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