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26 Abril 2023 | Yuri Codogno

John Fithian discursa pela última vez como presidente da NATO e enaltece o poder das salas de cinema

Segundo dia da CinemaCon foi marcado pelo tradicional painel State of the Industry

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(Foto: Divulgação)

Durante a pandemia, os estúdios optaram por investir pesado em lançar seus filmes em serviços de streaming, mas o preço foi alto demais e eles vislumbraram suas ações caindo. Agora, porém, estão seguindo pelo caminho oposto e fazendo mais filmes para os cinemas, à medida que reduzem os orçamentos de streaming. 

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E quem não poderia estar mais feliz com a mudança de estratégia é a CinemaCon e todos os exibidores do mundo. O maior evento mundial do mercado de cinema está acontecendo em Las Vegas e ontem (25) teve o clássico painel State of the Industry, em que a NATO (organizadora oficial) faz sua apresentação. As informações são dos portais Screen Daily, Deadline, Variety e Hollywood Reporter.

Diferentemente do tradicional, quando a NATO costuma mostrar os dados sobre a indústria, a apresentação deste ano não focou nos números. O destaque ficou para o último discurso de John Fithian como presidente da NATO (que se aposenta em 1º de maio) em que falou sobre a importância do cinema para o mercado audiovisual.

“Um dos principais temas desta semana é o otimismo. Nosso setor teve um começo incrível em 2023. E por que começamos tão bem? Bem, a explicação é simples: temos mais filmes para exibir. Em 2022, tivemos 71 filmes em mais de duas mil telas. Este ano, teremos mais de 100 e novos títulos estão sendo adicionados de forma constante”, comentou Fithian.

John também lembrou que as bilheterias (sem especificar se é global ou doméstica) deste ano estão 35% mais altas do que as do mesmo período de 2022. Blockbusters, no geral, estão sendo lançados com maior frequência, possibilitando ótimas arrecadações, como os casos de  Avatar 2 (lançado no finalzinho do ano passado), Gato de Botas 2, M3gan, Homem-Formiga 3, Creed 3, Pânico 6, John Wick 4, Dungeons & Dragons e mais recentemente Super Mario Bros

O presidente da NATO aproveitou para reforçar sua visão de que os serviços de streaming nunca irão substituir a experiência dentro do cinema: “Agora é mais irrefutável do que nunca que o cinema é a pedra angular da indústria cinematográfica. Lançar grandes filmes com grandes orçamentos diretamente para plataformas de streaming não é um modelo de negócios sustentável. O retorno do investimento é inexistente”.

A visão de Fithian é comprovada pelo primeiro relatório anual da The Cinema Foundation, que afirma: nove em cada dez pessoas sabem que um filme foi lançado nos cinemas e 50% do público das plataformas têm maior probabilidade de assistir a títulos lançados nos cinemas ao considerar suas opções no  streaming.

Apesar disso, Fithian não diminui a importância dos streamings para a indústria. Pelo contrário, elogiou a iniciativa da Amazon Prime Video e da Apple+ em, cada uma, investir mais de US$ 1 bilhão em lançamentos para o cinema. Enquanto a primeira lançou nas telonas Air: A História por Trás do Logo, a segunda tem Napoleão como sua principal aposta do ano e se prepara para estrear Killers of the Flower Moon.

“As palavras ‘produto’ e ‘conteúdo’ ainda são usadas com muita frequência e diminuem o valor que esse setor oferece. Não estamos no negócio de aplicativos. Estamos no ramo do cinema e os filmes são o que trazemos ao nosso público. Produto é algo que você usa para manter seu cabelo penteado. E o conteúdo faz com que algo pareça descartável; o conteúdo pode ter mudado durante o trânsito. Já os filmes são sobre prazer e o cinema significa poder duradouro e relevância cultural”, concluiu Fithian.

Depois de servir por mais de duas décadas como presidente da NATO, John Fithian deixará o cargo em alta, pois as bilheterias cada vez mais mostram sinais de superação da crise do Covid-19. Os números indicam que 2023 pode até não igualar as marcas de 2019, mas que o setor está no caminho certo (e quem sabe em 2024 iguale ou supere o ano pré-pandêmico) e parte disso é graças aos esforços de Fithian. 

O próprio James Cameron, diretor responsável pelo filme de 2022 com maior bilheteria (Avatar 2), apareceu em vídeo, direto da Nova Zelândia, para agradecer a Fithian por seus anos de serviço e preservação da experiência cinematográfica: “Estou muito feliz em participar de uma semana importante e agridoce, pois esta é a última etapa do trabalho com nosso grande amigo John Fithian. Agradeço a John em nome da comunidade criativa mundial”.

E o respeito ao presidente da Nato não para por aí. “Um de nossos maiores aliados nesta missão [de focar na exibição nos cinemas] e parte integrante desta família global, foi meu amigo John Fithian, cujo impacto e influência na indústria foram verdadeiramente imensuráveis”, disse o presidente e CEO da Motion Picture Association, Charles Rivkin.

Charles continuou: “Sob sua liderança por quase um quarto de século, a NATO trabalhou lado a lado com a MPA em desafios críticos, como a transição da indústria para o cinema digital, uma pandemia que fechou cinemas em todo o mundo e nossa luta contínua contra a pirataria. E durante meu tempo na MPA, confiei regularmente no conselho de John Fithian e em sua crença inabalável na experiência cinematográfica”.

A MPA teve importante participação nas apresentações e antecedeu o discurso de Fithian. Charles, enquanto esteve no palco, ressaltou a recuperação da indústria e também como os filmes que não são blockbusters são importantes para esse processo. Longas como O Urso do Pó Branco, 80 for Brady e Jesus Revolution, que fizeram muito sucesso nos Estados Unidos, demonstraram sua capacidade duradoura de se conectar com todo público imaginável e de atrair mais pessoas para as salas escuras: “Nosso desafio agora é colocar ainda mais filmes em suas telas para o público faminto desfrutar”.

Um ponto importante que Charles tocou é sobre os esforços da MPA para que mais filmes sejam produzidos em mais mercados, com mais autenticidade nas histórias sendo contadas e para um público mais diverso. Para isso, parcerias, reguladores e a indústria local em todo o mundo são passos importantes para a produção global. Como resultado, são esperadas mais políticas e leis de incentivo e, consequentemente, um forte investimento nas produções locais. Importante lembrar: Charles não falou exclusivamente de produções próprias de outros países, mas também como Hollywood pode atuar nessas localidades.

Charles contou um pouco sobre o resultado desses investimentos em diferentes países: na Austrália, o retorno foi de seis dólares para cada dólar investido; no estado de Nova York, o retorno foi de nove por um; no Reino Unido, cada libra esterlina rendeu quase oito. Sem citar números, também comentou sobre os planos e resultados de México, Argentina, Colômbia, Equador, Arábia Saudita, Jordânia, Nova Zelândia, Canadá e Coréia do Sul. 

“Como Jack Conrad disse em Babilônia: ‘Juntos temos que inovar, juntos temos que inspirar. Temos que transformar o hoje em amanhã para que o homem solitário de amanhã possa olhar para a tela e dizer pela primeira vez: ’Eureka! Eu não estou sozinho!’”, concluiu Charles.

Homenagem a Erik Lomis

Em 22 de março deste ano, o mundo cinematográfico foi pego de surpresa quando Erik Lomis, chefe de distribuição da MGM, faleceu repentinamente aos 64 anos. Os estúdios são conhecidos pela rivalidade, mas, neste caso, as diferenças foram deixadas de lado para prestar homenagem ao falecido.

Veterano executivo de distribuição, Erik foi mentor de muitos produtores e cineastas e lançou diversos sucessos de bilheteria e longas aclamados por crítica ao longo de sua carreira. Os estúdios de Hollywood e os donos de cinemas se uniram na terça-feira para homenagear Erik. “Nossa indústria perdeu um de seus executivos mais apaixonados e inteligentes. Ele era diferente de qualquer outro”, disse o presidente de distribuição na América do norte da Paramount, Chris Aronson, que trabalhou durante anos com Lomis na MGM.

Como chefe de distribuição da MGM, Erik estava ajudando a Amazon Studios a se preparar para o lançamento de Air quando faleceu. 

“Eric era amigo de muitos e um mentor para ainda mais pessoas e, francamente, era uma pessoa muito especial. Mas temos que entender que devemos viver a vida para frente. E é assim que Eric queria. Sempre vivendo para a frente, tirando o máximo proveito de cada dia, que geralmente começava antes de quase todo mundo acordar”, continuou Aronson.

John Fithian também disse algumas palavras ao companheiro de profissão: “Estou dedicando esta CinemaCon a Erik Lomis e a todos que ele tocou. Erik treinou, orientou e orientou muitos nesta indústria”.

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