14 Junho 2019 | Renata Vomero
ONU Mulheres e Ancine se unem por um audiovisual igualitário
Parceria tem como objetivo paridade entre gêneros até 2030
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Em meio aos debates e encontros que marcaram o Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual, que aconteceu nesta quinta-feira (13), no Sesc Avenida Paulista, em São Paulo. Um dos momentos mais marcantes foi a Aliança por um Audiovisual 50-50, na qual a ONU Mulheres e a Ancine se juntaram para garantir um cenário igualitário no setor até 2030.
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Representante Interina da ONU Mulheres Brasil, Ana Carolina Querino subiu ao palco para explicar um pouco da atuação da entidade. Segundo ela, a principal iniciativa foi a criação de 17 Objetivos de Desenvolvimento Social (ODS), que “são essenciais para eliminar todas as barreiras de desigualdade que afetam as mulheres”.
Em 2015, o órgão criou o Planeta 50-50, que tem como objetivo desenvolver a igualdade entre todas as mulheres até 2030. “A ideia é não deixar nenhuma mulher para atrás, principalmente, aquelas que já são mais desprivilegiadas nessa questão, como mulheres negras e indígenas”, comentou Ana Carolina. Em Pequim, em 1995, a ONU organizou um congresso para estimular ideias e objetivos que visassem trazer maior equilíbrio de gênero, ano que vem, em comemoração aos 25 anos deste evento, será realizado o Pequim + 25, que atualizará as demandas em torno desta questão.
Ana Carolina, então, comentou o enfoque da ONU Mulheres com relação a representação feminina na mídia e no audiovisual, que disse ser “crucial para reconstruir o imaginário social”. O foco é que as mulheres tenham mais participação na tomada de decisões nas empresas de mídia e entre os profissionais. Uma das estratégias da ONU foi trabalhar com atores não tão comuns no que se trata da luta para essa igualdade, seriam eles os homens e o setor privado: áreas em que o debate acerca disso ainda não existe com tanta força. Eles criaram, portanto, duas frentes, a Pacto de Mídia, que tem como objetivo focar nos veículos de massa para que desconstruam os estereótipos femininos, e o segundo é Aliança sem estereótipos, que tem objetivo semelhante, só que para a publicidade.
Débora Ivanov, que representou a Ancine neste encontro histórico, garantiu que toda a diretoria colegiada está de acordo com essa aliança, incluindo os homens. Ela comentou os novos dados que a agência lançou ontem (13) de maneira inédita. Segundo a diretora, os filmes dirigidos por mulheres apresentaram um aumento de 3% com relação a última pesquisa, representando 20% das produções, no entanto, ela aponta que ainda não se sabe se esse crescimento já é um reflexo dessa discussão por inclusão, ou uma movimentação normal do mercado, já que pode ocorrer flutuações de ano para ano. Ivanov explicou também os dados retirados sobre os projetos que foram selecionados para o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA): 31% de mulheres, 15% de negros ou pardos e 1% indígena. “A participação dessas minorias vai aumentar quando essas obras estiverem prontas daqui quatro ou cinco anos”, explicou.
Nessa parceria, a Ancine tem como foco sensibilizar os canais de mídia e produtoras, com o intuito de gerar esse equilíbrio de gênero. A agência, inclusive, está planejando criar um evento que será Encontro de Altas Lideranças Para Um Audiovisual 50-50. “Queremos que essas pessoas das gestões e lideranças tenham maior conhecimento dessa causa, para que programem mais conteúdos diversos e abram mais espaço nas empresas também para a diversidade”, comentou Ivanov. Outra iniciativa da Ancine, será a de criar um Selo 50-50, para trazer visibilidade para as produções com maior igualdade. No entanto, a agência ainda está estudando as formas mais eficazes de atuação desta solução. Outra frente que Débora salientou ser de extrema importância é justamente sobre a questão de dados, que ainda são bastante limitados e pouco abrangem a questão de raça, por exemplo. Para trazer essa melhoria, a agência está trabalhando junto ao TI para implementar maiores opções de acréscimo de informações no sistema. Débora finalizou a conversa emocionada, revelando este ser seu último ano na Ancine e que foi um sonho poder ter participado desse momento inclusivo que o mercado está passando. Ao final, Ana Carolina e Débora se juntaram ao palco para concretizar a aliança por igualdade.
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