26 Abril 2018 | Vanessa Vieira, de Las Vegas
Produtor e executivos da Fox e Cinemark debatem Big Data, filmes médios e uso de tecnologia
Mesa-redonda da CinemaCon 2018 foi palco de uma defesa da experiência cinematográfica
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Nesta quarta-feira (25), o terceiro dia da CinemaCon 2018 contou com um debate no qual vários assuntos relevantes ao mercado exibidor foram discutidos como o uso do Big Data, a importância dos filmes médios, o papel da tecnologia no cinema e outros. Todos esses temas apareceram na mesa-redonda “An Industry Think Tank 3.0: Meeting the Expectations of Today's Savvy Moviegoers” (Um tanque 3.0 de pensamentos sobre a indústria: Atendendo às expectativas dos espectadores experientes, em tradução livre).
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O encontro foi mediado pela jornalista Anne Thompson, da IndieWire, e teve como participantes o produtor John Landau, conhecido por filmes como Titanic e Avatar; Stacey Snider, diretora executiva da 20th Century Fox; e Mark Zoradi, CEO da Cinemark.
Um dos primeiros assuntos a aparecer foi a aquisição da Fox pela Disney, porém tanto Stacey quanto Landau não puderam responder. “Não posso responder sobre o que a Disney fará com os ativos da Fox. Todos vivemos a inconstância do nosso mercado. Mas temos que continuar jogando nosso jogo”, disse a executiva. Já Zoradi deixou claro que a única expectativa da Cinemark com a aquisição é que os estúdios continuem a produzir grandes títulos para os cinemas.
Para Landau, a transação se justificaria, por exemplo, pelo fato de que a Fox produz tanto blockbusters como Deadpool quanto filmes médios e de arte como A Forma da Água, coisa que ele acredita que a Disney não realiza atualmente.
Quanto aos espectadores, o produtor afirmou que é preciso que os estúdios e os exibidores continuem a entregar uma programação rica em opções, dando espaço para filmes médios e com diversidade presente para atrair essas pessoas. “Não fazemos mais filmes para os Estados Unidos só, fazemos para o mundo. Então precisa de diversidade”.
Para Stacey, os espectadores ainda buscam por qualidade. “Eles querem hoje algo que não têm em casa. Exibidores, lembrem aos seus clientes porque o cinema é tão incrível”, complementou Landau. O produtor se posicionou a favor do uso ostensivo de tecnologia no cinema, já que para ele essas novidades ajudam a tornar a experiência da telona única. “Ir ao cinema é uma experiência social, não tem como imitar a risada ou o choro das pessoas que estão compartilhando aquele momento com você. E as pessoas sabem que não podem conseguir isso com a Netflix”.
O executivo ainda contou um pouco do processo de produção da franquia Avatar, que será filmada já em 3D porque a equipe acredita que essa tecnologia tem um “poder imersivo e narrativo”. Os filmes também terão High Frame Rate – HFR, que para Landau será uma tecnologia que o espectador não vai conseguir identificar, mas sim sentir que algo está melhor e mais impactante. Para os pequenos e médios exibidores que não conseguem aderir rapidamente às tecnologias, Landau incentiva que eles dêem foco ao serviço prestado ao cliente.
Zoradi declarou estar orgulhoso da Cinemark quanto à tecnologia. Isso porque ele afirmou que a rede tem uma boa consistência de projeção e qualidade em todos os seus complexos, seja nos EUA ou na América Latina. Este território, inclusive, tem ensinado muito à companhia segundo o executivo, que contou como as salas VIP com assentos reclináveis começaram nos cinemas da rede nos países latinos antes de irem para os EUA. Além disso, o CEO da exibidora comentou sobre a análise de dados como um dos meios para atrair espectadores por meio de um melhor entendimento sobre o que eles preferem.
“É por isso que criamos nosso programa de fidelidade”, disse, sendo que em relação ao serviço de assinaturas da rede, o MovieClub, o executivo contou que em até duas semanas a empresa anunciará os primeiros números oficiais após praticamente um ano de atividade. “Posso dizer que o resultado foi muito melhor do que esperávamos”.
Stacey também defendeu o uso de dados para dialogar com os espectadores, já que ajudam a entender melhor o público e adequar mais rapidamente as campanhas se necessário. Porém, Landau alerta que, embora o Big Data seja uma boa ferramenta, nem tudo pode ser decidido por meio dele.
Por fim, os executivos deram suas dicas para os exibidores:
Landau: “Não pensar mais no complexo como cinema, mas como em um centro de entretenimento. Veja o que seus concorrentes estão fazendo e trabalhe para conquistar as pessoas”.
Stacey: “Conveniência. Tenha um serviço que seja conveniente para o espectador. Eu quero comprar o bilhete para ver o que eu quero ver, do jeito que eu quero comprar”.
Zoradi: “Foque no cliente, faça a experiência dele incrível”.
Confira a cobertura do primeiro, segundo e terceiro dia da CinemaCon 2018.
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