09 Abril 2018 | Roberto Cunha, do Rio de Janeiro
Rio2C tem entre os seus destaques conteúdos de VR, distribuição e o futuro da mídia
Confira algumas dessas apresentações
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Chegou ao fim a edição do Rio Creative Conference - Rio2C, realizado entre 3 e 8 de abril, na Cidade das Artes, Rio de Janeiro (RJ). O Portal Exibidor marcou presença no evento, que contou ainda com a passagem de um chefão da Marvel por lá, e relata agora mais como foram algumas apresentações no importante setor de distribuição e no promissor mercado da realidade virtual. Confira:
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VR & AR – Futuros Possíveis
A realidade virtual, com trocadilho, já é real. E essa constatação vai ganhando corpo dia após dia com os esforços de diversas companhias na busca por uma melhor experiência com a tecnologia. E essa é mesmo a impressão que deve ter ficado na plateia após a apresentação de Kari Pulli, diretor-chefe de tecnologia (CTO) da Meta, fabricante de headsets (óculos) para VR mais promissora dos tempos atuais.
Pulli exibiu um clipe e nele foi possível constatar como já se imagina os escritórios do futuro com tudo virtual. Ele contou que já trabalha com VR há 20 anos (sim, essa ideia não é de agora), mostrou um headset dos primórdios e ressalta que a captura das imagens e seu respectivo processamento continua sendo um problema perseguido durante o processo de melhorias da tecnologia. Para quem não lembra, ele falava da latência, tempo entre o movimento real e a reprodução dele diante dos olhos do usuário, uma das principais razões de tonteiras etc.
O executivo destacou que a realidade aumentada, que mistura o mundo real ao virtual, já conseguiu reduzir esse problema. Como quase tudo em tecnologia, ainda tem o que melhorar, assim como a questão de não ver outras pessoas é outro problema perseguido pelas equipes. Ele comentou ainda sobre o último lançamento deles, o Meta 2 (2017), que trouxe ao Rio2C, tem 90 graus de campo de visão, para baixo e para os lados, capacidade de interagir com as mãos, muitos sensores e câmeras de profundidade. Segundo ele, foi grande o tempo dedicado para desenvolver um produto com a melhor ergonomia possível (outro problema) para um maior número de pessoas. Para os adeptos e sonhadores com a evolução, infelizmente, salientou que ainda não é autônomo e precisa estar conectado a um computador onde as imagens são processadas.
O futuro da mídia
Pesquisador e matemático do IMPA - Instituto de Matemática Puro e Aplicada, Luiz Velho apresentou sua visão de como a realidade virtual e a aumentada mudarão a maneira de se produzir mídia. Para ilustrar, mostrou um vídeo com captura de imagens de uma atriz em um sistema já conhecido (MoCap), que não para de evoluir, e um outro em tempo real. Citou modelos de dispositivos já existentes, como o Vive, o Meta 2 e o Magic Leap, ressaltando a tendência de experimentar a tridimensionalidade de maneira diferente.
Para ele, o futuro da mídia vai ser constituído de três importantes pilares: Ter tecnologia para capturar conteúdo do mundo real com sensores e uso de inteligência artificial, em tempo real e toda a mídia será interconectada com uma rede de supervelocidade, sem latência e sem fio. Ele afirma que isso vai mudar a produção de mídia, que haverá uma colaboração compartilhada entre as pessoas, não existirá uma preocupação com autoria, e esse conteúdo será distribuído de maneira diferente. Velho acredita que os conteúdos não estarão mais espalhados e o público vai deixar de ser passivo e passará a interferir. Para ele, os próximos passos que precisam ser dados nos dispositivos estão ligados a cortar o cordão da bateria, porque ela é pesada, aprimorar a visão e os gráficos, e reduzir o peso, aproximando o headset de um óculos de sol.
Distribuição – Estratégias de lançamento e longevidade das janelas
Em um encontro que reuniu somente mulheres, fato salientado com orgulho pela mediadora e produtora Clelia Bessa (Raccord), e devidamente aplaudido pela plateia, Marceli Morena (Downtown Filmes) foi a primeira a falar sobre o tema. Ela abriu a apresentação salientando que o ponto de virada da companhia foi a opção pelo filme nacional e com produtos que o público quisesse ver, como o "modelo americano", disse.
Entre os diferencias da empresa, destacou o envolvimento deles em todo o processo, pois pegam muitos projetos ainda no roteiro ou antes dele e trabalham juntos no desenvolvimento. Sobre as diferentes janelas de distribuição, Marceli reforçou que o desempenho nos cinemas é fundamental para fortalecer a chegada nos demais "canais", como VOD, TV por assinatura e aberta. Curiosamente, ela citou um fato inusitado sobre o premiado Elis, que teve um desempenho superior no streaming, batendo o aferido nas salas comerciais. Sobre seus contratos, falou que são de 15 a 20 anos e que trabalham sempre pensando em todo mundo. "Por isso, eles voltam", sobre as parcerias já consolidadas.
Sócia-fundadora da Vitrine Filmes, Silvia Cruz agradeceu a existência do VOD, pois ele "ajuda muito os filmes" da casa. Ela brincou que não costumam chamar os títulos de "produtos", reforçou que seu público é segmentado, que estão trabalhando com alguns filmes "mais comerciais" do que os do catálogo tradicional, e que esse público ainda precisa ser conquistado, "tirado de casa".
Comentou também que eles procuram estreitar o "diálogo" com o espectador e falou das curadorias de projetos como o VitrineBR, que funciona quase como um festival ou cineclube. Sobre o elogio feito ao VOD lá no começo, a explicação sobre a exibição nos cinemas foi sucinta e certeira, destacando a limitação do parque, a concorrência direta e a vida curta. Para eles, o VOD e a TV por assinatura são espaços democráticos, abre novas praças, novos públicos e, principalmente, oferecem uma longevidade maior. "Esse tipo de filme não tem o boom igual aos comerciais", afirmou.
Denise Assumpção (NBC/Universal) lembrou que uma das novas produções deles - a série Rotas do Ódio - era oriunda de um pitching em um Rio Content Market recente. Falou também dos sucessos da companhia, como a franquia Velozes & Furiosos e Meu Malvado Favorito e contou que, como estratégia, costumam lançar o EST (electronic sell-through) simultaneamente com o DVD. Ela também reforçou a importância dos outros canais de distribuição, destacando, inclusive, que em alguns casos a primeira janela pode não ser mais o cinema.
Narrativas femininas
Outro destaque do evento foi o selo ELA, da Elo Company, lançado no Rio2C. Segundo informações passadas pela assessoria, a iniciativa está focada em produções dirigidas ou protagonizadas por mulheres e já tem nove longas contratados, entre ficções e documentários. A Elo já recebe novos projetos para análise e foi responsável pelas estratégias internacionais do premiado O Menino e o Mundo, Tropicália, entre outras centenas de títulos.
Produção - Um evento em novo formato
Para Mauro Garcia, presidente-executivo da BRAVI, “não apenas o RioContentMarket mudou de lugar, de data [antes, o evento acontecia em março] e de gestão, já que este ano não fomos mais organizadores, mas coprodutores. O mais significativo foi a mudança de formato gerando a convivência de várias áreas afins da economia criativa ocupando o mesmo espaço: audiovisual, inovação, games, música etc. Áreas que estão todas conectadas, e esse novo formato entra diretamente no mundo em que a gente vive, multifacetado. Esse é o maior ganho do evento. Não dá mais para enxergar o audiovisual sozinho. Ter atividades específicas para o público também foi uma grande conquista, pois só assim faremos a conexão do público com o produtor independente responsável pela criação e produção”, analisou.
Já segundo a gerente-executiva do Brazilian Content, Rachel do Valle, “um dos grandes ganhos desta edição foi a atuação em conjunto dos cinco projetos de exportação da economia criativa apoiados pela Apex-Brasil”.
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