28 Março 2018 | Natalí Alencar
Produtora da Gullane fala sobre desafios de ser mulher no mundo corporativo
Juliana Soares conta que muitas vezes é a única mulher em uma reunião de negócios
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Ser a única representante feminina em reuniões de negócios, já é algo corriqueiro para Juliana Soares, produtora criativa, coordenadora de desenvolvimento e supervisora de dramaturgia da Gullane Filmes. Isso porque, ainda há uma discrepância de gênero no mercado.
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A profissional conversou com o Portal Exibidor para o especial em homenagem ao Dia das Mulheres (8) e, segundo ela, mesmo que inconscientemente, as mulheres acabam tendo um esforço maior para conquistar espaço e credibilidade no mercado. Uma “sorte”, descreve Juliana, é o apoio de seus chefes na Gullane, que embora todos homens, buscam reforçar a sua importância nos trabalhos da companhia.
Além disso, outro ponto a seu favor é que nas vagas de produção executiva e criativa, em que trabalha, há bastantes mulheres atuando. No entanto, não é por isso que deixou de lado a consciência da luta diária de ser mulher no mundo corporativo. “Existe um movimento, que eu espero que cresça muito, de conscientização e diálogo entre as mulheres. Eu tento cada vez mais estar em contato com as profissionais do mercado e promover sua visibilidade e inclusão nos projetos”.
Veja a entrevista com Juliana Soares na íntegra. O conteúdo encerra a nossa série semanal de conversas com executivas do mercado, que incluiu bate-papo com Patrícia Cotta, do Kinoplex, e Juliana Ribas, da Universal Pictures.
Comente brevemente sua trajetória no mercado de produção
Eu já havia trabalhado, entre 2006 e 2008, em uma pequena produtora que atendia grandes agências de publicidade na produção de branded content. Em 2011, retomei o contato com o mercado de audiovisual e comecei a estagiar na produção de um longa-metragem da Gullane. De estagiária passei a secretária de produção. O reconhecimento do trabalho resultou em uma indicação do produtor executivo para a vaga de assistente executiva fixa da Gullane, onde trabalhei até 2014, quando fui convidada para assumir a coordenação de desenvolvimento de projetos da produtora, minha área de formação e que sempre tive interesse em atuar. Desde então, venho me envolvendo mais ativamente nos desenvolvimentos criativos e prospecção de novos projetos. Hoje o departamento conta com 3 pessoas internas e mais de 10 externas.
Quais os desafios enfrentou ao longo do carreira por ser mulher?
De uma forma geral, sutil e muitas vezes inconsciente, a cobrança sobre os resultados é sempre maior. Existe sempre um esforço extra para conquistar o espaço e ter a certificação da credibilidade no trabalho. Ter uma voz e ser ouvida também é um processo que leva mais tempo pra acontecer. E já estive em muitas reuniões onde era a única mulher na sala. Mas estou em uma posição privilegiada, já que a produção executiva e a produção criativa têm mais mulheres atuando. Além disso, tive a sorte de ter chefes que, embora homens, sempre estiveram dispostos a ouvir e sempre colaboraram muito para a minha inclusão.
Como você avalia que está o segmento de produção hoje em relação ao trabalho das mulheres e a entrada delas no mercado?
Como os números da ANCINE apontam, a discrepância ainda é muito grande, principalmente nos cargos de liderança. Mas existe um movimento, que eu espero que cresça muito, de conscientização e diálogo entre as mulheres, principalmente. No meu caso específico, tento cada vez mais conhecer e estar em contato com as profissionais do mercado, trocar experiencias, pedir indicações e promover sua visibilidade e inclusão nos projetos.
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