16 Agosto 2017 | Vanessa Vieira

Start-up leva americanos ao cinema por US$ 10 mensais e causa revolta na AMC

MoviePass abaixou sua assinatura de US$ 50 para US$ 9,95

A start-up MoviePass foi criada em 2011 e oferece uma assinatura mensal que garante ao seu cliente o direito a assistir um filme por dia em salas de cinema nos Estados Unidos, com exceção de salas IMAX, 3D ou de outros formatos premium. Até terça-feira (15), o valor dessa assinatura era de US$ 50, sendo que todos os ingressos são pagos integralmente aos exibidores, até dezembro de 2016 a plataforma tinha 20 mil assinantes e era aceita em mais de 90% dos complexos norte-americanos.

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No entanto, a empresa anunciou uma redução drástica no custo, indo para US$ 9,95. A novidade causou respostas divergentes da imprensa e da exibição, além de uma queda do site da MoviePass por excesso de acessos.

Crítica e sustentabilidade

O portal e empresa de análise de negócios Bloomberg foi um dos primeiros a criticar o novo modelo de monetização da plataforma, afirmando que a companhia se colocará em risco já que se o usuário for duas vezes por mês ao cinema já mais que ultrapassaria o valor da taxa mensal. A AMC Theatres, maior exibidora do mercado estadunidense, posicionou-se contra a redução da assinatura, inclusive afirmando em comunicado oficial que a MoviePass não seria mais “bem-vinda” à rede.

O argumento da rede é que seu tíquete médio, registrado no último trimestre fiscal, é de US$ 9,33 – muito próximo dos US$ 9,95. Assim, a AMC considera que o modelo de negócio não será sustentável e “não trará nenhum benefício aos espectadores”, já que com esse valor mensal seria inviável administrar “um cinema de qualidade”. A rede ainda declara não ser contra programas de assinatura, opondo-se apenas à nova fórmula da MoviePass. Outra rede que também se posicionou contra a redução foi a Landmark Theatres.

Outros pontos de vista

Essa não é a primeira vez que um valor próximo a US$ 10 é utilizado no mercado norte-americano. Desde dezembro de 2016, a MoviePass, junto à rede estadunidense Studio Movie Grill, tem oferecido uma assinatura especial para 24 cinemas dessa exibidora pelo valor de US$ 10 por mês. A promoção seria resultado de um investimento da rede na start-up. A experiência pode ter influenciado na decisão da empresa de reduzir seu custo mensal.

Para custear o investimento necessário para a novidade, a MoviePass vendeu 51% de suas ações para a consultoria Helios and Matheson Analytics, especializada em análise de dados, por US$ 27 milhões. A consultoria se interessa em ter acesso às informações dos assinantes. Além disso, a start-up espera chegar a 100 mil assinantes com a redução de sua mensalidade.

Analistas e veículos da imprensa internacional também apresentam posições favoráveis à mudança, afirmando que, se a empresa continuar a pagar os ingressos integralmente aos exibidores e achar uma maneira de garantir sua sustentabilidade financeira, ela poderá até mesmo contribuir para toda a cadeia cinematográfica.

A opinião também se dá por conta dos resultados abaixo do esperado para o verão norte-americano, que até o momento já registra baixa de 11% em relação ao ano anterior. O cenário tem levado a uma sucessiva queda do valor de ações de diversas exibidoras do país como a AMC, a Regal e a Cinemark, bem como de empresas como a IMAX.

Já foi divulgado pela MoviePass que, uma vez que alguém realiza a assinatura, sua frequência mensal de idas ao cinema pelo menos duplica. Essas informações ainda são referentes à mensalidade anterior de US$ 50. Segundo Mitch Lowe, CEO da start-up e cofundador da Netflix, a empresa precisa “ficar grande” neste momento e, para isso, foi necessário reduzir o valor de sua assinatura. O executivo defende que, se a plataforma não chegar aos milhões de usuários, não conseguirá se tornar atrativa para os grandes estúdios. Atualmente Lowe afirma que a MoviePass já auxilia diversos lançamentos menores.

Em resposta à AMC, Lowe e CEO da Helios and Matheson Analytics, Ted Farnsworth, afirmaram em entrevista ao portal Variety que muitos exibidores estão interessados em ver os desdobramentos da mudança, para saber se a MoviePass conseguirá de fato levar mais pessoas aos cinemas. Segundo Farnsworth, a resposta do público à nova assinatura mensal foi positiva, "muito além do esperado". [Atualizado em 17/08/2017, às 13h40]