09 Agosto 2017 | Natalí Alencar
"Malasartes e o Duelo com a Morte" representa um marco na computação gráfica brasileira
Em entrevista ao Portal Exibidor, Paulo Barcellos, diretor da O2 Pós comenta projeto
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A produção e pós-produção para cinema no Brasil pode ter um novo caminho a seguir após o lançamento de Malasartes e o Duelo com a Morte, distribuído em parceria entre O2 Play, Paris Filmes e Downtown Filmes.
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Isso porque pouco mais de 50% do orçamento do filme foi dedicado a produção digital (um investimento de R$ 4,5 milhões apenas em efeitos, sendo o orçamento total do filme na cada dos R$ 9,5 milhões)
Foram quase 700 planos do filme (50% das cenas) com efeitos especiais, muitas cenas foram 100% construídas em ambiente digital, além e efeitos especiais dignos dos melhores filmes do gênero.
Para produzir tudo isso foram mobilizados mais de 100 artistas (desde ilustradores e animadores de 2D e 3D, como compositores, especialistas em vfx) que trabalharam no projeto durante dois anos.
O lançamento do filme representa um marco na área de efeitos visuais e pode ‘desengavetar’ projetos que antes eram inviáveis.
“No Brasil ainda temos muito o conceito de pós-produção, e o que foi feito nesse filme foi produção digital. Porque muitos dos cenários não existem, foram criados. Cenas com atores não existem, criamos cenas que não foram gravadas”, comenta Paulo Barcellos.
Especialista no assunto e palestrante em diversos eventos internacionais, o profissional comenta que hoje há muita dificuldade do mercado em enxergar a pós-produção como um processo que deve fazer parte desde o início da produção, com essas áreas interligadas, conversando entre si.
“O que a gente tenta provar com Malasartes é que é possível fazer um filme bem feito com essa quantidade de efeitos e com um orçamento brasileiro”, explica ao reforçar que até então não havia nenhum case de sucesso no Brasil nessa linha.
Barcellos comentou ainda a dificuldade em mão de obra especializada, já que o País não tem muitos profissionais especializados em determinado segmento da computação gráfica.
No entanto, toda a infraestrutura de produção para o Malasartes já está disponível para outros projetos similares. Sem revelar detalhes, o profissional comentou que já há na fila uma produção televisiva e outra para o cinema seguindo a mesma linha.
Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, alguns dos fotogramas para serem renderizados demorariam mais de 40 horas. O cálculo inicial de todo o projeto previa mais de 100 anos para concluir o projeto. A solução encontrada, além da aquisição de alguns computadores, foi utilizar todos os computadores da empresa no período noturno.
Outro fato interessante foi a tesoura utilizada em uma das cenas, nenhum modelo encontrado agradou o diretor, então a O2 fez o modelo, imprimiu em 3D e levou para o set, invertendo um pouco a lógica de pós-produção.
“Tudo é possível com tempo, dinheiro e tecnologia. Um filme como esse não sai por menos de US$ 100 milhões e conseguir adaptar isso para nossa realidade, e quem sabe virar um novo gênero, é muito possível. Há muitas histórias engavetadas e não queremos que elas morram. A ideia é mostrar para o mercado que é possível fazer. Tragam os projetos impossíveis e vamos conseguir”.
Malasartes e o Duelo com a Morte estreia em 10 de agosto nos cinemas. Semana passada, elenco, produtora e diretor realizaram uma coletiva de imprensa onde também comentaram o projeto.
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