19 Agosto 2016 | Vanessa Vieira
Animações são campeãs de bilheteria em Portugal
Enquanto produções campeãs de público são dos EUA, animações europeias enfrentam dificuldades para formar público
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Portugal foi o país da União Europeia – UE que teve maior crescimento de público em 2015 e, no primeiro semestre de 2016, já apresentou aumento em relação ao período anterior – com 168 mil ingressos a mais e total de 6,8 milhões. Contando até o fim do mês de julho, as telonas portuguesas tiveram aumento de 0,7% de público neste ano.
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Os dados são do Instituto do Cinema e Audiovisual – ICA, que apontou julho como o mês com maior queda na quantidade de espectadores em relação a 2015, cerca de 8% menos ingressos vendidos. No entanto, uma tendência que permanece entre 2015 e 2016 é a liderança das animações nas bilheterias. No ano passado o líder foi Minions, mas em 2016 dois longas com essa técnica já são os mais vistos até o momento: Zootopia (391 mil tíquetes) e Procurando Dory (369 mil).
Isso não acontece apenas em Portugal. Na Alemanha e na Áustria o filme com maior bilheteria deste ano é Zootopia, que está também em segundo lugar em outros territórios como na França – um dos maiores mercados cinematográficos da Europa –, em terceiro na Bélgica e em quarto na Itália. Procurando Dory, por sua vez, já é o segundo mais visto na Holanda e A Era do Gelo: O Big Bang está na terceira posição na Noruega. No Reino Unido, outro território com grande mercado cinematográfico, a animação Pets – A Vida Secreta dos Bichos estreou em junho e continua conquistando bilheterias que já lhe renderam a quinta posição no ranking do país em 2016.
A Europa, portanto, tem se mostrado um mercado receptivo às animações, onde elas ocupam lugares de destaque tanto em termos de público quanto de renda com destaque especial para as produções estadunidenses. Apesar disso, as animações europeias não têm tanto espaço nas telonas locais.
Encomendado pelo subprograma Creative Europe MEDIA, da European Commission, uma pesquisa do Observatórios do Audiovisual Europeu de mapeamento da indústria de animação na Europa foi divulgada no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy de 2016, realizado em junho último na França. O material traz uma avaliação da participação da Europa no mercado das animações.
O estudo levou em conta os 36 territórios da União Europeia mais sete países adicionais, envolveu o contato com 8,5 mil empresas e profissionais de 29 nacionalidades com obtenção de 1.000 respostas. Com a dificuldade de encontrar informações específicas sobre o setor de animação, o Observatório dividiu a pesquisa em dois documentos, um publicado em julho de 2015 e outro mais detalhado para ser divulgado em Annecy. De acordo com o segundo paper, “Mapping the Animation Industry in Europe” (Mapeamento da Indústria de Animação na Europa, em tradução livre), apenas a França conta com informações detalhadas da área de animação, que é considerada uma técnica e não um gênero de cinema.
Todos os dados computados datam de no máximo 2014 e apontam para um momento delicado do setor de animação na Europa que, 50 anos depois de ser o principal fornecedor da técnica para os Estados Unidos, enfrenta dificuldades para encontrar financiamento por conta do modelo de negócio da produção de animações – que pode ter um retorno de investimento em apenas cinco ou 10 anos. Além disso, somente 20% do Market Share de produções desse tipo na Europa são de filmes produzidos na região.
Atualmente cerca de 50 títulos são produzidos por ano no velho continente e os países que mais consomem animação são Reino Unido e França. O estudo também apontou os Estados Unidos como o maior mercado mundial para esse tipo de conteúdo, seguido por México e Rússia. Os EUA só perdem para o Japão em número de títulos lançados entre 2010 e 2014 embora a diferença seja mínima. O filme que mais levou pessoas aos cinemas no mesmo período foi Toy Story 3, da Disney∙Pixar, com mais de 115 milhões de ingressos vendidos. Em segundo lugar, ficou Frozen: Uma Aventura Congelante, com 113 milhões.
Ainda em 2014, a animação europeia com maior público foi Arthur Christmas com 7 milhões de tíquetes, sendo que o país que teve o maior Market Share para animações locais nessa época foi a França, com 18%. Em seguida vêm Reino Unido e Itália. O território com menor presença de mercado é a Turquia, com 3,2% apenas. Nos Estados Unidos, 94% das animações exibidas em seus cinemas são nacionais.
Um detalhe interessante apontado pelo Observatório é que, curiosamente, as animações europeias performam melhor no mercado internacional e geralmente chegam a mais territórios do que lançamentos em live-action. Por isso, o estudo destaca que as coproduções internacionais podem ser uma boa saída para expandir a atuação de produtores europeus. Entre as alternativas para veiculação de conteúdo mencionadas na pesquisa, a distribuição direta pela internet pode ser alternativa mais viável para a divulgação de algumas produções, além claro dos festivais mundiais.
Ambos os estudos relacionados à técnica de produção estão disponíveis na íntegra no site oficial do Observatório do Audiovisual Europeu. A entidade também divulgou em junho um estudo sobre as produções disponíveis nos serviços de vídeo sob demanda (video on demand) na Europa, chegando à revelação de que, embora metade dos filmes da região chegue ao VOD, as produções estadunidenses também dominam a oferta de conteúdo nesse tipo de distribuição. Outra novidade recente do Observatório é que, de acordo com análise divulgada no Festival de Locarno 2016, a União Europeia tem aumentado sistematicamente o seu investimento em audiovisual. Entre 2013 e 2014, o crescimento foi de 13,4%, impulsionado por novos modelos de incentivo fiscal. Mas, seguindo os recordes de bilheteria em 2015, o ano também teve um aumento significativo nos investimentos europeus em produção audiovisual, com 16% a mais do que em 2014, somando US$ 8,2 milhões.
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