03 Junho 2016 | Roberto Cunha (RJ)
Cinema é a segunda atividade cultural preferida dos cariocas
Pesquisa revela os hábitos de consumo dos moradores do Rio de Janeiro
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Quando divulgado há cerca de dois anos, o perfil cultural do público de São Paulo causou um certo tititi entre os interessados no tema. Nesta quinta-feira (02), foi conhecido o Perfil Cultural dos Cariocas, fruto do trabalho realizado pela Jleiva e Instituto Datafolha com o patrocínio da prefeitura do Rio, em 2014. Os dados exibidos neste evento realizado no Memorial Getúlio Vargas teve um universo pesquisado de 1.537 pessoas, composto por mulheres (55%) e homens (45%). A pesquisa foi bem abrangente e considerava desde uma ida ao cinema ou até mesmo a um tradicional, e cada vez mais raro, circo.
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O cinema, com 67%, foi a segunda atividade cultural mais citada pelos esquisados, perdendo apenas para os 71% que informaram ter lido livros. O terceiro colocado, com 52%, foram os shows musicais. O índice permite concluir que os cariocas vão mais ao cinema do que os moradores de São Paulo (61%), Salvador (59%), Belo Horizonte (53%) e Campo Grande (56%). Entre os entrevistados, as mulheres (63%) declaram maior interesse pelo cinema, mas são os homens (61%) que mais frequentam as salas com índice de 72% contra 64% do sexo feminino. Entre os jovens, na faixa entre 12 e 24 anos, os índices superam os 90%, contra 70% dos adultos na faixa dos 35/44 anos, 55% entre 45 e 59 anos e 38% acima dos 60 anos. Mesmo com o crescimento do poder de consumo comprovado nos últimos anos, as classes D-E representam 21% dos que foram ao cinema, enquanto as classes A e B respondem por 84%.
Respostas como Não gosta/ Não tem interesse (35%) e também Falta de tempo (27%) são as principais razões para não se ir ao cinema. Ao contrário do que muita gente pensa, o fator econômico (preço do ingresso) vem em terceiro lugar com 21%. Entre os três principais atrativos para escolher um filme, o elenco (46%), diferente do que muitos acreditam, não lidera a preferência, perdendo para história (75%) e gênero (56%). Embora um em cada cinco moradores da cidade afirme frequentar um cinema de rua, a esmagadora maioria (96%) frequenta as salas de shoppings.
Como era esperado, tendo em vista o crescimento das sessões “em português”, a maioria (70%) dos entrevistados prefere ver filmes dublados. O 2D (52%) e o 3D (48%) dividiu as opiniões. No geral, em relação às atividades culturais, foi curioso notar que o item Segurança não se mostrou relevante a ponto de ser um grande fator inibidor de consumo, mesmo com os índices de violência disparando nos noticiários. Sérgio Sá Leitão, do Centro Cultural Odeon, disse que para a sua região (Centro) esse ponto ainda é muito relevante.
Sobre os hábitos de consumo cultural dos cariocas, na categoria filmes nacionais, revelou que os gêneros Ação, Aventura e Comédia lideram com folga, em relação aos outros. Quando perguntaram se isso se repetia ao expandir o universo para os títulos estrangeiros, João Leiva disse que sim, que esse padrão já havia sido revelado em São Paulo e até mesmo em outros países. Foi apresentado também um quadro que dividia a cidade por regiões e mostrava o desempenho delas, cruzando a população residente, o número de salas e a venda de ingressos. Entre as constatações, ficou claro que a Zona Oeste, com 26% da população e 12% das salas (24), fez 14% das bilheterias com 2,2 milhões de ingressos vendidos. A Barra, com 14% da população, tem o dobro desse percentual em salas 28% (58) e 3,2 milhões de ingressos, que corresponde a 20% da bilheteria e revela uma queda de rendimento. A Zona Sul também dobra o percentual de salas (35% - 72 salas) em relação a população local (17%). A Zona Norte concentra 38% da população, detém 25% salas (52) e vendeu 4,9 milhões de ingressos. A região do Centro é a que tem o menor desempenho, com 5% da população e apenas duas salas.
Thiago Stilavetti, do portal Filme B, lembrou que os números expressivos encontrados na Zona Norte tem a ver com a expansão do circuito na região com a chegada de novos empreendimentos como shopping centers etc. Esse desempenho, inclusive, revela uma eventual queda do desempenho do circuito na Barra, que recebia muitos moradores de fora. Ele ressaltou que pode acontecer fato semelhante em relação ao Centro com a revitalização da região. Nesse momento, a pequena quantidade de salas no Centro fez com que entre os presentes surgisse perguntas sobre as salas do CCBB e da Caixa, entre outras instituições que promovem exibições especiais, mostras etc. Foi informado então que esse tipo de sala, por não fazer parte do circuito tradicional e não disponibilizar informações, não foram considerados na pesquisa. Sérgio Sá Leitão aproveitou para dizer que existe mesmo um projeto de multiplex na zona portuária, no antigo Moinho Fluminense, sem citar quem seria o exibidor porque isso está sendo negociado pelo shopping que será construído por lá.
João Leiva, sócio-diretor da Jleiva, confirmou para o Portal Exibidor que irá expandir a pesquisa para mais 10 capitais, além de Rio de Janeiro e São Paulo. Entre as prováveis novas praças estão Belo Horizonte, Salvador, Distrito Federal, Curitiba, Recife, São Luiz, Belém. Ele disse ainda que a ideia é editar um livro a partir desse novo trabalho. “A gente deve ir para o campo, provavelmente, no final do ano. A gente quer fazer uma amostra nova no Rio e quer repetir 1.500 entrevistas porque eu consigo um olhar de bairro e descer mais fundo”, disse ele, bastante animado com o trabalho.
Pesquisa similar foi feita pela RioFilme em 2014. Na ocasião, dentre as atividades culturais realizadas fora de casa, ir ao cinema foi apontada por 68% dos entrevistados, sendo, portanto a opção de maior interesse.
*Veja alguns gráficos.
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