12 Maio 2016 | Verônica Domingues
Realidade Virtual é apontada como nova narrativa audiovisual na Semana ABC
Potencialidades da nova tecnologia são discutidas na palestra de abertura do evento
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O cinema pode estar em um momento de grande transformação. Com o aparecimento das tecnologias de realidades virtual e aumentada, a forma de contar uma história nas telonas também está num processo de transformação. Para entender melhor esses novos caminhos, a Semana ABC organizou a mesa "A Realidade Virtual e novas janelas imersivas", realizada já na abertura do evento.
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Foram quatro os cases usados para embasar o debate: um filme imersivo projetado num grande domo esférico realizado para o Museu do Amanhã sobre o surgimento do mundo, o clipe "Farol", da Ivete Sangalo, uma cobertura da SPFW – São Paulo Fashion Week e o documentário Rio de Lama, sendo os três primeiros da O2 e o último da Academia de Filmes.
Os profissionais Pedro Tejada (supervisor de efeitos visuais), Bruno Tiezzi (diretor de fotografia) e Ricardo Laganaro (diretor), da O2 Filmes, Daniel Sasso (diretor novas tecnologias na uPmix) e Tadeu Jungle (diretor na sócio-fundador da Academia de Filmes) relataram as suas experiências com os respectivos projetos.
Por ser uma nova linguagem, ainda não existem muitas certezas em termos de processos e métodos. A O2 Filmes, por exemplo, realizou uma série de testes com câmeras GoPro, detectando diversas limitações, como a cor e as emendas das imagens.
Entretanto, um dos desafios apontados pela produtora seria fazer a narrativa ser mais interessante do que o formato. "As pessoas precisam lembrar da história", comentou Ricardo Laganaro. Ele também explicou que é preciso considerar que uma experiência ruim em realidade virtual pode fazer as pessoas passarem mal.
Nessa chave, comentou-se a importância de pensar com cuidado nos estímulos oferecidos pela narrativa – e não esquecer de explorar o áudio. "O som alterna nossa percepção do espaço e ajuda na transição de um ponto para outro", contou Daniel Sasso. Isso significa que o áudio também precisa ser imersivo.
"Por enquanto, a maioria dos conteúdos são curtos e certeiros na proposta deles", afirmou Laganaro. Para ele, o espectador ainda precisa se habituar à novidade. "Gosto de fazer uma analogia com a TV. Quando surgiu, ela tinha uma imagem ruim e o conteúdo era produzido de acordo com gêneros muito estabelecidos. Se as imagens fossem como em Breaking Bad, as pessoas não entenderiam o que estavam vendo e poderiam se desconectar daquilo. Precisou de 50 anos para o suporte evoluir e o público curtir esse tipo de imagem. Lógico que não demoraremos tanto no VR, mas não podemos ignorar isso", completou.
Para os profissionais, as aplicabilidades são imensas. Já existem empresas testando o uso da realidade virtual na saúde e na educação. Segundo Bruno Tiezzi, estuda-se usar essa ferramenta no tratamento de fobias. Tejada indicou outra possibilidade: um projeto para otimizar o trabalho dos corretores de imóveis em Miami. E Tadeu defendeu: "Pela primeira vez, depois da invenção do cinema, criamos uma nova narrativa audiovisual. E esse processo não tem volta", disse.
Outras experiências em realidade virtual têm sido estudadas e produzidas para promover blockbusters, como A Travessia e As Caça-Fantasmas. Durante a CinemaCon 2016, a CJ CGV apresentou uma tecnologia que mescla 4DX e VR e, no evento FMX 2016, discutiu-se questões relativas a produção desse conteúdo.
Hoje o encontro ainda contou com mesas sobre séries de TV e novidades do NAB Show. A Semana ABC continua até sexta (13-05). Confira a programação e aguarde mais novidades.
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