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14 Março 2016 | Roberto Cunha

RioContentMarket aborda “ o cinema sob demanda”

2º dia do encontro contou com apresentações de ferramentas online da Kinorama e Taturana

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(Foto: Divulgação)

Dentre os principais assuntos abordados no RioContentMarket, realizado entre 9 e 11 de março, está o polêmico “Cinema sob Demanda”. Veja como foi uma apresentação de duas ferramentas online para explorar esse importante canal de distribuição, que pode ser uma solução para produções de orçamento enxuto ou obras não comerciais.

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Cinema sob demanda é o futuro?

O futuro dos filmes menores, sejam eles os chamados autorais ou produções de menor orçamento, será mesmo fora dos cinemas, como disse o diretor da distribuidora Downtown Filmes?.

Para Carolina Misorelli, sócia-fundadora da Taturana, e Raphael Erichsen, diretor do Kinorama, a resposta é um sonoro não. De olho em número expressivo de produções, cerca de 350 filmes, que não conseguem o devido espaço nas salas brasileiras, a dupla apresentou uma ideia que objetiva potencializar a vida desses títulos, através de duas ferramentas online em conjunto com um tradicional exibidor, o Grupo Espaço de Cinema, dirigido por Adhemar Oliveira, também presente na apresentação.

Para ilustrar, eles citaram um caso ocorrido com o longa Sem Pena, que vendeu cerca de sete mil ingressos em sua trajetória “normal” e conseguiu outros 18 mil pagantes em sessões alternativas com os esforços paralelos promovidos pela Taturana. “A demanda existe e as pessoas querem ver”, disse a jovem Carolina, que desde 2014 comanda mobilizações nas salas de cinema ou no entorno delas. Segundo ela, a ideia é mobilizar um maior número de pessoas na primeira semana em cartaz, para gerar o boca a boca, e assim dar sobrevida ao produto. Em síntese, eles fazem um mapeamento do público mais sensível a uma determinada obra, procura engajar essas pessoas para que elas engajem mais pessoas. Tudo é organizado para facilitar a vida do espectador/usuário.

Um novo caminho?

O também jovem e bem-humorado Raphael acredita que cada filme pode ter uma estratégia que seja efetiva e chegar até o público. O Kinorama, em acordo com o Catarse (maior site de financiamento coletivo do Brasil), seria a interface entre essas pontas que precisam ser ligadas: realizador, exibidor e público.

Com ele, qualquer pessoa pode demandar e financiar coletivamente uma sessão. Para eles, quem se beneficia são os filmes de nicho brasileiro, que merecem ser tratados de maneira diferente, os estrangeiros com distribuição restrita e ainda filmes com demanda retardatárias em outras praças ou até mesmo os que já saíram de cartaz.

Quando citaram o site Mobz, que saiu do ar em 2011 e também visava mobilizar as pessoas, Raphael lembrou que o momento era outro, que hoje já existe uma cultura de crowdfunding, enquanto o experiente Adhemar complementou que no tempo do Mobz, o público dizia que sim, queria ver o filme, mas não tinha compromisso nenhum e as sessões acabavam não acontecendo.

Hoje, com o Kinorama, existe uma pré-compra do ingresso. Para ele, iniciativas como essa são importantes e é preciso testar. Bem-humorado, lembrou a experiência que fez ao “deitar” a programação, deixando um filme pequeno programado durante quatro semanas com uma sessão por dia. “Isso dava ao espectador a certeza do filme garantido durante um mês. Ao criar esse pensamento, os filmes foram subindo, sem prejudicar a economia da sala”, disse ele, citando o caso de um título estrangeiro pequeno, que não teria um desempenho bom no sistema normal e conseguiu fazer mais de 50 mil ingressos dessa forma.

Davi X Golias

Raphael provocou risos dos presentes: “Como melhorar o acesso aos filmes que não são mainstream, que não são da Marvel?”. Ele disse que a ideia é pensar o cinema como uma experiência coletiva, enquanto Carolina reforça que essa é uma alternativa primordial para valorizar a diversidade do cinema nacional.

“A gente está tentando ampliar as janelas. Vai ser difícil enfrentar os grandes estúdios que querem as suas posições. Estamos provocando, fazendo alguma coisa para conseguir acessar esse espaço que está lá”, disse Raphael.

Adhemar, no entanto, mostrou um certo ceticismo ao lembrar que já existem indícios de que os grandes filmes também serão lançados no VOD, rompendo as tradicionais janelas de 90 dias.

Ele disse que enquanto os dois jovens apresentam ferramentas para atrair mais gente para os cinemas, os grandes podem, simplesmente, fazer com que mais pessoas fiquem em casa. De peito aberto e dispostos a enfrentar os gigantes, a dupla salientou que as ferramentas ali apresentadas eram abertas. “A gente quer que essa engenhoca seja copiada, customizada e os filmes cada vez mais acessados”, disse Carolina. “Isso serve para o Kinorama também. A gente não inventou a roda. Não pretendemos ser a única plataforma. Só queremos ser uma interface”, disse Raphael, contando que já existe em outros países e que nos Estados Unidos, os americanos fazem 400 sessões por mês nesse modelo.

Para estimular os realizadores, eles divulgaram o endereço www.cinemasobdemanda.com.br, que vai promover 50 sessões comerciais dos filmes por eles selecionados.

*Veja como foi o primeiro dia

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