10 Março 2016 | Vanessa Vieira
Após fraudes de bilheterias, China regulamentará mercado de cinema
Filmes chineses teriam rendas aumentadas para trazer mais público
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Nessa quarta-feira (09), o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhang Dejiang, anunciou que o 13º planejamento de cinco anos da China, que compreende o período de 2016-2020, terá a regulamentação do mercado de cinema do país como uma de suas três prioridades.
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O anúncio de Dejiang se trata de uma resposta às constantes suspeitas – e confirmações – de fraudes em bilheterias de filmes chineses que foram notadas por meio de incongruências como descontos questionáveis, aumentos súbitos do preço do ingresso e sessões com horários muito próximos que não teriam como exibir o filme inteiro.
O longa que serviu de estopim para a situação foi Ip Man 3, primeira produção chinesa que teve a fraude “pega em flagrante”. O filme teve a maior média de preço de ingresso de todo o Top 10 de bilheteria da China no último fim de semana, quando teria vendido 11,3 milhões de ingressos. Mas logo o sucesso de Ip Man 3 foi questionado em redes sociais por meio de acusações de que haviam screenings “fantasmas”, feitos só para dar uma bilheteria de abertura maior à produção. O prejuízo para o filme como resultado desse tipo de investimento giraria em torno de US$ 46 milhões.
Com as suspeitas, descobriu-se que a distribuidora Kuali Group tinha acordos de exclusividade com vários exibidores. Apenas em Xangai foram confirmados 200 cinemas com o mesmo tipo de acordo com a empresa. A Kuali afirmou que teria investido para dar um “suporte financeiro” a Ip Man 3, defendendo que a prática é comum na China. Segundo a empresa, com uma abertura mais significativa, os longas atrairiam mais público.
Alguns exibidores chegaram a se retratar publicamente sobre o ocorrido, mas os mais nacionalistas se esquivaram ao acusar o mercado de apenas duvidar das bilheterias dos filmes chineses e não das rendas de produções hollywoodianas.
Outro lançamento da China que teve fraude confirmada é Monster Hunt, um dos destaques das bilheterias do país em 2015 que teve 40 milhões de ingressos comprados indevidamente para aumentar sua renda de abertura.
Apesar de os conteúdos cinematográficos passarem por censura e controle rigoroso para entrarem no país asiático, a governança das empresas ligadas à sétima arte e de suas relações comerciais não têm nenhuma legislação ou regulamentação. Esse cenário, infelizmente, não é novidade. Em fevereiro deste ano, por exemplo, a consultoria HDresearch já havia divulgado uma pesquisa que apontou a falta de transparência entre exibidores e distribuidores chineses como um dos maiores problemas do setor.
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