14 Setembro 2015 | Natalí Alencar
Cinema, “a menina dos olhos” nas estatísticas
Seminário da Spcine apontou potencial do cinema no Brasil
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A Spcine realizou na última sexta (11), na Biblioteca Mário de Andrade (SP), o seminário “Estatísticas do Audiovisual - A Importância da Inteligência de Dados Para a Elaboração de Negócios”, que contou com os profissionais João Leiva (J. Leiva Cultura e Esporte), Gisele Jordão (Panorama Setorial da Cultura), Gabriel Gurman (Paris Filmes) e Felipe Galvão (Fox International Channels).
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O objetivo do encontro foi colocar em discussão a importância da análise de dados na difusão de conteúdo, criação de estratégias de distribuição e formação de novos públicos no audiovisual. E como já esperado, apesar da crise, o cinema se destacou no debate.
O seminário, que teve ainda transmissão via streaming, recebeu produtores, agentes de cultura, jornalistas, críticos, cineastas e profissionais da área produtiva.
“Esperamos que seja o primeiro de muitos. É importante manter a agenda de discussões sobre o tema. Apesar de estarmos num ano complicado do ponto de vista político, no audiovisual as coisas estão acontecendo”, disse Alfredo Manevy, diretor-presidente da Spcine.
Manevy citou a importância de aplicar esse conhecimento nas estratégias de lançamento dos filmes, bem como de estudar o público e fazer produtos que dialoguem com ele.
“É preciso estratégias para interligar a produção, a distribuição e a exibição. A tarefa da Spcine é colaborar para incluir as pessoas com políticas públicas que estimulem o mercado. Estamos diante do desafio de universalizar a cultura com educação e políticas públicas”, completou.
Cinema, atividade apontada como mais propícia para retorno financeiro
Gisele Jordão (Panorama Setorial da Cultura) apresentou pesquisa nacional realizada para apontar o Perfil dos Públicos de Cultura. O primeiro mapeamento apresentado foi realizado com agentes da cultura, artistas e produtores e o segundo com o consumidor para compreender o que mobiliza o brasileiro a consumir bens culturais. Com os agentes foram 500 entrevistas realizadas por telefone com uma média de 60 min de duração cada.
A pesquisa revelou o perfil desses agentes: 77% tem formação superior, porém apenas 17% tem formação em gestão, ou seja, são especialistas na área em que atuam (teatro/cinema/música), porém não entendem de negócios. Outro dado interessante é que 86% têm remuneração variável e 63% dependem de outras atividades para compor a renda, o que inviabiliza investimentos na própria formação profissional.
De acordo com o estudo, o cinema é visto como segmento de maior facilidade para conquistar o público na visão dos agentes culturais. 43% dos entrevistados acreditam que o cinema é a atividade mais propícia para obtenção de retorno financeiro.
No estudo sobre os hábitos de consumo foram realizadas 1.620 entrevistas em domicílio, com público de 16 a 75 anos, das classes A, B, C e D em nível nacional.
Dentre as práticas mais realizadas no último ano, o cinema foi a segunda mais citada, por 38% dos entrevistados. O primeiro lugar ficou com as práticas religiosas (42%). Entre as menos citadas estão teatro (9%) e bibliotecas (5%).
As pesquisas na íntegra podem ser encontradas em: panoramadacultura.com.br.
Cinema, principal opção de entretenimento na hora de sair de casa
João Leiva (J. Leiva Cultura e Esporte) apresentou estudo sobre o Consumo Cultural em São Paulo. Sua pesquisa ouviu quase 8 mil pessoas com idade superior a 12 anos em 21 cidades paulistas, todas com cinema e mais de 100 mil habitantes.
Uma das perguntas da pesquisa questionava sobre o que mais gostava de fazer em seu tempo livre. 30% responderam que são atividades de mídia (internet, redes sociais etc.) e a segunda opção foi ir ao cinema e ouvir música (25%).
Sobre as atividades realizadas no último ano, 99% responderam ouvir música e 60% foram ao cinema. Leiva comentou que na Europa esse índice chega a 52%. “O cinema está num patamar interessante”, completou.
Sobre atividades com maior grau de interesse, novamente o cinema aparece em destaque apontado por 54% dos entrevistados. Questionados sobre atividades que nunca realizaram, 10% dos entrevistados disseram nunca ter ido ao cinema.
Os gêneros mais citados são: ação (59%), comédia (54%) e romance (35%) e a preferência é por filmes dublados (73% contra 27% para legendados).
Outro destaque foi a boa avaliação dos filmes nacionais, apontado por 52% dos entrevistados. Mais de 200 produções foram lembradas. “De uma certa maneira, a diversidade que a gente tenta garantir na produção tem refletido na lembrança do público final”, comentou.
Sobre a compra de ingressos, 67% preferem direto na bilheteria contra apenas 14% que compram online.
Veja detalhes da pesquisa.
O público de cinema, como atingi-lo
Gabriel Gurman (Paris Filmes) apresentou as Estratégias de Lançamento no Cinema. O profissional disse que o mercado de cinema é ainda carente de pesquisas e que falta principalmente estudos retroativos.
Gurman citou o crescimento do parque exibidor nacional que já se aproxima das 3 mil salas e a renda obtida em 2014 com o cinema: R$ 147 milhões.
Ao citar o Top 10 Brasil 2015, que conta com grandes lançamentos como Vingadores: Era de Ultron, Velozes e Furiosos 7, Minions e Cinquenta Tons de Cinza, ele comentou que esses filmes representam 50% da renda de todas as produções, ou seja, resta aos demais filmes muita criatividade e trabalho para conversar e atrair seu público. “É preciso saber quem é o meu público e a melhor maneira de conversar com ele”, ressaltou.
Como case, o executivo apresentou a campanha de lançamento do O Pequeno Príncipe, que estreou em 20 de agosto e já há duas semanas consecutivas está em primeiro no ranking nacional de bilheteria.
Como estratégias de divulgação, Gabriel citou a experiência que a Paris teve com os “influenciadores”, blogueiros e pessoas influentes nas redes sociais que mobilizam muitos seguidores ao replicar conteúdos, além da escolha da atriz Larissa Manoela para a dublagem do filme.
Mostrou também como algumas empresas, de forma espontânea, atrelam conteúdo cultural a suas marcas como aconteceu com o Bradesco, que postou conteúdo fazendo referência ao filme.
Experiência da TV paga
Felipe Galvão (Fox International Channels) apresentou a Programação e Estatísticas em Canais de TV pago.
“Como profissional consumo muita cultura e às vezes a gente olha que o nosso gosto não reflete a realidade do mercado”, disse ao comentar as estratégias da Fox para atender uma nova demanda de consumidores, a Classe C.
Galvão explicou que a TV paga não estava preparada para receber esse público e que a Fox decidiu, a partir de 2008, apresentar todo o seu conteúdo dublado e que isso colaborou para o seu crescimento na audiência. Desde 2012 ela é líder.
Citou o case de Porta dos Fundos e sua estratégia. O programa foi colocado na grade antes de The Walking Dead, assim um conteúdo local auxiliou a audiência de um internacional e vice-versa.
Confira a galeria de fotos do Seminário da Spcine.
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