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27 Janeiro 2025 | Redação

Distribuidoras independentes fazem apelo por mais apoio na comercialização de filmes

Players do setor alertam para falta de editais no segmento e recursos escassos para o marketing

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(Foto: Divulgação)

No fim da semana a Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes (ANDAI) divulgou uma carta aberta manifestando preocupação com a falta de editais de comercialização da Ancine desde 2018. O texto descarta a possibilidade dos filmes não encontrarem seu público ou espaço nos cinemas pela falta de recursos em específico ao marketing, peça fundamental nos lançamentos. As informações são do Tela Viva. 

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Os profissionais demonstram apreensão em especial por ter havido a liberação de recursos para a produção de mais de 300 longas-metragens pela Lei Paulo Gustavo e, pela falta de apoio à distribuição, estes filmes e outros mais podem ter dificuldade de serem exibidos e encontrarem a sala escura. 

A carta toma como gancho o sucesso de Ainda Estou Aqui, que acaba de ser indicado em três categorias no Oscar, e se aproxima dos 4 milhões de público. O longa conta com uma ampla campanha de marketing e divulgação, tornando mais possível o sucesso do filme, que mostra também o apetite do público para o cinema nacional. 

Com isso, a ANDAI reforçou os termos da carta já divulgada durante a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em novembro de 2024. 

  • 1. Retomar a regularidade dos editais de comercialização, garantindo linhas de apoio previsíveis e contínuas para distribuição de filmes nacionais; 
  • 2. Dobrar o valor de investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) destinado à comercialização e difusão; 
  • 3. Estabelecer políticas públicas que contemplem a diversidade de tamanhos e perfis de lançamento, assegurando investimento mínimo de R$ 250 mil por projeto; 
  • 4. Fortalecer a formação de público, promovendo o acesso aos filmes brasileiros tanto nas salas de cinema quanto em outras plataformas.

“Sem distribuição, não há acesso. Sem acesso, não há reconhecimento. É fundamental que o mercado audiovisual brasileiro seja tratado com a seriedade e o respeito que merece, garantindo que nossos filmes cheguem às telas e ao coração dos espectadores”, destacam em trecho da carta. 

Confira a carta na íntegra abaixo:

 

Carta Aberta da ANDAI – Apelo à Imprensa

"'Ainda Estamos Aqui': enquanto o mercado e o Brasil celebram o sucesso do filme de Walter Salles, centenas de filmes estão sem recursos para distribuição

A Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes (ANDAI) vem a público manifestar sua preocupação com a falta de editais de comercialização por parte da ANCINE desde 2018. Este cenário coloca em risco o lançamento comercial de filmes nacionais, em especial das produções independentes, que representam a diversidade e a riqueza cultural de nosso país.

A previsão de produção de mais de 300 longas-metragens através dos recursos da Lei Paulo Gustavo é um marco para o setor. Contudo, a ausência de previsão de recursos destinados às campanhas de marketing coloca em xeque o alcance dessas obras junto ao grande público. Sem estratégias de distribuição e investimentos adequados, esses filmes correm o risco de não encontrarem audiência, comprometendo não apenas o retorno financeiro, mas também a formação de um público fiel ao cinema nacional.

Exemplos como o de "Ainda Estou Aqui", que conquistou o grande público e acumulou premiações, incluindo indicações ao Oscar, só são possíveis devido a altos investimentos em marketing e distribuição. Sem um ecossistema que garanta o suporte a essas campanhas, mesmo as produções mais promissoras podem se perder no caminho.

Atualmente, as distribuidoras independentes associadas à ANDAI enfrentam um futuro incerto para os lançamentos comerciais de 2025. A ausência de previsibilidade e recursos coloca em risco não apenas a sustentabilidade dessas empresas, mas também o acesso da população brasileira às obras que refletem sua própria cultura e identidade.

Diante disso, a ANDAI reforça os pontos apresentados na Carta de São Paulo, divulgada durante a 48a Mostra Internacional de Cinema, e conclama a imprensa e a sociedade a apoiarem a distribuição independente no Brasil. É urgente:

  1. Retomar a regularidade dos editais de comercialização, garantindo linhas de apoio previsíveis e contínuas para distribuição de filmes nacionais; 
  2. Dobrar o valor de investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) destinado à comercialização e difusão; 
  3. Estabelecer políticas públicas que contemplem a diversidade de tamanhos e perfis de lançamento, assegurando investimento mínimo de R$ 250 mil por projeto; 
  4. Fortalecer a formação de público, promovendo o acesso aos filmes brasileiros tanto nas salas de cinema quanto em outras plataformas.

Sem distribuição, não há acesso. Sem acesso, não há reconhecimento. É fundamental que o mercado audiovisual brasileiro seja tratado com a seriedade e o respeito que merece, garantindo que nossos filmes cheguem às telas e ao coração dos espectadores.

A ANDAI permanece à disposição para o diálogo e para a construção de um mercado audiovisual mais justo e plural. Contamos com a imprensa como parceira nesta jornada de valorização e fortalecimento do cinema brasileiro.

Por um futuro onde o cinema brasileiro brilhe em todas as telas!"

Atenciosamente,

ANDAI – Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes

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