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11 Outubro 2024 | Yuri Codogno

Mídias sociais se apresentam como forte aliada para as salas de cinema: "Temos que derrubar o mito que nas redes só está o público jovem"

Painel abriu o último dia da 11ª edição da Expocine

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(Foto: Créditos: Fabiano Battaglin)

Abrindo o último dia da Expocine 2024, o painel Entre trends, edits e estrelas: A influência das redes sociais na frequência de público nos cinemas debateu as mídias sociais como um método de se aproximar com o espectador. As perspectivas abordadas foram tanto da indústria, com a presença de dois distribuidores, quanto dos próprios criadores de conteúdo.

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Com moderação de Renata Vomero, editora do Portal Exibidor, participaram do painel: Aline Diniz, jornalista, produtora de conteúdo e apresentadora do canal Entre Migas; Antoine Clauzel, diretor do AdoroCinema; Igor Kupstas, diretor da O2 Play; Thiago Guimarães, produtor de conteúdo do canal Ora Thiago; e Camila Pacheco, diretora executiva de marketing da Sony Pictures.

O norte da conversa foi a pesquisa do TikTok sobre a própria rede influenciar a ida de 40% dos seus usuários aos cinemas. “É óbvio e notório que houve uma mudança no consumo de informações das pessoas que gostam de cinema. Quando comecei, era mais simples. Tinha uma maneira mais direta de se comunicar com os consumidores, seguia um certo padrão. Isso vem se modificando cada vez mais. Cada pessoa tem sua maneira de consumir e se informar, trouxe uma customização. Esse é um grande desafio nosso na maneira de se comunicar, de buscar essas audiências no TikTok. Não adianta pegar o material e apenas adaptar, precisa entender as redes sociais”, explicou Camila.

Aliás, a executiva também ressaltou que "temos que derrubar o mito que nas redes sociais só estão esse público jovem”, de modo que existem filmes para todo mundo e é necessário buscar esse público para oferecer um conteúdo personalizado. Por mais que as redes sociais sejam algo dentro de um aspecto macro (por exemplo, todos os usuários de determinada rede), o trabalho precisa ser micro em buscar e entender quem são essas audiências.

Antoine também vê com uma excelente notícia de que as redes sociais podem influenciar a ida aos cinemas, especialmente que, até recentemente, eram vistas como uma concorrente direta das telonas. "É uma excelente notícia ter uma geração mais nova. O cinema continua sendo uma ótima entrada cultural para eles. O segundo ponto é que vemos uma nova narrativa surgir nas redes sociais. É bom para a indústria. E as redes sociais estão evoluindo, algumas têm papel muito massivo, onde se consome mais conteúdo e se posta menos. E tem esses nichos que funcionam muito bem. Então essa dupla especificidade é muito importante”, disse o diretor do AdoroCinema.

O atual momento dos cinemas, com a exibição ainda se recuperando dos problemas enfrentados nos últimos anos e conseguindo levar um público mais jovem para dentro das salas, é uma quebra de paradigmas, como lembrou Thiago. Isso porque desde o começo da pandemia foi dito que as pessoas não queriam ir mais aos cinemas.

"O interesse pelo cinema pode existir se a gente tiver acesso às pessoas, se der opções para as pessoas assistirem”, disse Thiago. Além disso, lembrou que acesso não é apenas ao que está sendo lançado de inédito, mas também a conteúdos do passado, que muitas vezes não foram restaurados, não estão acessíveis em nenhuma plataforma, gratuita ou não, e faz o público apelar à pirataria para consumir.  

A mesa também comentou da importância dos conteúdos sobre filmes - e outras produções audiovisuais - estarem sendo divulgados em diferentes mídias e canais digitais, muito graças às redes sociais, mas também atentou sobre a própria experiência dentro da sala de cinema estar sendo prejudicada por pessoas que não sabem limitar seu próprio uso nos celulares. 

"O cinema está virando uma experiência de segunda tela? Porque nas sessões comuns estão no celular. A forma como a gente consome filmes no cinema mudou ou vai mudar, do mesmo jeito que mudou no modo que consumimos séries. Estamos vivendo uma mudança muito rápida em todas as plataformas e quero ver onde vamos chegar”, questionou Aline Diniz. 

Igor Kupstas, por sua vez, trouxe uma perspectiva diferente sobre os 40% dos usuários de TikTok que vão aos cinemas: onde estão os outros 60%? Na visão dele, apesar de ter muito conteúdo bom e muitos benefícios, as redes sociais estão ocupando tempo demais na vida das pessoas com, muitas vezes, conteúdos que não agregam muito valor. 

“Acho que o cinema pode ser a solução. Mas para algumas crianças e adolescentes o cinema pode parecer um castigo: 'desliga o celular e fica duas horas no escuro'. Eu queria que no cinema fosse proibido entrar com celular. Mas fico feliz quando escuto 'tem aquele perfil que ajuda milhares de pessoas a descobrir aquele filme'. E a gente, como indústria, precisamos fomentar esses influenciadores”, idealizou Igor.

Os produtores de conteúdo também fizeram um mea culpa sobre a categoria, ressaltando que é preferível estar junto ao espectador do que dizer o que deve ou não ser assistido, se afastando dessa posição de crítico. "A pessoa que consumir aquele conteúdo tem que se sentir atraída por ele. Então saímos desse lugar de 'sou dono da informação' para discutir com você. Nosso mote [no Entre Migas] é: 'se você gostou, você venceu', porque se gastou o valor do ingresso e três horas do seu tempo e gostou, você venceu. Percebi que tem muita gente se degladiando pelos conteúdos. E ao mesmo tempo a gente tenta colocar com nosso público de tentar entender o que não gostou daquele conteúdo. Isso te engrandece também”, disse Aline Diniz.

Além disso, é necessário aproveitar a hype criada pelos próprios espectadores, como foi o caso de usuários do TikTok que gravaram a saída do cinema cantando “Unwritten”, música tema de Todos Menos Você. Como consequência, foi algo extremamente positivo e motivou outros jovens a assistir um gênero difícil, que é a comédia romântica, antes dita como apenas gênero de streaming. 

Voltando aos distribuidores, Camila apresentou um outro lado das redes sociais que é a personalização de conteúdo para cada filme. “O cinema é coletivo, se a gente deixar isso claro nas nossas campanhas, mesmo uma geração não acostumada, pode ser visto de uma forma extremamente coletiva. Foi um prazer trabalhar ‘Todos Menos Você’ e verificar que existe um jeito de usar as redes sociais de atrair um público para ir ao cinema”, explicou Camila.

Além disso, segundo a diretora da Sony, existe um erro de achar que apenas a Geração Z está lá, de modo que as empresas precisam encontrar o público certo. Além de Todos Menos Você, um exemplo citado foi o de Bad Boys: Até o Fim nas redes, quando viralizou o Will Baiano, pela sua semelhança física com o ator Will Smith. E através disso foi possível ter um insight de usar a plataforma de forma criativa para conseguir atrair não apenas o público-alvo desse filme, de uma franquia nascida nos anos 1990, mas também uma geração mais jovem que se conecta melhor com os memes. 

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