13 Setembro 2024 | Gabryella Garcia
"Passagrana" quer elevar sarrafo do cinema brasileiro e aposta alto: "Vai mudar a visão de quem não gosta de filme nacional"
Filme inspirado em "Onze Homens e Um Segredo" chega aos cinemas em 19 de setembro para inaugurar o gênero "golpe" no Brasil
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Seja pelo elenco de peso, seja pela história envolvente ou pelo quê de ineditismo para produções brasileiras, Passagrana (Disney) chega aos cinemas no dia 19 de setembro cercado de expectativas e apostando alto em um bom desempenho. Considerado o primeiro filme nacional do gênero "golpe" pela própria Disney - ou heist para os cinéfilos mais tradicionais-, a produção pretende "chacoalhar" o mercado audiovisual e, como o próprio diretor Ravel Cabral destacou, "mudar a visão de quem não gosta de filme nacional".
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O filme narra a história de um quarteto de amigos formado por Zoinhu (Wesley Guimarães), Linguinha (Juan Queiroz), Mãodelo (Elzio Vieira) e Alãodelom (Wenry Bueno) que acaba se deparando com um roubo que pode mudar suas vidas e tirá-los da rua, onde sobrevivem aplicando pequenos golpes e correndo da polícia. Entretanto, os amigos acabam atravessando o esquema de policiais corruptos e, no desespero e temendo por suas vidas, eles se aventuram a realizar um grande assalto a banco. Além dos quatro protagonistas, o elenco também conta com Giovanna Grigio e Caco Ciocler, e participações especiais de Carol Castro, Irene Ravache, Marco Luque e Luciana Paz.
Em uma cabine realizada para exibidores no dia 8 de agosto, Thiago Pelli, Gerente de Distribuição da Disney no Brasil destacou a "pitada brasileira do golpismo barato" do filme e projetou cerca de 200 mil ingressos vendidos para o filme. O diretor Ravel Cabral, entretanto, em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor apostou mais alto e até fez um desafio para quem não gostar da produção. Em tom de brincadeira, disse que está aberto a receber críticas em seu perfil no Instagram.
"Quem assistir ao filme vai se divertir bastante e se manter sempre sendo pego de surpresa com uma coisa nova e bacana. Eu acho até, se você me permite a ousadia do que vou falar, gostaria que essas pessoas que falam que não gostam de filme nacional vissem Passagrana porque acho que esse filme vai mudar a visão delas. Queria até fazer uma espécie de desafio para que essas pessoas assistam o filme e, se não gostarem, podem ir no meu Instagram e falar mal de mim, não tem problema. Mas se gostarem, falem bem e admitam que gostaram do filme", disse aos risos. "Quem assistir a esse filme vai se divertir e vai gostar porque é um filme que tem senso de humor, é leve, é ágil e coloca o espectador nessa posição divertida e ao mesmo tempo que está torcendo pelos heróis do nosso filme, pensa que são heróis um pouco ambíguos. Como se trata de um filme do gênero de golpe, a gente também pega o espectador de surpresa várias vezes ao longo do filme", completou.
O gênero golpe ou heist, aliás, é uma novidade no cinema nacional. Com um quê de Onze Homens e Um Segredo e Truque de Mestre, o diretor admitiu que o filme protagonizado por Brad Pitt e George Clooney serviu de inspiração, mas fez questão de adaptar a história para a realidade brasileira, com elementos bem típicos como golpes aplicados em uma praça, e aproximar o filme da realidade vivida em nosso país.
"Eu estava assistindo a Onze Homens e Um Segredo, que é um filme que gosto muito, mas estava olhando e pensando que George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon, com aqueles ternos impecáveis, aqueles cabelos maravilhosos e a questão de roubar cassinos, no caso deles era mais uma espécie de estilo de vida, de adrenalina e esporte do que necessidade de dinheiro. Fiquei pensando que esse tipo de ladrão glamuroso no Brasil, a gente não tem espaço e nem tempo para isso. Fiquei pensando como seria um filme desse tipo dentro da 'nossa realidade'. Aliás, sinto que Passagrana não é um filme de assalto porque o assalto, como a própria palavra diz, é uma coisa violenta, súbita e impetuosa. Nosso filme é de golpe porque o golpe demanda certeza, astúcia e inteligência, então a ideia era fazer um filme onde esses personagens que vão fazer o golpe não têm os recursos que tinham em Onze Homens e Um Segredo porque lá eles têm dinheiro para caramba, tecnologia para caramba, explosivos modernos e tudo mais. Aqui eles não têm nada, eles só têm uns aos outros, a lealdade, o sentimento de irmandade e a própria criatividade. Esse era o nosso desafio", explicou.
O sentimento de irmandade citado pelo diretor, inclusive, não coube apenas nas telonas e foi transportado para a vida real. Os protagonistas Wesley Guimarães e Wenry Bueno fizeram questão de destacar essa conexão do elenco em um bate-papo com a imprensa. "Foi muito legal fazer esse filme e também uma experiência gigantesca de imersão, trabalho e pesquisa. Ficamos [nós quatro] morando juntos um tempo no hotel e ficamos muito amigos. É um projeto muito especial que tenho no meu coração e acredito muito nesse filme. É uma ideia que a gente acreditou desde o início, desde quando lemos o roteiro, fizemos os testes e começamos a ensaiar. Vibramos desde o início com esse filme", destacou Wesley. "É um projeto incrível e é legal porque o público fica ansioso assistindo e apaixonado pelos quatro amigos. Fica na torcida e achando que não vai dar certo, então o filme te leva para vários lugares", completou Wenry na sequência.
Em relação à estreia nos cinemas, o diretor Ravel Cabral destacou que as expectativas são excelentes, mas também lamentou o fato de ter que fazer um apelo para que o público assista ao filme em sua primeira semana para que possa se sustentar e, assim, criar um boca-a-boca positivo. Além disso, ele citou uma competição desleal com produções de Hollywood, mas elogiou o cinema brasileiro e também falou sobre a experiência inigualável de assistir um filme nas telonas de um cinema.
"É importante ter políticas para o cinema nacional, como a Cota de Tela, porque na verdade nós disputamos espaços, salas de cinema e atenção de espectadores com produções internacionais muito grandes e muito endinheiradas que tem uma capacidade de marketing muito grande. É uma realidade diferente da nossa, mas acho que essa retomada do público ir aos cinemas para prestigiar produções nacionais também acontece porque sinto que estamos com filmes nacionais cada vez melhores, cada vez mais divertidos e mais ousados. Fico feliz de Passagrana estar dentro de um contexto maior do cinema nacional acontecendo com muito vigor e muita qualidade técnica, criativa e artística. Acho que certos filmes, e Passagrana para mim é um bastião nesse sentido, merecem a experiência da sala de cinema porque são filmes que usam a imagem e o som, essa experiência que é física de você estar dentro de uma sala de cinema, e também Passagrana é um filme divertido de assistir junto com outras pessoas porque esse fenômeno de rir junto com as pessoas é muito legal de dividir essa sensação com outros que estão do seu lado. É um orgulho tremendo para mim que Passagrana vá estrear nos cinemas e tenho a nítida sensação de que ele vai ter um desempenho muito legal", encerrou.
Para que as expectativas sejam cumpridas, Passagrana, que é produzido pela INTRO Pictures em coprodução com a Star Original Productions e distribuição da Star Distribution, terá cinco semanas de veiculação, que já estão em andamento, com mais de mil iniciações na programação dos canais do grupo Disney no Brasil.
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