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30 Agosto 2024 | Yuri Codogno

Próximos de lançar "Fantasma", executiva da Elo Studios e produtor comentam a distribuição de filmes latinos no Brasil

Portal Exibidor conversou com Sabrina Nudeliman Wagon e Tiago Tambelli

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(Foto: Divulgação)

O filme chileno Fantasma é o próximo título da Elo Studios que será lançado no Brasil. Dirigido por Martín Duplaquet, o longa já foi exibido no país no ano passado, durante a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e estreia comercialmente no dia 12 de setembro. Para falar um pouco sobre a produção e os desafios da distribuição latina em nosso território, o Portal Exibidor conversou com Sabrina Nudeliman Wagon, CEO da Elo Studios, e Tiago Tambelli, co-produtor de Fantasma. 

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Na trama, acompanhamos a história de José, um chileno cuja vida se desmorona: sua esposa o deixou, foi traído pelo amigo de infância, está desempregado, sem dinheiro e com dívidas. Mas após uma ida ao banco e perceber a fragilidade de uma transação de venda, José decide entrar no crime, formando a gangue de assaltos a bancos mais notória da história do Chile. O longa é inspirado no caso real do ladrão de bancos Juan Abello, que atuou em Santiago entre 2006 e 2012.

“‘Fantasma’ chamou a atenção da Elo Studios por sua combinação única de gêneros. Trata-se de um filme que mistura comédia, ação, policial e thriller, criando uma narrativa dinâmica e envolvente. Essa abordagem tem atraído o público e alcançado sucesso nas bilheterias, como vimos com ‘Medida Provisória’, que distribuímos em 2022. Além disso, o fato de o filme ser baseado em eventos reais confere um peso emocional e uma autenticidade que conectam o espectador à história. Outro ponto importante é o elenco, que reúne grandes nomes da dramaturgia latino-americana, agregando ainda mais valor e apelo ao filme”, disse Sabrina. 

O filme possui uma trama universal que retrata uma história capaz de atingir públicos de qualquer país, além de fazer uma crítica ao sistema capitalista. Por essas razões, é esperado que Fantasma tenha boa adesão do público brasileiro, sendo capaz de gerar identificação e também uma ótima dose de entretenimento. Na visão de Tiago, é uma obra que “definitivamente vale o ingresso”. 

E falando em ingresso, entra a questão de como trabalhar com as produções dos países latino-americanos, que oferecem conteúdos diferentes do que os filmes de Hollywood e Europa. Além disso, a distribuição desses títulos percorre caminhos diferentes dos que são produzidos no Brasil e nos países do hemisfério norte. 

“O público brasileiro se identifica mais com histórias e personagens latino-americanos, por compartilhar dilemas e contextos culturais semelhantes. O cinema latino tem uma autenticidade que ressoa profundamente com os brasileiros, tornando essas produções mais próximas e acessíveis. Já os filmes dos EUA e da Europa frequentemente adotam uma abordagem mais distante, tanto em termos de cultura quanto de estilo narrativo. Para nós, trabalhar com o cinema latino é sempre uma oportunidade de explorar histórias que falam diretamente ao coração do público local”, explicou Sabrina. 

Entre os desafios em trabalhar com produções de países sul-americanos, com exceção do Brasil, está o número ainda limitado de salas de cinema no Brasil que recebem tais filmes. Para contornar tal cenário, seriam necessárias políticas públicas que incentivem a expansão do parque exibidor, bem como um apoio governamental contínuo para garantir que filmes sul-americanos possam competir em condições iguais com as grandes produções internacionais e os longas nacionais.

“Um dos principais desafios para alcançar o mercado sul-americano é a construção de parcerias de confiança com produtores estrangeiros. Posso afirmar, após realizar dois longas-metragens de ficção com o Chile, que essa é a chave para um bom projeto. Escolher bem o coprodutor é uma decisão crucial. Outro desafio são as diferenças culturais entre os países, que devem ser superadas explorando o cinema como uma linguagem universal que nos aproxima. O momento atual, com o investimento do FSA, é de crescimento das coproduções internacionais, abrindo um grande mercado que pode beneficiar tanto os produtores médios quanto os grandes, interessados em criar filmes e séries que atraiam o público sul-americano”, disse Tiago.

A declaração de Tiago vai de acordo com as novas políticas internacionais do setor audiovisual que os países do bloco Mercosul estão adotando. Recentemente, durante a LXIV Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum do Mercosul, foi assinado o Acordo de Coprodução Cinematográfica e Audiovisual do Mercosul, uma resolução que visa aumentar as parcerias audiovisuais entre Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai, cujos ministros de relações internacionais assinaram uma ata de ratificação do assunto.

Segundo Sabrina, um próximo passo importante seria adotar um modelo de cotas e políticas de apoio semelhantes aos que encontramos na Europa, especialmente o da União Europeia, que conta com um sistema sólido de incentivo à produção e distribuição regional. Dessa forma, cinemas e emissoras de TV seriam obrigados a reservar uma porcentagem de sua programação para conteúdos nacionais e de outros países europeus, garantindo que os filmes produzidos dentro da região encontrem espaço e visibilidade, fortalecendo a indústria como um todo. 

“O modelo do Mercosul, por outro lado, ainda está em um estágio inicial. Embora o acordo de coprodução seja um grande avanço, falta uma política unificada de distribuição e exibição. Precisamos criar mecanismos de defesa de mercado que incentivem a circulação de filmes sul-americanos dentro da própria América do Sul. Um sistema de cotas, como o europeu, seria uma forma eficaz de garantir que as produções regionais tenham maior acesso às salas de cinema. Além disso, seria interessante criar fundos de incentivo à coprodução e distribuição de filmes entre os países membros, ampliando as possibilidades de financiamento e visibilidade”, detalhou Sabrina. 

Tiago, por sua vez, concordou que o que mais falta para a formação de público para filmes sul-americanos é o intercâmbio cultural e política de investimento na distribuição. Assim, a cota de telas viria para garantir a participação dessas produções no mercado exibidor.

Fantasma é um dos próximos filmes que colocará à prova a distribuição de produções latinas no Brasil. Além de Willy Semler e Darío Lopilato nos papeis principais, completam o elenco Claudia di Girolamo, Elisa Zulueta, Daniel Muñoz, Nestor Cantillana, Solange Lackington, Bárbara Ruiz-Tagle e Diego Ruiz Álvaro Viguera. 

O trailer pode ser conferido abaixo:

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