06 Agosto 2024 | Redação
Apenas 30% das protagonistas dos filmes de maior bilheteria de 2023 eram mulheres, o pior percentual desde 2010
Estudo da Annenberg da USC avaliou os 100 filmes de maior bilheteria do ano passado
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Barbie (Warner) sem dúvidas foi o maior fenômeno cinematográfico de 2023 e passou um recado para a indústria de que mulheres vendem filmes feitos por, e para mulheres. Mas, apesar do sucesso de bilheteria do filme dirigido por Greta Gerwig e focado em um elenco diversificado de mulheres, uma pesquisa da Iniciativa de Inclusão Annenberg da USC mostrou que apenas 30% dos papéis principais nos 100 filmes de maior bilheteria de 2023 foram ocupados por mulheres. As informações são dos portais Deadline, The Hollywood Reporter e IndieWire.
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O percentual de apenas 30% dos papéis principais ocupados por mulheres representa uma queda de 14% em comparação ao ano de 2022 e, sendo assim, o estudo apontou que o número de mulheres protagonistas atingiu o pior patamar desde 2010. Além disso, a pesquisa também mostrou que apenas 32% de um total de 5.084 personagens falantes nos principais filmes de 2023 eram mulheres. No total a Iniciativa de Inclusão Annenberg da USC analisou 1.700 filmes e o percentual de apenas 32% de mulheres com alguma fala nas produções é o menor patamar desde 2007, primeiro ano em que o estudo foi realizado.
O estudo deixou clara a queda do protagonismo feminino nas produções de Hollywood, mas a tendência se estende para outros grupos minorizados. Nos 100 filmes de maior bilheteria de 2023 apenas 1,2% dos personagens falantes eram LGBTQIAP+, 3% dos protagonistas ou coprotagonistas tinham 45 anos ou mais, e apenas 2,2% dos personagens com alguma fala foram retratados com alguma deficiência. Outro ponto que chama a atenção e revela a falta de diversidade é o fato de que entre os mais 9.000 personagens analisados em 200 filmes de grande sucesso, não houve um único personagem transgênero que falasse ou fosse nomeado.
"Não importa como você examine os dados, 2023 não foi o 'Ano da Mulher'. Continuamos a relatar as mesmas tendências para meninas e mulheres na tela, ano após ano. Está claro que há uma rejeição das mulheres como público para mais de um ou dois filmes por ano, uma recusa em encontrar maneiras de criar mudanças significativas, ou ambos. Se a indústria quiser sobreviver ao seu momento atual, ela deve examinar sua falha em empregar metade da população na tela", disse a chefe da Iniciativa de Inclusão Annenberg da USC, Dra. Stacy L. Smith.
Embora a representação de diferentes grupos étnicos e raciais nas telonas tenha se aproximado da realidade populacional dos Estados Unidos desde 2007, muitas produções ainda falham nessa representatividade. Desde o início dos estudos o percentual de personagens brancos caiu de 78% para 56% enquanto o de personagens asiáticos subiu de 3% para 18%. No geral, a pesquisa apontou que o percentual de personagens de grupos sub-representados fica em 44%, próximo ao percentual da população dos Estados Unidos que se identifica como parte desses grupos, que é de 41,1%.
Mas, apesar dessa melhora, em 2023 foram produzidos 99 filmes sem nenhuma mulher indígena ou nativa do Alasca ou Havaí, 81 filmes sem uma mulher do Oriente Médio ou Norte da África, 62 filmes sem mulheres hispânicas ou latinas, 56 filmes sem uma mulher multirracial, 49 filmes sem uma mulher asiática, 39 filmes sem mulheres negras, e 12 filmes sem mulheres brancas.
Para além da representação nas telonas, os números da pesquisa também não foram dos mais animadores atrás das câmeras. O percentual de mulheres diretoras nos principais filmes de 2023 foi de 12% e, apesar de ser maior do que os 9% registrados em 2022, ainda está longe do ideal. Desde o início do estudo em 2007, 98 mulheres, sendo 25 mulheres não-brancas, dirigiram todos os filmes analisados, enquanto o número de homens diretores foi de 878. Em 2023, especificamente, apenas 12,1% dos diretores por trás dos 100 filmes de maior bilheteria eram mulheres, com 87,9% sendo homens. Em termos de diversidade racial entre cineastas em 2023, apenas 21,6% eram de grupos raciais e étnicos sub-representados, enquanto 78,4% eram brancos.
"A receita para criar inclusão não muda de ano para ano. Defendemos as soluções do relatório há vários anos, mas, a menos que executivos e outros tomadores de decisão ouçam e façam escolhas diferentes, não veremos resultados diferentes. As legislaturas estaduais dos Estados Unidos miraram contra a diversidade e inclusão, e a indústria do entretenimento parece muito apática ou muito medrosa para usar as ferramentas em seu arsenal para refletir de volta para seus consumidores o mundo que existe, em vez de uma representação distorcida da população", finalizou Dra. Stacy L. Smith.
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