08 Junho 2024 | Yuri Codogno
Painel apresenta caminhos alternativos para produtoras independentes alcançarem a distribuição cinematográfica
Painel abriu o penúltimo dia da edição de 2024 do Rio2C neste sábado (8)
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As grandes bilheterias costumam ser dos blockbusters, com filmes geralmente distribuídos pelas majors e por grandes distribuidoras nacionais. Tal situação ocasiona na dificuldade que as produtoras independentes encontram para conseguir estrear seus filmes nos cinemas, pois são muitos filmes de menor orçamento para as poucas boas janelas de lançamento que sobram e que podem gerar boas receitas. Desta forma, são muitos projetos disponíveis para poucas distribuidoras no mercado.
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Para isso, é preciso ter um planejamento bem definido para conseguir obter os resultados esperados. Pensando nesses desafios, o Rio2C 2024 trouxe o painel “Estratégias de Distribuição para Produtores Independentes”. Os especialistas que conversaram sobre o assunto são: Talita Arruda, distribuidora, curadora e fundadora da produtora Fistaile; Cavi Borges, fundador e diretor da Cavideo Produções; o diretor criativo Jairo Neto; e o moderador Felipe Lopes, sócio-diretor da Vitrine Filmes.
“O cinema é uma ferramenta que a gente tem para se colocar para o mundo. Gosto de pensar como a gente comunica os nossos filmes e nossas ideias. A minha experiência me trouxe a oportunidade de vislumbrar a audiência em diferentes janelas. No ofício da distribuição, quando a gente se comunica, precisa pensar na janela, no perfil dos filmes e, principalmente, em entender que estamos falando com pessoas, que são feitas de vivências”, disse Talita.
Além disso, estar antenado nas mudanças que estão acontecendo se mostra essencial, assim como entender que cada filme tem um perfil e público diferente. Então uma boa estratégia é pensar em algo único, compreendendo o filme e planejando todas as possibilidades de janelas, não apenas dentro do cinema.
“A gente sempre enfrenta esse lugar de para quem vamos comunicar, para quem faremos nossos filmes e como chegaremos nessas pessoas. Algo que trazemos na distribuição é entender cinema no plural e público no plural, porque a chance de erro é grande porque existem especificidades. E como a gente pensa em distribuição como comunicação para público final”, explicou Felipe.
Um facilitador também é pensar na distribuição desde o pensamento criativo, entendendo que pode ser realizada desde a concepção do roteiro, como também foi dito no painel “Do Papel para a Tela: Os Elos Necessários Entre Desenvolvimento e Distribuição”. Tal método se alinha à possibilidade de fazer um desenho prévio da audiência final, tanto no cinema quanto em outras janelas de exibição.
O mais comum é visar uma estratégia de distribuição nacional, mas trabalhar em algo menor, como na região, estado ou até mesmo em apenas uma cidade pode ser de alta eficiência. Claro que se o filme tiver mais relação com determinado local vai ajudar, mas qualquer lançamento pode fluir por esse trajeto. Um ótimo exemplo é Cine Holliúdy, lançado em 2013 apenas no Ceará e, após enorme sucesso local, foi distribuído para o resto do Brasil, superando impressionantes 480 mil ingressos vendidos em todo território nacional.
Apesar das ideias, ainda podem haver outros desafios e até impedimentos para a distribuição, então muitas vezes podem ser necessários outros caminhos para alcançar os cinemas. Cavi Borges contou um: “Não precisa de uma distribuidora para distribuir o filme. A Ancine não exige isso. Uma produtora pode fazer”. Vale lembrar, entretanto, que tal processo não é válido para editais, continuando, nesses casos, a necessidade de uma empresa de distribuição.
Um diferencial na divulgação do filme também pode ser útil, pensando em um evento de dia único - ao invés de gastar muito dinheiro com uma tentativa de distribuição que pode se mostrar não muito eficiente. Caso vá bem nesse evento, pode criar outro e aí por diante, conseguindo despertar o interesse de alguma distribuidora para o filme entrar em circuito comercial. “Outra ideia é inventar um festival para passar o filme, porque está difícil até entrar em festival”, brincou (falando sério) Cavi Borges.
Mas para todos os meios apresentados - e também para potenciais outros que possam ser utilizados -, uma coisa se torna primordial: se associar às pessoas, unindo forças e potencializando a qualidade de cada um. Afinal de contas, cinema não se faz sozinho. E também é importante lembrar que não há tantas distribuidoras disponíveis na indústria (especialmente por ser um mercado complexo e de difícil adesão), estão fomentos para o segmento é algo que pode ajudar no surgimento de mais empresas especializadas em distribuição.
Pelo lado dos criadores e produtores, entender o perfil de cada distribuidora é importante, de modo que cada projeto vai se encaixar em uma diferente empresa de distribuição. Porque cada filme é um filme, assim como cada distribuidora possui sua própria especificidade.
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