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07 Junho 2024 | Yuri Codogno

Trabalho em conjunto entre roteiristas, produtores e distribuidores tende a ser o diferencial para uma produção de qualidade

Painel "Do Papel para a Tela: Os Elos Necessários Entre Desenvolvimento e Distribuição" debateu a questão no Rio2C 2024

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(Foto: Portal Exibidor)

O processo que um filme leva para sair do papel e estrear nas telonas é complexo e passa por diversas camadas dentro da indústria, como sabemos. Mas existem caminhos para que seja suavizado, ocasionando em menos tempo entre concepção da ideia e a estreia - o que por sua vez ajuda a reduzir os custos - e também uma produção com uma qualidade superior. 

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Visando elucidar sobre o que pode ser feito, o painel “Do Papel para a Tela: Os Elos Necessários Entre Desenvolvimento e Distribuição”, que aconteceu hoje (7), no Rio2C 2024, e trouxe importantes criadores e players do mercado para debater a questão. Estiveram presentes: Simone Oliveira, Head da Globo Filmes; Veronica Stumpf, diretora da Paris Filmes e da Paris Entretenimento; Patrícia Andrade, roteirista com mais de 15 longas filmados; e moderação de Débora Lucas, produtora na Camisa Listrada.

"Acredito que um projeto não é compartimentado, é um grande bloco. Quanto mais cedo as parcerias são estabelecidas, se sei qual será meu distribuidor e minha produtora, melhor o projeto vai ficar. E isso tem que ser feito à base de respeito, não de imposição. A partir do momento que começamos a escrever com uma camisa-de-força, acho que poucas pessoas conseguem render. E não acho que uma parte seja mais importante do que outra”, disse Patrícia. 

Verônica e Simone, que são outros elos desse mercado, concordam com a visão da colega e também passaram suas perspectivas com uma visão oriunda da indústria. No caso, é consenso que estabelecer uma relação de diálogo e de tolerância dos objetivos entre produtora, roteirista e distribuidor é essencial, de modo que todos os envolvidos estejam na mesma página. 

Um exemplo citado foi o filme Dois Filhos de Francisco (2005), que foi encomendado e distribuído pela Sony, além de ter contado com coprodução da Globo Filmes e roteiro assinado por Patrícia. O envolvimento entre todos os elos foi desde o início do projeto, com bastante tempo para a equipe de criação - incluindo a roteirista - trabalhar. No final das contas, o filme só começou a ser rodado após a conclusão do 14º tratamento do roteiro, que contou com muitos debates entre toda a equipe e pesquisa, favorecendo não só o processo, como também o resultado final.

"O desenvolvimento não é tão valorizado quanto deveria. Quanto mais tempo tem para isso e mais informação, melhor ficará o trabalho", explicou Patrícia.

Sobre a questão de disponibilizar tempo para o projeto, Veronica acrescentou: “A gente tenta se organizar prevendo o máximo de tempo possível para o desenvolvimento. A importância de ter o tempo do argumento, da escaleta e do roteiro. Filmamos Homem com H (Paris Filmes) em sua versão 17 [do roteiro]. Quando a gente procura fazer um projeto, procuramos um cronograma para que o tempo dos criadores seja respeitado. Nem sempre é possível, às vezes temos demanda por conta de calendário por atores, por diretores, entre outros motivos. Mas estamos aprendendo a lidar com esse processo e criamos um orçamento dentro da empresa para lidar com desenvolvimento. Quanto mais investir nessa etapa, melhor será nosso resultado”.

A mesa também comentou sobre uso de dados, de modo que possa servir como apoio para os criadores. A ideia não é dizer “vamos fazer assim”, mas usar essas informações para dar ideias e sugestões, com o próprio roteirista decidindo como usar - ou se usar - tais informações. O histórico que cada empresa tem também é útil, disponibilizando ferramentas que ajudem o criador a saber o que o público quer ver, com o roteirista possuindo liberdade para criar uma história que faça sentido para determinado público. 

Foi abordada também as questões que facilitam a escolha de um projeto. “Atualmente, um argumento bem desenvolvido é bom para aceitarmos projetos. Mas o ideal é ter um primeiro tratamento de roteiro em que o roteirista e produtor estão felizes”, disse Simone. “Pode ser um argumento bem descrito em seus atos e seus personagens, público-alvo, não necessariamente um argumento de 20 páginas. Mas não impede a gente de trabalhar com ideias, de modo que a gente vá buscar os parceiros para desenvolver”, complementou Veronica.

Pelo lado do criador, também foi destacado que uma ideia não dá um filme, sendo muito importante saber o que está escrevendo, de preferência com conflito e uma base sólida em sua história. Um consenso entre as participantes é que, se o criador souber o orçamento disponível, também ajuda na criação da história, evitando escrever cenas que, por questões financeiras - ou força maior -, não têm condições de serem filmadas. E pensar no cinema como uma experiência é preciso, visto que uma produção necessita ser atrativa para fazer boa bilheteria. 

Por fim, comentaram sobre como o(a) roteirista tem sido subvalorizado nos últimos anos e que mantê-lo na equipe mesmo após entregar o tratamento final é algo essencial.

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