27 Março 2024 | Redação
"Domingo à Noite" aborda questão do Alzheimer para reforçar a importância da memória e identidade
Para além da condição clínica, elenco destacou a importância da produção para o aprendizado e evitar que erros cometidos no passado se repitam
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Domingo à Noite (O2 Play) é um filme nacional que chega às telonas na próxima quinta-feira (4) falando sobre uma história de amor e também relações familiares que têm o Mal de Alzheimer como plano de fundo. Para além da questão da doença, o elenco do filme também destacou a importância do filme para jogar luz sobre a questão da memória - em todos os seus sentidos - até mesmo na construção da identidade de um povo e de seu país.
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O Portal Exibidor esteve presente em uma cabine de exibição na última terça-feira (26), seguida de uma entrevista coletiva com parte do elenco, onde os atores reforçaram a importância do filme na questão da memória, até para não repetir erros do passado, e uma mensagem que transcende a questão clínica causada pelo Mal de Alzheimer.
Na trama, Margot, vivida por Marieta Severo, tem 75 anos e é uma das maiores atrizes do Brasil. Ela é casada há mais de 50 anos com Antônio (Zé Carlos Machado), um escritor premiado e sofrendo Mal de Alzheimer avançado. Enquanto ela luta para manter a independência do casal e cuidar do marido sozinha, ela também enfrenta grandes dificuldades internas para finalizar seu último filme. Porém, mais importante, ela luta para manter o amor vivo diante da falta de memória do marido. Em dado momento, diante de questões e conflitos familiares com os filhos, Margot descobre que também tem a doença e acaba precisando se reconectar com os filhos para manter a independência e poder morrer em paz.
O cinema nacional, como já vem sendo destacado pelo Portal Exibidor, vive um momento de êxtase. No mês de janeiro, por exemplo, houve um aumento de 2200% nas vendas de ingressos para filmes nacionais. Mas, para além das expectativas de sucesso nas bilheterias, Marieta Severo destacou a importância em um contexto mais amplo, indo além do Mal de Alzheimer, até mesmo para a construção de uma memória coletiva que reverbere em todo o país, citando inclusive o período da ditadura.
"Eu tinha na mão a oportunidade de falar de uma coisa muito importante. Estou com 77 anos, então é claro que essa sombra de perder a memória começa a ficar muito presente e você começa a ver que sua vida é o que você viveu e te leva para o que você tem a viver. A memória é fundamental, não só pessoalmente, mas também a memória do país e o que ela nos ensina e nos faz não querer de novo uma ditadura. Eu tenho a memória dela [ditadura] e é importante conhecer essa memória. Falar disso é fundamental e muito importante. Esse roteiro também me deu um senso de que precisava falar disso e fazer isso", destacou a atriz.
Natália Lage dá vida a Francine na produção, filha de Margot, e também destacou a importância de se preservar a memória em uma concepção mais ampla da palavra, destacando que o filme deu a oportunidade de abordar esse tema e jogar luz sobre a importância do aprendizado que está intrínseco na questão da memória.
"É muito importante levantar essa questão da memória porque vivemos em um tempo, em um país sobretudo, que não tem memória e as pessoas esquecem as coisas muito rápido. Para além das milhões de camadas que o filme tem, essa reflexão sobre a identidade da memória e o que constitui a gente e o quanto perder ela pode ser assustador, é um esforço para a gente manter nossa identidade. É uma alegria muito grande porque é um filme importante e contundente porque além da doença, a questão da memória é muito importante", disse.
Domingo à Noite estreou no Festival do Rio 2022 na categoria Hors Concours Novos Rumos, esteve no Montreal Independent Film Festival 2022, e foi o único longa brasileiro selecionado para a mostra virtual Boston Film Festival 2022. O longa também esteve no Madrid Film Awards (MADFA) 2023, em que Marieta Severo recebeu o prêmio de Melhor Atriz por sua atuação.
A ideia do filme, que é dirigido por André Bushatsky, surgiu a partir de uma experiência pessoal do roteirista Bruno Gonzalez após a morte de seu avô e o surgimento dos primeiros sinais de demência em sua avó. Quando Bruno começou a desenhar o roteiro, foi percebendo que a demência e o Mal de Alzheimer afetam muitas famílias. “Quis contribuir para essa reflexão, para pensarmos em como agir, em como compreender o sentimento de quem está passando por isso”, finalizou o roteirista.
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