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16 Janeiro 2024 | Redação

Estudo mostra que há menos denúncias de assédio em Hollywood por falta de confiança nos estúdios

Pesquisa mostrou que 31% dos trabalhadores de Hollywood não pensam em fazer denúncias de assédio por acharem que estúdios não tomarão medidas adequadas

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(Foto: Divulgação)

A Comissão Hollywood de 2023, fundada pelas presidentes da Lucasfilm, Kathleen Kennedy e Nina Shaw, apontou em seu mais recente relatório que menos pessoas estão denunciando assédio no local de trabalho. Isso não se deve à diminuição dos casos, mas sim pelo conhecimento compartilhado entre as vítimas de que os estúdios não responderão adequadamente pelos casos de assédio.

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A falta de medidas dos estúdios com os assediadores tem reflexo no desenvolvimento da carreira de uma série de pessoas na indústria do entretenimento, com a pesquisa descobrindo que 31% dos trabalhadores, entre 5.259 pessoas entrevistadas, não se preocupam em denunciar casos de assédio no local de trabalho porque "não acreditavam que algo seria feito" pelos departamentos de recursos humanos. As informações são do IndieWire.

Em comparação com o estudo anterior, feito em 2020, os números representam 24% menos confiança nos estúdios para tomarem algum tipo de medida contra os assediadores.

"O problema é grave em toda a indústria - nas produções independentes, muitas das quais carecem das estruturas e sistemas dos grandes estúdios, e nos próprios grandes estúdios, onde 71% dos trabalhadores acreditam que é improvável que uma pessoa poderosa seja detida ou responsabilizada", diz trecho do estudo.

A Comissão de Hollywood foi criada em 2017 e na mais recente pesquisa, 53,6% dos entrevistados se identificaram como mulheres. O estudo inclui discussões sobre assédio sexual, bullying e preconceito e discriminação no local de trabalho.

"As percepções de responsabilização pioraram nos últimos três anos – e sem responsabilização, haverá uma cultura permissiva e um clima de assédio", diz o relatório. "Para que os sistemas funcionem, os trabalhadores devem acreditar que as suas vozes serão ouvidas e que os seus relatórios serão significativos – que algo será feito", complementa.

Além dos dados apontados pela Comissão de Hollywood sobre a falta de confiança ao se fazer uma denuncia, o recente relatório Celluloid Roof, da San Diego University, e o estudo de 2023 da USC Annenberg sobre inclusão e diversidade na indústria, apontam que cineastas mulheres criaram menos convencionais desde 2020. A coincidência entre os estudos se dá pelo fato de que, de acordo com a Comissão de Hollywood, 2020 foi o ano em que houve a maior confiança nos estúdios de que tomassem medidas contra abusadores e assediadores. De lá para cá, entretanto, a confiança nos estúdios e presença de mulheres como responsáveis pela criação de filmes despencou.

Anita Hill, presidente da Comissão de Hollywood, disse ao Deadline que ainda não existe uma responsabilização universal ou mesmo o reconhecimento de que o assédio ainda é "um problema na indústria".

"O que penso que aconteceu é o fato de as pessoas estarem cada vez mais conscientes do que é um comportamento inaceitável no local de trabalho. E esse é realmente um dos primeiros passos para criar mais responsabilização. Criar mais ações para realmente mudar o comportamento. A indústria do entretenimento é a cara da população, é onde as pessoas se veem ou não se veem. Vimos ao longo dos últimos anos, em diversas organizações, que os seus trabalhadores se uniram com uma maior consciência, com a compreensão de que trabalhar para eliminar a discriminação e o assédio nas suas organizações será melhor para todos os que trabalham nessas organizações. (...) já vimos alguns casos de grande repercussão e, embora envolvam normalmente uma organização ou uma pequena população, são exemplos do que pode acontecer quando as pessoas levam a sério a responsabilização", disse Hill.

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