03 Janeiro 2023 | Renata Vomero
Representação feminina e racial em Hollywood cai em 2022, apontam estudos
Análises da Universidade de San Diego e da Universidade do Sul da Califórnia mostram indicativos
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Nesta segunda-feira (2), foram divulgas análises da Universidade de San Diego, o relatório anual The Celluloid Ceiling, e da Universidade do Sul da Califórnia (USC), The Annenberg Inclusion Initiative, em ambas foram apresentadas uma queda ou estagnação no crescimento de mulheres e pessoas não-brancas trabalhando na indústria, especialmente em cargos de destaque, como de direção, em especial.
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O estudo de San Diego observou os 250 filmes de maior bilheteria dos últimos 25 anos, entre eles foram destacados os 100 filmes de melhor desempenho de 2022: 11% foram dirigidos por mulheres. Uma queda de 1% com relação ao ano passado, com relação aos 250 de maior destaque para o público, 18% foram dirigidos por mulheres, um crescimento de também 1%. As informações são do Deadline e IndieWire.
Somando outros cargos como direção, roteiro, produção executiva, edição e direção de fotografia, 24% dos 250 filmes de maior bilheteria de 2022 contaram com mulheres ocupando esta posição, outra queda de 1% com relação a 2021, no entanto, um aumento de 7% com relação a 1998, primeiro ano em que o relatório foi lançado e que apontou número de 17%.
Entre os 250 melhores filmes de 2022, segundo o relatório, as mulheres representavam 19% dos roteiristas, 25% produtoras executivas, 31% das produtoras, 21% das editoras e 7% das diretoras de fotografia. Mas isso significava que 93% desses filmes não tinham diretoras de fotografia, 91% não tinham compositoras, 80% não tinham diretoras, 75% não tinham editoras e 70% não tinham escritoras.
Mais do que isso, o estudo notou outra correlação interessante e até óbvia que tanto debatemos no mercado nos últimos anos. Filmes que contavam com pelo menos uma diretora mulher também apresentavam uma maior equipe feminina.
“Em filmes com pelo menos uma diretora, as mulheres representavam 53% dos roteiristas e 39% dos montadores. Nos filmes com diretores homens, as mulheres representavam 12% dos roteiristas e 19% dos montadores. Essas são diferenças não triviais”, comentou Dra. Martha M. Lauzen, fundadora e diretora executiva do Centro de Estudos de Mulheres na Televisão e Cinema da Universidade de San Diego, que comanda esse estudo.
Já a análise da USC observou a presença de mulheres e profissionais de comunidades sub-representadas na indústria. O programa estuda os filmes de maior bilheteria lançados entre 2007 e 2022. Entre os 100 filmes de maior bilheteria analisados em 2022, 9% foram comandados por diretoras, diferente dos 12,7% de 2021. Entre as mulheres negras, o número é ainda mais dramático: 2,7% em 2022. Vendo os últimos 16 anos, esse número cai para 1,3% e 5,6% de mulheres diretoras no geral.
Apenas dez diretoras constam na lista dos 100 melhores filmes lançados nos Estados Unidos em 2022: Olivia Newman (Um Lugar Bem Longe Daqui), Gina Prince-Bythewood (A Mulher Rei), Olivia Wilde (Não Se Preocupe, Querida), Jessica M. Thompson (Convite Maldito), Kat Coiro (Case Comigo), Rosalind Ross (Luta Pela Fé), Halina Reijn (“Morte Morte Morte”), Kasi Lemmons ( IWanna Dance with Somebody: A História de Whitney Houston), Chinonye Chukwu (Till) e Maria Schrader (Ela Disse).
Quanto a diretores de grupos raciais e étnicos sub-representados, pensando em pessoas não-brancas, o valor foi de 20,7%, uma queda de 6,6% com relação ao ano passado. Nos últimos 16 anos, o valor fica em 15,2%.
“Esses números fazem pouco sentido à luz de outra descoberta de estudo, de que filmes de diretores sub-representados obtiveram aproximadamente as mesmas pontuações médias do Metacritic que filmes de diretores brancos”, apontou o estudo.
Dois estúdios se destacaram em 2022 por empregar mais mulheres e outras minorias sociais e raciais: Sony e Universal. A Sony em específico contou com cinco diretoras no comando de seus principais filmes do ano, sendo duas mulheres negras.
Em outubro do ano passado, a organização Woman In Film também lançou um estudo analisando o ambiente da indústria com relação ao tratamento às mulheres após cinco anos desde o início do movimento #MeToo, engatilhado após a sequência de denúncias de abuso sexual contra o produtor Harvey Wainstein (história, inclusive, contada no filme Ela Disse, presente na lista acima). Segundo a análise, houve melhora no ambiente, mas o caminho ainda é longo para chamarmos de ideal.
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