06 Outubro 2022 | Yuri Codogno
#MeToo: após cinco anos, pesquisa relata que funcionárias continuam sofrendo assédios e abusos em Hollywood
70% dos entrevistados disseram ter sofrido algum tipo de assédio sexual nos últimos cinco anos
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A organização sem fins lucrativos Women in Film, que tem como objetivo a busca pela equidade de gêneros no setor cinematográfico, divulgou os resultados da pesquisa realizada sobre os cinco anos do movimento #MeToo, que expôs abusos e assédios sofridos pelas mulheres profissionais de Hollywood. E infelizmente muita coisa não mudou. As informações são do portal Hollywood Reporter.
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A divulgação do resultado neste exato momento foi proposital, visto que coincide com o quinto aniversário do caso, inicialmente exposto pelo jornal New York Times, de assédio e agressão sexual do ex-produtor Harvey Weinstein, considerado o início do movimento #MeToo em Hollywood.
O início do movimento, aliás, ganhará uma adaptação às telonas. Ela DIsse (Universal) estreará em breve e contará como foi o processo para que conseguissem os depoimentos contra o Weinstein, assim como foi possível expor um sistema que protege os agressores.
A pesquisa, que foi realizada entre 21 de setembro e 3 de outubro deste ano, incluiu respostas de 174 profissionais que atuam ou atuaram no setor. 93,6% dos entrevistados se identificaram como mulheres, 3,5% como homens, 2,8% como não-binários ou de outro gênero e 1,2% como trans. 29% se identificaram como negros.
A intenção da pesquisa foi analisar possíveis mudanças em torno da cultura de abuso e má conduta em Hollywood nos últimos cinco anos. Os resultados até apontaram uma melhora na conscientização sobre o assédio no local de trabalho, mas também observou que os entrevistados continuam ou conhecem alguém que continua a sofrer com o abuso e assédio sexual.
E os números apontam isso: de acordo com o relatório, mais de 70% das pessoas entrevistadas relataram que observaram que a situação “melhorou um pouco”, entretanto 69% falaram ter sofrido abuso ou má conduta nos últimos cinco anos. Além disso, 30,9% disse que ficou sabendo de outra pessoa que foi vítima. Entre a população negra, o número é um pouco menor: 55% .
Junto à pesquisa, a Women in Film divulgou notas anônimas dos entrevistados, em que há diversas citações sobre as mulheres terem conquistado posições de poder, mas que o assédio e o abuso continuaram. “Os homens vão dizer: ‘não me denuncie, mas…’ e depois vão dizer algo inapropriado. É como se todos soubessem, mas optaram por brincar com os limites”, observou uma entrevistada. Outra ressaltou: “até mesmo nossos sindicatos nos alertam (quando ligamos para relatar má conduta) que, se denunciarmos, isso pode prejudicar nossas carreiras”.
Mais detalhes da pesquisa podem ser conferidos aqui.
Weinsten e outros casos de abuso sexual (aviso de conteúdo sensível)
Harvey Weinstein foi condenado a 23 anos de prisão após ter sido declarado culpado de diversos casos de abuso sexual, incluindo estupro. Grandes nomes de Hollywood também denunciaram assédios que sofreram do produtor, como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Cara Delevingne, Léa Seydoux e Rose McGowan.
O caso de Weinsten não foi o único e tampouco o mais antigo. Em menor ou maior grau, nomes como os irmãos Affleck, James Franco, Morgan Freeman e, talvez o mais famoso deles, Kevin Spacey estão ou já foram associados a crimes sexuais - e todos esses foram provados. E há também situações mais emblemáticas, como a do diretor Roman Polanski, que admitiu ter estuprado uma menina de 13 anos, sendo proibido de pôr os pés em território estadunidense.
Indo mais para o passado, o filme “O Último Tango em Paris” traz uma cena em que Marlon Brando, com o aval do diretor Bernardo Bertolucci, estuprou a atriz Maria Schneider para que a cena “fosse mais realista”. Mesmo com 40 anos de denúncia da atriz, o caso só ganhou notoriedade em 2018, quando o ator e o diretor já estavam mortos e não poderiam mais pagar pelo crime que cometeram.
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