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22 Setembro 2023 | Redação

América do Norte retoma índices pré-pandêmicos durante o verão e atinge mais de US$ 4 bilhões na bilheteria

Além do fenômeno "Barbieheimer", carros velozes, heróis intergalácticos, sereias e homens-aranha ajudaram cinemas a conseguirem sua melhor sequência desde o verão de 2019

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(Foto: Divulgação)

Depois de um período nebuloso para os cinemas após a pandemia de Covid-19, parece que finalmente estamos retomando os índices de antes da crise sanitária, ao menos na América do Norte. A temporada de verão dos cinemas locais vai do primeiro final de semana de maio até o final de semana do Dia do Trabalho, que é comemorado na primeira segunda-feira de setembro e, pela primeira vez desde 2019, a arrecadação nas bilheterias superou a casa dos US$ 4 bilhões.

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Um artigo publicado no Box Office Pro destaca que a bilheteria doméstica registrou 19 fins de semana consecutivos com arrecadação acima de US$ 100 milhões – do fim de semana da Páscoa em abril até meados de agosto – sua melhor sequência desde o verão de 2019. O principal propulsor do sucesso no verão foi o sucesso "Barbieheimer", mas é importante destacar que muitas outras produções ajudaram nos resultados positivos. Para se ter ideia, dos 20 filmes de maior bilheteria na América do Norte em 2023, 14 foram lançados durante a temporada de verão. As exceções foram Super Mario Bros - O Filme (Universal), Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Disney), John Wick 4: Baba Yaga (Paris Filmes), Creed III (Warner), Pânico VI (Paramount) e Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (Paramount).

O sucesso de Super Mario Bros, inclusive, foi um indicativo do sucesso que estava para vir no verão. O filme do encanador bigodudo que estreou no fim de semana de Páscoa ultrapassou a marca de US$ 500 milhões no mercado interno e aumentou ainda mais as expectativas, que já eram altas, quando entramos no mês de maio.

Uma lista variada de filmes que inclui bonecas, carros velozes, heróis intergalácticos, sereias e homens-aranha ajudou a expectativa a se confirmar e o verão de 2023 finalmente retornou à marca de US$ 4 bilhões que desfrutou nos anos que antecederam a pandemia. O período, entretanto, foi de altos e baixos e nem tudo foram flores.

A Disney foi a primeira grande major a se aventurar no verão com o lançamento de Guardiões da Galáxia: Volume 3 no dia 5 de maio, mesmo dia em que seu antecessor de 2017 estreou nos cinemas. A produção arrecadou US$ 359 milhões na América do Norte e se tornou a quarta maior bilheteria do ano. Duas semanas depois, Velozes e Furiosos 10 (Universal) também chegou às telonas e, apesar de um resultado um pouco decepcionante no mercado interno, a franquia conseguiu arrecadar mais de US$ 700 milhões globalmente. Na América do Norte a produção conseguiu US$ 146 milhões em bilheterias e, até o momento, é apenas a 15ª maior bilheteria doméstica.

A Pequena Sereia (Disney) arrecadou US$ 118,8 milhões em seu fim de semana de quatro dias durante o feriado do Memorial Day e conseguiu encerrar seu faturamento doméstico com pouco menos de US$ 300 milhões. Embora não tenha conseguido igualar o desempenho dos remakes live-action da Disney, o desempenho do filme mostrou que um nicho de público estava pronto para retornar aos cinemas. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Sony) confirmou essa expectativa ao fazer uma abertura de US$ 120,6 milhões no primeiro final de semana de junho e fechar sua exibição com uma bilheteria de mais de US$ 381 milhões no mercado interno.

Transformers: O Despertar das Feras (Paramount) deu sequência ao bom momento do verão ao liderar o mercado doméstico uma semana depois da estreia de Homem-Aranha e conseguiu se tornar um dos maiores sucessos da franquia ao encerrar seu período de exibição com uma arrecadação doméstica de US$ 157 milhões, a 12ª maior do ano na América do Norte.

Início de uma crise?

Quando tudo parecia estar indo maravilhosamente bem nos cinemas da América do Norte alguns sinais de problemas começaram a surgir em meados de junho, quando uma série de títulos com altas expectativas não conseguiu decolar nas bilheterias. The Flash (Warner), talvez tenha sido o filme que mais prometeu e menos entregou. Com problemas na promoção do filme devido a polêmicas e escândalos públicos com o protagonista Ezra Miller, a produção estreou com decepcionantes US$ 55 milhões no mercado interno e não conseguiu ganhar velocidade nas semanas seguintes, encerrando sua exibição com uma arrecadação frustrante de US$ 108 milhões no mercado doméstico. Logo em seguida mais uma decepção. Apesar de Elementos (Disney) ter desempenhado bem globalmente, inclusive liderando por diversas semanas no Brasil, a animação obteve o menor fim de semana de abertura de bilheteria para um título da Pixar desde Toy Story, de 1995 , com apenas US$ 39 milhões. O filme até conseguiu se recuperar no decorrer das semanas para se tornar a 14ª maior bilheteria doméstica do ano, mas sua arrecadação de US$ 151 milhões no mercado interno não deixou de ser frustrante.

Além disso, o mês de junho também reservou a estreia de duas outras produções cercadas de expectativas que não decolaram como se imaginava. Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Disney) arrecadou "apenas" US$ 174 milhões, enquanto Missão: Impossível - Acerto De Contas Parte 1 (Paramount) terminou sua exibição nos cinemas como a penúltima entrada em todos os sete títulos da franquia, com uma bilheteria de US$ 172 milhões.

O fenômeno Barbieheimer

No dia 21 de julho estreou não apenas um, mas dois dos maiores fenômenos do cinema nos últimos tempos, o qual certamente contribuiu para um resultado histórico no verão de 2023. Barbie (Warner) e Oppenheimer (Universal) estrearam com um total combinado de US$ 244,4 milhões no mercado doméstico. Apesar de distantes em tons, estilo e público, piadas e memes de fácil compartilhamento fizeram Barbie e Oppenheimer dividirem um marketing orgânico que refletiu nos resultados alcançados pelos cinemas.

De acordo com a Associação Nacional de Proprietários de Cinemas, mais de 200 mil espectadores assistiram aos filmes em uma espécie de "dobradinha" no final de semana de estreia dos filmes. A AMC Theatres, maior rede de exibição dos Estados Unidos, por exemplo, divulgou que 87 mil membros de seu programa de fidelidade assistiram ambos os filmes em seu primeiro final de semana, levando à segunda maior receita de concessões em um único dia da rede em um único dia. A Cineplex, a maior rede de exibição do Canadá, relatou mais de 80 mil de público assistindo aos dois filmes, resultando no segundo fim de semana de maior bilheteria na história da empresa. Barbie, inclusive, acabou se tornando o lançamento doméstico de maior bilheteria da história da Warner ao ter arrecadado US$ 626,9 milhões pouco mais de um mês após seu lançamento e um total de US$ 1,418 bilhão globalmente, número que tornou a produção a maior bilheteria do ano. Oppenheimer, por sua vez, arrecadou um total de US$ 319,3 milhões e, somados, os dois filmes que estrearam juntos arrecadaram US$ 946,311 milhões, quase 25% do total arrecadado durante o verão.

Além do fenômeno Barbieheimer, julho também trouxe uma grande surpresa para as telonas que ajudou a impulsionar os resultados do verão. Som da Liberdade, da Angel Studios e distribuído pela Paris Filmes no Brasil, estreou em 4 de julho e apesar de não contar com grandes estrelas no elenco ou uma grande estratégia de marketing, a produção superou títulos como Indiana Jones e Missão Impossível. O sucesso não era previsto, mas com grande divulgação boca a boca e algumas polêmicas nas vendas de ingressos, o filme se tornou a 9ª maior arrecadação doméstica de 2023 ao atingir a marca de US$ 183,2 milhões.

Por fim agosto, que é um mês tradicionalmente mais tranquilo para os exibidores, contribuiu com uma série de sucessos de médio porte para os cinemas como As Tartarugas Ninja: Caos Mutante (Paramount), Megatubarão 2 (Warner) e Besouro Azul (Warner). Todos conseguiram atingir resultados que os colocaram entre os 20 filmes de maior bilheteria doméstica no ano e contribuíram com uma sustentação de verão após o hype do fenômeno Barbieheimer passar.

O verão da temporada de cinema chegou ao fim no último domingo de agosto, mas o sentimento que fica é que pela primeira vez desde o início da pandemia o público retomou o gosto pela ida aos cinemas e sua experiência em frente às telonas e, sem sombras de dúvidas, o grande número de lançamentos de títulos originais contribuiu para os números positivos. Agora, fica a expectativa pela manutenção de um momento de retomada dos cinemas, ou a dúvida se foi apenas um verão de exceção que deixará boas lembranças.

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