13 Setembro 2023 | Gabryella Garcia
"Pérola" retrata família brasileira em drama recheado de humor ácido e sofisticado
Em entrevista ao Portal Exibidor o diretor Murilo Benício e a atriz Drica Moraes destacaram a importância de fortalecer o cinema nacional diante da falta de incentivos
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Pérola (H2O Films) chega aos cinemas brasileiros no dia 28 de setembro e é o segundo filme sob direção de Murilo Benício. Utilizando um humor ácido e sofisticado, o longa conta a história da matriarca Pérola (Drica Moraes) pelo olhar e memória de seu filho Mauro (Léo Fernandes), retratando situações corriqueiras de uma família para criar uma proximidade com o público.
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O Portal Exibidor assistiu ao filme e teve a oportunidade de conversar com a atriz Drica Moraes e com o diretor Murilo Benício que, inclusive, fez um apelo para que o público prestigie o cinema nacional nas telonas. "Se eu puder fazer um pedido é que assistam ao filme no primeiro final de semana. A nossa expectativa é sobre o primeiro final de semana porque a gente acredita muito no trabalho que a gente fez e temos certeza que o filme vai gerar um 'assiste esse filme brasileiro, está legal'. Estamos em um momento de incentivar as coisas que a gente acerta e estamos confiando muito nesse lançamento. Precisamos dar essa ajuda para o cinema brasileiro logo no primeiro final de semana, porque tem muita coisa boa aparecendo e precisamos incentivar as pessoas", disse.
O cinema nacional, inclusive, enfrenta dificuldades para retomar um cenário pré-pandemia. Até o mês de agosto apenas 1% dos ingressos vendidos nos cinemas em 2023 eram para filmes nacionais e, além disso, a Cota de Tela, o Projeto de Lei nº 3696/2023 retirou as salas de cinema do texto final do projeto que objetiva a renovação da cota para produções nacionais na TV por assinatura. Diante desse cenário de incertezas e também falta de incentivos, a atriz Drica Moraes também destacou a importância de se gerar um "buzz" em torno de Pérola logo nos primeiros dias.
"Como a gente não tem Cota de Tela e não tem leis protetivas, culturais e regulatórias para poder entregar ao público as melhores salas e os melhores horários, a gente tem que fazer esse apelo para que as pessoas realmente vão na primeira semana do filme. Isso é mandatório para que o filme fique em cartaz uma segunda semana e chegue também na terceira semana. Esse filme é muito especial porque junta humor e comédia de um jeito muito sofisticado e fala de um tema universal. Pode ser a qualquer tempo, qualquer espaço e qualquer família. É um programa perfeito para a família e a gente não está tendo muito disso no nosso cardápio de cinema. Essa é uma especificidade de Pérola e deve ser muito valorizada porque é um filme para ver com a família", destacou.
O filme é baseado na peça teatral homônima do dramaturgo Mauro Rasi e, ao retratar o reencontro de uma mãe e seu filho, apesar dos conflitos e sonhos traduzidos na construção de uma piscina no quintal de casa em Bauru, no interior de São Paulo, cria o sentimento de proximidade com o público. A trama traz de maneira divertida o retrato de uma família comum brasileira, que briga, faz as pazes, comemora, chora, e segue cheia de histórias.
"Eu acho que a gente passa por todas as emoções nesse filme, ele é leve e gostoso. O filme vai fazer o público se sentir acolhido e eu pessoalmente gostaria de levar os meus filhos para comer uma pipoca e assistir no cinema. Também amaria levar minha mãe para ver esse filme e se eu pudesse apresentar esse filme para a minha mãe eu teria um trunfo nas mãos, por isso acho que vamos conquistar as pessoas", pontuou Benício.
Drica, que dá vida a protagonista Pérola, também destacou a capacidade do filme de conseguir passar mensagens sobre aceitação sempre pelo viés do afeto, mas nunca deixando a diversão de lado. "A gente tem muito filme de porrada, grito e bomba ultimamente, mas fizemos um filme que é um grito sobre aceitação e indo por um caminho muito afetivo, engraçado e divertido. Posso dizer que é uma pérola a capacidade do filme de falar sobre a transformação e aceitação pelo afeto. Todo mundo vai se enxergar nesse filme e ele é muito envolvente ao trazer uma mistura de humor e drama em um ponto muito sutil e sofisticado".
Experiência do cinema
Além de toda a trama envolvente em um filme muito colorido, Murilo e Drica também destacaram a experiência do cinema e sua capacidade de unir pessoas como um grande atrativo para prestigiar o filme nas telonas. Na entrevista ao Portal Exibidor, a atriz classificou a ida ao cinema como um ritual coletivo e também uma experiência única.
"O ritual de ir ao cinema é único e intransponível. É um lugar que você tem uma tela de 12 metros por 4 metros e o teu foco é totalmente capturado por aquela narrativa, sem ter outras 500 coisas para te distrair. O cinema é um movimento coletivo que junta as pessoas dentro de uma sala e gera uma energia única que precisa ser resgatada. Isso se perdeu um pouco porque agora temos os streamings e as pessoas já sabem que aquilo vai passar no streaming. Além disso, às vezes o ingresso também é caro e o programa para toda a família acaba ficando caro, mas é uma experiência única. O cinema é igual a um show, uma peça de teatro ou uma ópera, é um lugar de privilégio coletivo que tem que ser olhado com muito carinho".
Benício também destacou a possibilidade de dividir emoções com outras pessoas dentro de uma sala de cinema, pois, mesmo que você não conheça as pessoas ao seu redor, há uma sinergia entre todas elas no momento do filme. Nesta produção, especificamente, ele também pontuou a sinergia proporcionada pela própria identificação que as pessoas terão ao prestigiar a produção. "É um filme que conta a história de uma mãe com um filho, mas conta também a história de todo mundo. Todo mundo que assistir vai se encontrar em um sentimento único porque a Pérola pode não ser a sua mãe, mas pode ser uma tia, uma avó ou uma irmã. Acho que o filme traz um sentimento de família e uma bagunça gostosa, então todo mundo vai se sentir assistindo a própria história. Vai ser muito legal e especial as pessoas dividirem uma sala cheia e escura para ver isso na tela grande".
Por fim, Drica Moraes ainda destacou a importância do cinema dentro da própria história do filme, uma vez que Pérola e Mauro são unidos pelo desejo do filho de trabalhar com a arte e a cultura. "Uma coisa muito bonita é quase uma metáfora dentro do filme porque o que uniu a Pérola e o filho depois de tantas brigas foi o cinema, porque ela é uma pin-up e uma alegria. O Mauro enxerga nela a Esther Williams, que é um ícone do cinema dos anos 50, então tem toda uma projeção e toda uma história com cinema dentro do filme. O filme tem a história do cinema dentro da família e o cinema como um símbolo muito forte de união, que foi o que juntou os dois", encerrou.
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