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19 Julho 2023 | Yuri Codogno

Biônica Filmes completa uma década de atuação no mercado nacional com grandes conquistas

Portal Exibidor conversou com a sócia-fundadora Karen Castanho

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(Foto: Divulgação)

Nos últimos dez anos, a Biônica Filmes se consagrou como uma das principais produtoras nacionais, sendo responsável por levar aos cinemas filmes como Os Homens São De Marte… E é Pra Lá Que Eu Vou!, TOC – Transtornada, Obsessiva, Compulsiva, Uma Quase Dupla, Turma da Mônica – Laços e Lições, A Viagem de Pedro e Carvão, entre outros. 

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Comemorando uma década de atuação no mercado audiovisual brasileiro, após ser fundada por Bianca Villar, Fernando Fraiha e Karen Castanho, a produtora agora está planejando seus próximos passos. O Portal Exibidor conversou com Karen, a principal responsável pela estruturação de projetos, incluindo acordos de distribuição.

“Gosto de destacar que cumprimos todas as metas que estabelecemos quando fundamos a Biônica. Em três dos dez anos, nossos filmes fizeram a maior bilheteria do cinema nacional. Também criamos um modelo híbrido de financiamento público e privado e tivemos um filme nos principais festivais internacionais”, ressaltou Karen. 

Os filmes citados são Os Homens São de Marte e os dois Turma da Mônica, que lideraram as vendas de ingressos para longas nacionais nos anos de 2014, 2019 e 2022.

“Nosso maior desafio foi o de criar uma empresa sólida financeiramente e, ao mesmo tempo, bastante seletiva na escolha de projetos. Esse balanço é difícil porque às vezes surgem projetos muito lucrativos, mas que não se encaixam no nosso perfil, e outras vezes dizemos sim para projetos apenas por sua relevância artística, mesmo sabendo que é provável que não tragam resultado financeiro para a empresa. O desafio é o equilíbrio, sem abrir mão de produzir conteúdos relevantes com alto valor de produção e que possam acessar o público”, destacou Karen.

Além disso, a executiva também ressaltou como os últimos quatro anos foram muito desafiadores, visto que o financiamento público estava em falta, agravando ainda mais os problemas enfrentados durante a pandemia. Outro ponto que recebeu destaque negativo foi a dificuldade de empreender no Brasil, principalmente pela falta de previsibilidade e as altas taxas de juros: “No nosso caso específico, procuramos sempre cumprir nosso cronograma de produção e isso exige que antecipemos recursos, o que compromete a rentabilidade, já que o crédito no Brasil é caro”.

Apesar das dificuldades, 2023 tem se mostrado um bom ano para a empresa e, nas palavras de Karen, a Biônica saiu mais forte da pandemia do que quando entrou. Exemplo disso são seus dois filmes e série que estão disputando o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, somando um total de 15 indicações: A Viagem de Pedro (10), de Laís Bodanzky; Carvão (4), de Carolina Markowicz; e Turma da Mônica - A Série (1), que disputa como Melhor Série Brasileira de Ficção.

A produtora também está trabalhando em mais filmes e séries para estrear em breve. Nas produções nacionais, esperamos produzir algumas propriedades intelectuais importantes, como a adaptação dos romances Jantar Secreto, de Raphael Montes, e O Filho de Mil Homens, de Valter Hugo Mãe, que está sendo feita por Daniel Rezende. Estamos muito animados para produzir os novos filmes de Anna Muylaert, de Allan Deberton e da Carol Markowicz. Estamos ainda desenvolvendo duas séries, com parceiros de streaming, que ainda não podemos anunciar mas serão filmadas no próximo ano”, disse Karen. 

Aliás, semana passada a Biônica deu início às filmagens de Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, que será distribuído pela Paris FIlmes, dando um passo adiante na boa relação da empresa com a Mauricio de Sousa Produções.

“Internacionalmente, estamos desenvolvendo nosso primeiro filme em inglês (The Eyes of Another), e quatro coproduções internacionais: Invejosos Homens Brancos, de Iván Granovsky; O Filho de Mil Homens, de Daniel Rezende; El Aniversário, de Florencia Persia; e A Cuidadora, de Fernando Fraiha. E estamos trabalhando para que alguns dos nossos novos filmes estreiem em festivais internacionais importantes”, completou a executiva.

O bom momento da Biônica também pode ser conectado com a atual situação do cinema nacional, que aos poucos vem recuperando sua força, muito graças ao renascimento do Ministério da Cultura e da onda de bons investimentos. Entretanto, essa melhora gradual não vem se convertendo para os filmes nacionais, de modo que as produtoras brasileiras não consigam, ao menos por enquanto, obter boas rendas com suas produções.

“O público brasileiro está consumindo muito conteúdo audiovisual. No entanto, esse consumo não se traduz em rentabilidade para o setor nacional ou seus criadores. Os próximos 12 a 18 meses serão desafiadores para o mercado por conta da redução da quantidade de filmes e séries produzidas pelas plataformas. Acho que, como setor, podíamos aproveitar essa oportunidade para planejar e pensar em novas formas de produção, mais baratas, de modo a sermos mais competitivos com nossos vizinhos latino americanos”, explicou Karen.

Inclusive, a greve unida dos roteiristas e atores dos EUA pode gerar um gargalo nos lançamentos de blockbusters do final deste ano adiante, algo que pode ser visto como uma oportunidade para o cinema independente e também o brasileiro.

Independente de aproveitar o ensejo ou não, na visão de Karen, fortalecer a sala de cinema é um primeiro passo a se fazer, conectando o público com filmes-evento, com filmes inteligentes que instiguem a audiência: “Para isso, a cota de tela é fundamental. E para a economia, de forma geral, penso que uma aproximação do audiovisual com outros setores é um ganha-ganha que pode gerar muitos bônus para a marca”.

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