Localizado no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, está o Museu da Imigração Japonesa, um importante símbolo da cultura nipônica em homenagem aos antepassados dos japoneses que começaram a chegar ao Brasil há 115 anos, no início do século passado. E, a partir do dia 16 de julho, o museu abrigará a mais recente novidade da região, que estará aberta ao público interessado no cinema asiático: o Sato Cinema.

A sala de exibição é responsabilidade da Sato Company, distribuidora brasileira de produções asiáticas que traz conteúdo para o Brasil desde 1985, em parceria com a Bunkyo - Associação Brasileira de Cultura Japonesa.

Entretanto, Nelson Sato, presidente da Sato Company, ressaltou que não haverá conflitos entre os setores de exibição e distribuição da empresa: “A Sato como cinema está aberta a todos os distribuidores do mercado. A ideia é que a gente traga filmes para que todo mundo possa ter esse contato. E não só filmes japoneses, como coreanos, chineses e outras experiências asiáticas”.

O Sato Cinema está equipado com alguns dos melhores equipamentos do mercado, como o projetor DCP canadense Christie (utilizado em mais de 50% dos cinemas nos EUA), som Dolby 5.1 e uma das maiores telas motorizadas do país. Além disso, a sala possui 759 lugares no térreo, mas podendo chegar a 1100 assentos com o mezanino, sendo assim uma das maiores salas de São Paulo.

Com ingressos a R$ 35 a inteira e R$ 17,50 a meia-entrada, o cinema funcionará aos sábados e domingos, com uma média de cinco sessões diárias dos mais diferentes gêneros cinematográficos. Para a inauguração, estão sendo distribuídos flyers que, se apresentados na compra do ingresso, garantem R$ 5 reais de desconto. A sala também será utilizada para outras atividades quando não tiver sessões de cinema programadas.  

“O Bunkyo vai ganhar com isso, vai ganhar a fluência do público e a comunidade que está comemorando 115 anos da chegada dos primeiros imigrantes japoneses e estamos inaugurando o cinema, que era uma coisa que faltava para nós e acho importante ter essa atividade”, disse Renato Ishikawa, presidente do Bunkyo.

Apesar da inauguração estar marcada para o dia 16 de julho, o espaço recebeu ontem (6) jornalistas para uma coletiva de imprensa e para a exibição do clássico Akira. “Simbólicamente vamos exibir o Akira, que foi o primeiro desenho que eu trouxe para o Brasil em 1991, quando resolvi entrar no ramo do cinema. Nunca tinha negociado com exibidor e, quando bati na porta dos exibidores, todos me falaram ‘não’. E então pedi ajuda ao amigo Luiz Gonzaga, hoje presidente da Cinépolis aqui no Brasil, que me deu uma consultoria e me ajudou a colocar o filme em cartaz. Quando a gente estreou Akira na Paulista, no Cinearte, fazia-se fila ao redor do cinema. Com sete cópias ficamos com Akira um ano em exibição e fizemos 250 mil espectadores”.

Entretanto, é importante ressaltar que a exibição nacional, mesmo avançando aos poucos em sua retomada, ainda está em processo de reconstrução. Por isso, atrair pessoas às salas de cinema e formar público é um desafio que o Sato Cinema ainda vai enfrentar. Mas para Nelson, apesar da dificuldade, há uma grande oportunidade de mercado, visto que em todos os finais de semana do ano a própria região da Liberdade é tomada por uma multidão de pessoas interessadas na cultura japonesa. 

“Existem desafios, a sala é muito grande. Como é que monetiza uma sala de 1100 lugares, com custo alto, porque o centro de São Paulo não é barato, e com investimento grande que fizemos? Mas sou bem ousado… às vezes um não e as dificuldades me incentivam mais”, disse Nelson.

Uma das possíveis estratégias citadas é a de colocar programação asiática na TV aberta, algo que ocorreu com Jaspion na Band durante a pandemia e alcançou três pontos de audiência em pleno domingo, tornando-se um case de sucesso. “Existe um público de pessoas interessadas no audiovisual asiático, então acho que o espaço tem grande chance de dar certo”, completou Nelson.

Além da exibição de filmes e outras programações para os dias que não têm sessão, há a intenção de levar diversos tipos de conteúdos asiáticos para o Sato Cinema, como documentários, apresentações de shows e até mesmo bandas.

Outro ponto são as exibições das produções nipo-brasileiras, algo abordado por Jacqueline Sato, atriz e filha de Nelson: “É uma das coisas que mais pretendemos fazer, mas isso vai depender bastante do público nessa fase inicial. Nesse momento estamos usando conteúdos que já temos os direitos por conta da distribuidora. Então, tendo sucesso e volume de pessoas circulando, vamos poder abrir espaço para produções nipo-brasileiras. A gente percebe que ainda falta muito para que a gente se veja na tela das novelas, séries e filmes e espero que a existência dessa sala ajude e a gente possa ter cada vez mais espaço”. 

Para a programação de julho, a Sato CInema está bem munida. Na sua estreia, no dia 16, exibirá O Deus do Cinema, filme de 2021 do mestre Yoji Yamada, além de Kamen Rider Zero One. Para os dias 23 e 30, as produções exibidas serão o próprio Kamen Rider, Human Lost e The Promised Neverland.

“Estou muito feliz de poder estar abrindo essa sala e resgatar essa experiência do cinema asiático aqui na Liberdade, em uma casa emblemática que é o Bunkyo. E também é uma forma de agradecer ao povo brasileiro pela receptividade que teve com nossos antepassados”, completou Nelson Sato.

Confira a programação completa anunciada pela companhia: 

16 de julho de 2023

• - 10h00: Kamen Rider Zero One + Ep. 51 Bônus
• - 12h05: O Deus do Cinema
• - 14h25: Kamen Rider Zero One + Ep. 51 Bônus
• - 16h30: O Deus do Cinema
• - 18h50: Kamen Rider Zero One + Ep. 51 Bônus 

23 de julho de 2023

• - 10h00: Human Lost
• - 12h10: The Promised Neverland
• - 14h30: Human Lost
• - 16h30: The Promised Neverland
• - 18h45: Human Lost 

30 de julho de 2023

• - 10h00: Kamen Rider Zero One + Ep. 51 Bônus
• - 12h05: Human Lost
• - 14h15: Kamen Rider Zero One + Ep. 51 Bônus
• - 16h20: Human Lost
• - 18h30: Kamen Rider Zero One + Ep. 51 Bônus