Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Entrevista

25 Maio 2023 | Apuração: Renata Vomero | Texto: Yuri Codogno

Vitrine Lab 2023: formação e capacitação são "etapas fundamentais da cadeia audiovisual"

Laboratório acontece entre os dias 12 de junho e 7 de julho

Compartilhe:

(Foto: Divulgação)

O Vitrine Lab está com as inscrições abertas para a sua quarta edição, que contará com 12 aulas modulares realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras, das 19h às 21h, entre os dias 12 de junho e 7 de julho. Os interessados podem se matricular até o dia 31 de maio pelo Sympla, enquanto os preços podem ser conferidos no site do Vitrine Lab. 

Publicidade fechar X

O projeto é uma iniciativa da Vitrine Filmes em ensinar, através de um curso livre, sobre o setor de distribuição cinematográfica, voltado para a capacitação de estudantes e profissionais que buscam uma carreira executiva no audiovisual. As aulas são um meio que o segmento encontrou, através da equipe da Vitrine, de aumentar a visibilidade da distribuição a quem está ascendendo no mercado.

Felipe Lopes, Diretor Geral da Vitrine Filmes, cedeu uma entrevista exclusiva ao Portal Exibidor e contou das novidades do Vitrine Lab para este ano, assim como destacou alguns dos gargalos da distribuição e um pouco do momento do audiovisual no Brasil. A entrevista na íntegra pode ser conferida no final da matéria.

“O Vitrine Lab chega à quarta edição confirmando a necessidade de pensarmos formação e capacitação como etapas fundamentais da cadeia do audiovisual. Após aperfeiçoarmos o módulo teórico, com aulas que vão desde políticas públicas e princípios do mercado até assessoria de imprensa e marketing digital, ampliaremos o módulo prático com a seleção de alunos para uma imersão remunerada dentro da Vitrine por três meses”, disse o executivo.

Segundo Felipe, houve um entendimento de que era necessário uma perspectiva mais ampla da distribuição, que, junto à exibição, são setores do audiovisual com menos preferência de quem está entrando no mercado. “O Audiovisual é um campo muito amplo e a distribuição e exibição acabam sendo elos que são pouco focados dentro da formação em cursos de cinema. Observamos uma carência de conhecimento de mercado até mesmo em profissionais já estabelecidos. Entendemos que era necessário um curso que passasse uma perspectiva mais ampla do segmento de distribuição”, comentou Felipe.

Apesar disso, a formação é voltada não apenas para quem busca seguir carreira executiva no audiovisual, mas também para profissionais da produção que estejam buscando conhecimentos específicos em áreas correlatas à sua atuação principal, como produtores, diretores e roteiristas. 

Para este ano, o Vitrine Lab tem como pontapé inicial a Masterclass “Vida Longa ao Curta: distribuição em todas as janelas”, com a participação de Luciana Damasceno e Daniel Jabber,  criadores da plataforma de streaming Cardume Curtas, e de Rachel do Valle, diretora de programas do Projeto Paradiso. Com mediação de Amanda Kadobayashi, idealizadora do Vitrine Lab e Coordenadora de Conteúdo, o encontro será dia 7 de junho, às 19h, com transmissão ao vivo pelo canal do Projeto Paradiso no YouTube, aberto para todos que se interessarem em assistir.

"Na Masterclass vamos falar sobre as estratégias de distribuição de curtas metragens, passando pelos aspectos burocráticos para a regularização do filme finalizado, carreira de festivais e outras possibilidades de exibição, como ações de distribuição de impacto e oportunidades de licenciamento”, contou Amanda Kadobayashi.

Outro diferencial para a atual edição é que as aulas - sempre online - serão gravadas e os matriculados terão acesso ao conteúdo por 48 horas, a partir do dia seguinte à aula. Desta forma, diminui a chance de alunos perderem algum ensinamento, caso haja um imprevisto.  No total, serão 24 horas de conteúdo exclusivo com temas como políticas públicas, estratégias de distribuição de impacto, marketing digital e comunicação, além dos aspectos contratuais, modelo de negócios e prestação de contas. 

Vale destacar também que, após analisar as quase 700 inscrições recebidas, a Vitrine Lab anunciou também as 30 pessoas que foram contempladas com bolsas de estudo para participar do curso. A lista completa pode ser conferida aqui.

Confira agora a entrevista na íntegra com Felipe Lopes:

Quais são as particularidades desta edição do Vitrine Lab?

O Vitrine Lab chega a quarta edição confirmando a necessidade de pensarmos formação e capacitação como etapas fundamentais da cadeia do audiovisual. Após aperfeiçoarmos o módulo teórico, com aulas que vão desde políticas públicas e princípios do mercado até assessoria de imprensa e marketing digital, ampliaremos o módulo prático com a seleção de alunos para uma imersão remunerada dentro da Vitrine por três meses.

Além disso, há a parceria com o Locarno Industry Academy, selecionando um dos alunos para a edição 2023 durante o BRLab em São Paulo. E destacamos também que é um curso que, além das aulas com os professores que fazem parte da equipe da Vitrine Filmes, contamos com profissionais do mercado como Cláudia Belém (Atômica), Anna Andrade (Tarrafa) e Marina Kosa (Tanto Produções).

O curso surgiu a partir de uma necessidade de profissionalização na área de distribuição. Como enxerga essa lacuna no mercado após três edições e quais são os gargalos atuais deste segmento específico? 

O Audiovisual é um campo muito amplo e, dentro de escolhas acadêmicas que são necessárias, a distribuição e exibição acabam sendo elos que são pouco focados dentro da formação em cursos de cinema. Observamos uma carência de conhecimento de mercado até mesmo em profissionais já estabelecidos, uma vez que trabalhamos com ferramentas específicas de outras áreas como marketing, administração e/ou direito.

Entendemos que era necessário um curso que passasse uma perspectiva mais ampla do segmento de distribuição. A proposta do Vitrine Lab é ser uma porta de entrada para este universo amplo e que pode se desdobrar em especializações e em uma formação mais contínua e específica após os alunos conhecerem as diferentes etapas do processo de comercialização.

Qual é o perfil dos estudantes e dos profissionais que hoje integram o segmento de distribuição?

Há uma multiplicidade de perfis, dada a complexidade do setor. Temos profissionais de jornalismo e publicidade pensando campanhas, textos e o desenho de audiência. Há profissionais com foco em administração e direito trabalhando na área comercial e de negócios. E temos profissionais de cinema em todas as áreas, dada a necessidade de um saber específico do nosso setor também.

Falando nisso, como analisa o segmento de distribuição neste momento, quais são os desafios atuais e os problemas superados?

O principal desafio é o investimento no setor. Há ainda diversos cinemas que carecem de fomento para campanhas, o que gera um desequilíbrio de mercado e uma concorrência muito desigual. Além disso, formar público e trabalhar a difusão é algo que anda junto de uma proposta de desenvolvimento de um setor. E não há políticas de estado nesse sentido. Precisamos estabelecer uma conexão direta com o público e retomar o hábito de ir às salas, pensar a diversidade do conteúdo e fortalecer o audiovisual brasileiro.

Neste momento, em que superamos um governo que via a cultura como inimiga, é necessário união para reconquistar nosso público. 

Você está em Cannes, quais são as suas expectativas em termos de aquisições e quais tipos de filmes espera encontrar no mercado?

O grupo Vitrine vem se adaptando ao mercado nos últimos anos. Em 2023, estamos com o foco nas coproduções. Temos três produções no festival como distribuidora e, dessas, duas são coproduções: Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, que está na Seleção Oficial fora de competição; e Levante, de Lillah Halla, na Semana da Crítica. Também estaremos no mercado com o projeto Destino Estratosfera buscando financiamento e coprodução internacional. Como distribuidora, nosso objetivo é buscar filmes independentes fortes, com potencial de indicação ao Oscar, como tivemos Druk - Mais uma Rodada recentemente. 

O mercado de cinema independente e nacional ainda encontram dificuldades nessa recuperação da indústria. Ao que atribui isso e o que espera em termos de melhorias para os próximos meses?

Não existe um fator único, mas uma soma de fatores. Isonomia não é tratar iguais os diferentes, mas proporcionar iguais condições de competitividade. Hoje, o cinema brasileiro, em especial o independente, não conta com linha de fomento federal para a distribuição, além de não possuir cota de tela para assegurar um espaço mínimo de tempo para buscar seu público. Faltam ações de formação de público e de difusão para recuperar o market share. E também há uma relação direta com a economia, já que a população perdeu poder de compra nos últimos anos e nosso cinema sempre teve sucessos com títulos populares e grande participação da classe C. Precisamos de uma economia forte e a população brasileira com poder de compra para ter acesso a bens culturais de forma ampla e diversa.

Por fim, é importante pensar que falamos muito nos números só de salas de cinema e há uma cauda longa onde há espaço de difusão e venda nas outras janelas após as salas de cinema, para não cairmos em armadilhas. Mesmo recuperando o mercado de salas e fortalecendo o market share para o cinema brasileiro em geral, alguns títulos seguirão com sua audiência principal em outros segmentos de exibição.

A programação completa da 4ª edição da Vitrine Lab você confere aqui!

Compartilhe:

  • 1 medalha