Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Festival

16 Maio 2023 | Yuri Codogno

Membros do júri abordam temas polêmicos na abertura de Cannes: "Acho ótimo que se sintam à vontade para fazer greve"

Presidente Ruben Östlund e atores-cineastas Brie Larson e Paul Dano opinam sobre assuntos da atualidade

Compartilhe:

(Foto: Divulgação)

A 76ª edição do Festival de Cannes começou hoje (16) com importantes declarações de membros do júri, que não fugiram de assuntos polêmicos da atualidade. O evento vai até o dia 27 de maio e exibirá diversos filmes aguardados para esse ano, inclusive algumas produções brasileiras. As informações são dos portais Hollywood Reporter, Variety, Deadline, da Folha de São Paulo e do site oficial do Festival de Cannes.

Publicidade fechar X

Cannes está acontecendo enquanto os roteiristas de Hollywood estão em greve contra os grandes estúdios, após ambos os lados não chegarem a um consenso nas negociações que continuam em andamento. Ruben Östlund, presidente do júri deste ano, diz aprovar o movimento: “Acho ótimo que as pessoas se sintam à vontade para que possam sair e fazer uma greve. Eu sou definitivamente à favor”.

Ostlund é duas vezes vencedor da Palma de Ouro, inclusive com Triângulo da Tristeza, que concorreu ao Oscar de Melhor Filme este ano, e não se mostrou favorável apenas à greve dos roteiristas, como também expressou seu apoio aos manifestantes franceses que estão lutando contra a medida do governo local de aumentar a idade para se aposentar: “Apoio que eles estejam fazendo isso, é uma das grandes coisas do festival que o mundo está olhando e você pode dizer as coisas que deseja dizer". 

A cidade de Cannes, aliás, proibiu protestos ao longo da Croisette, famosa avenida onde ocorre o Festival, e em seus arredores durante o evento.

Juntamente com Östlund, os atores e cineastas Paul Dano e Brie Larson também deram declarações na abertura do evento. Paul Dano, que é membro do WGA (Sindicato dos Roteiristas dos EUA), é casado com a atriz e roteirista Zoe Kazan e acrescentou: “Minha esposa está fazendo piquete enquanto amamenta nosso filho de seis meses e estarei com eles quando voltar daqui”.

Paul Dano dirigiu e escreveu Vida Selvagem e, como ator, é mais conhecido por seus papéis em Batman (2022), Os Fabelmans e Okja.

Brie Larson, por sua vez, é mundialmente famosa por ser a Capitã Marvel no MCU e por vencer o Oscar de Melhor Atriz em 2016 por O Quarto de Jack, além de ser diretora do filme Loja de Unicórnios. Estreando em Cannes, ela foi questionada sobre o filme estrelado por Johnny Depp, Jeanne du Barry, ser o responsável por abrir o festival. "Vocês verão se eu assistir ao filme e não sei como me sentirei caso eu assistir", respondeu.

Larson é uma importante defensora da luta contra o machismo na indústria e dos casos de todos os tipos de agressões e abusos contra as mulheres. A pergunta feita a ela sobre Johnny Depp tem relação com as denúncias de agressão que a atriz a ex-esposa do ator, Amber Heard, realizou. Ano passado, um longo julgamento que envolveu o ex-casal condenou ambos culpados de difamação. Entretanto, segundo o G1, enquanto o ator precisou pagar uma indenização de US$ 2 milhões à ex, Heard foi condenada, pelo mesmo crime, a pagar US$ 15 milhões, posteriormente reduzido para US$ 10,35 milhões.

Além de Rubens Östlund, Brie Larson e Paul Dano, participam do júri de Cannes: Julia Ducournau, diretora de Titane e ganhadora da Palma de Ouro; Rungano Nyoni, cineasta de I Am Not a Witch; o ator Denis Ménochet; o diretor argentino Damián Szifron; o cineasta afegão Atig Ranimi; e a diretora marroquina Maryam Touzani.

Ao fim do evento, conheceremos os filmes do festival que receberão prêmios individuais. Quem está concorrendo à Palma de Ouro, maior honraria entre as mostras competitivas, é: Club Zero (Jessica Hausner), The Zone of Interest (Jonathan Glazer), Fallen Leaves (Aki Kaurismaki), Les Filles D'Olfa (Kaouther Ben Hania), Asteroid City (Wes Anderson), Anatomie d'Une Chute (Justine Triet), Monster (Kore-Eda Hirokazu), Il Sol dell'Avvenire (Nanni Moretti), L'Été Dernier (Catherine Breillat), Kuru Otlar Ustune (Nuri Bilge), La Chimera (Alice Rohrwacher), La Passion de Dodin Bouffant (Tran Anh Hun), Rapito (Marco Bellocchio), May December (Todd Haynes), Youth (Spring) (Wang Bing), The Old Oak (Ken Loach), Banel e Adama (Ramata-Toulaye Sy), Perfect Days (Wim Wenders), Black Flies (Jean-Stéphane Sauvaire), Le Retour (Catherine Corsini) e Firebrand (Karim Aïnouz)

Também tem a seleção dos indicados ao prêmio Un Certain Regard, considerado o segundo mais importante de Cannes: Le Règne Animal (Thomas Cailley), o nacional Delinquentes (Rodrigo Moreno), How to Have Sex (Molly Manning Walker), Goodbye Julia (Mohamed Kordofani), Kadib Abyad (Asmae El Moudir), Simple Comme Sylvain (Monia Chokri), A Flor do Buriti (João Salaviza e Renée Nader Messora), Los Colonos (Felipe Gálvez), Augure (Baloji Tshiani), The Breaking Ice (Anthony Chen), Rosalie (Stéphanie Di Giusto), The New Boy (Warwick Thornton), If Only I Could Hibernate (Zoljargal Purevdash), Hopeless (Kim Chang-hoon), Terrestrial Verses (Ali Asgari e Alireza Khatami), Rien à Perdre (Delphine Deloget), Les Meutes (Kamal Lazraq), Only the River Flows (Wei Shujun), Salem (Jean-Bernard Marlin) e Strangers By Night (Alex Lutz).

O Festival de Cannes é um importante momento para a indústria mundial, pois é quando diversos filmes passam pelo crivo de profissionais do mundo inteiro e assim ganham a chance de ser distribuídos para diversos países, não apenas àqueles de suas origens. 

Inclusive, alguns dos principais lançamentos de cada ano ganham sua primeira exibição completa e pública apenas em Cannes. Desta forma, o festival serve como uma espécie de termômetro que ajuda a medir as expectativas antes de seus lançamentos comerciais. 

Alguns outros filmes que serão exibidos durante o festival são: Jeanne Du Barry (de Maïwenn, na abertura do festival) e Elementos (de Peter Sohn, no encerramento); Indiana Jones e o Chamado do Destino (James Mangold), Cobweb (Kim Jee-woon), The Idol (Sam Levinson) e Killers of the Flower Moon (Martin Scorsese), todos esses fora das competições; Kennedy (Anurag Kashyap), Omar la Fraise (Elias Belkeddar) e Acide (Just Philippot), na Sessão da Meia-Noite; Kubi (Takeshi Kitano), Bonnard, Pierre et Marthe (Martin Provost), Cerrar Los Ojos (Victor Erice) e Le Temps d’Aimer (Katell Quillévéré), em Cannes Première; e Man in Black (Wang Bing),  Occupied City (Steve McQueen), Anselm (Das Rauschen der Zeit) (Wim Wenders) e o brasileiro Retratos Fantasmas (Kleber Mendonça Filho) nas sessões especiais.

Você pode conferir a seleção completa de filmes e o cronograma no site oficial do Festival Cannes.

Brasil em Cannes

Na 76ª edição do Festival de Cannes, Kleber Mendonça Filho e Karim Aïnouz estão de volta ao evento. Enquanto Mendonça leva às sessões especiais o documentário Retratos Fantasmas, Aïnouz aparece na Palma de Ouro com Firebrand, que conta com Jude Law e Alicia Vikander no elenco. Entretanto, nomes menos conhecidos através de diversas empresas participação do evento.

A Vitrine Filmes, por exemplo, está com três longas-metragens em Cannes: Os Delinquentes, coproduzido pela empresa brasileira SANCHO&PUNTA, foi selecionado para a mostra Un Certain Regard; Levante, longa dirigido pela brasileira Lillah Halla, está na Semana da Crítica; e o já citado Retratos Fantasmas, que terá sua première mundial na Seleção Oficial do Festival, fora de competição. 

Outra distribuidora que está indo para Cannes é a O2 Play, que participa do Marché du Film e realizará o market screening do documentário musical Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você. Dirigido por Roberto de Oliveira, Elis & Tom teve as suas primeiras exibições no Festival do Rio 2022 e na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em que ganhou o prêmio da crítica de Melhor Filme Brasileiro. 

Com o objetivo de firmar novas parcerias por meio do licenciamento e vendas, a O2 Play também está levando ao festival os filme Atmosfera, de Paulo Caldas, Relatos de um Certo Oriente, de Marcelo Gomes, Porto Príncipe, de Maria Emília Azevedo, Ciclo, de Ian SBF, Agreste, de Sérgio Roizenblit, Urubus, de Claudio Borrelli, e o documentário Partido, de César Charlone, Joaquim Castro e Sebastian Bednarik.

A gigante nacional Globo Filmes também está em Cannes e anunciou mais de 10 coproduções que estão previstas para estrear entre 2023 e 2025: o documentário biográfico Nelson Pereira dos Santos - Uma Vida de Cinema, dirigido por Aída Marques e Ivelise Ferreira; A Batalha na Rua Maria Antônia, de Vera Egito; Manas, de Marianna Brennan; o documentário biográfico Elza, de Eryk Rocha; Outro Lado do Céu; de Gabriel Mascaro; Raoni, Uma Amizade Improvável, de Jean-Pierre Dutilleux; Colegas 2, de Marcelo Galvão; O Haiti É Aqui, de Fabio Mendonça, Teodoro Poppovic e Maurício Bouzon; As Vitrines, de Flavia Castro; Precisamos Falar Sobre Nossos Filhos, de Rebeca Diniz e Pedro Waddington; e Por Um Fio, de David Schurmann. 

Entre os próximos lançamentos previstos da Globo Filmes, Tá Escrito, comédia romântica estrelada por Larissa Manoela, com direção de Matheus Souza; e as comédias Tô de Graça, de César Rodrigues; Minha Irmã e Eu, dirigida por Suzana Garcia e protagonizada por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck; e Os Farofeiros 2, sequência do sucesso de 2018, de Roberto Santucci. 

Quem também está envolvido com alguns desses filmes é o Projeto Paradiso, que está apoiando quatro longas-metragens selecionados para diversas mostras. Entre elas estão as citadas Levante, Os Delinquentes, Retratos Falados e também A Flor do Buriti, de Renée Nader Messora e João Salaviza. Além disso, o Projeto Paradiso apoiará ainda a presença de duas instituições nesta edição do Marché du Film, em Cannes: O NICHO 54, instituto que atua na formação de profissionais negros no audiovisual, e o +Mulheres, uma rede de profissionais da indústria audiovisual nacional.

E a participação do Brasil em Cannes não para por aí, visto que a Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, em parceria com a InvestSP e a Secretaria de Negócios Internacionais do Estado, levará dez empresas paulistas para o Festival de Cinema de Cannes. Segundo as projeções feitas pelas companhias, haverá a geração de R$ 147 milhões em negócios no setor cultural paulista, valor quase 30 vezes maior que todo o orçamento do programa para 2022.

As empresas selecionadas são: Material Bruto Produções Cinematográficas, Vitrine Filmes, Punta Colorada Produções Audiovisuais, Lira Filmes, Dezenove Som e Imagem, Biônica Filmes, Tangerina, Manjericão Filmes, Cup Filmes e Openthedoor. Dessas, cinco levarão filmes que fazem parte da programação do Festival, além de terem a oportunidade de participar do Marché du Film (Mercado do Filme), espaço no qual produtores, distribuidores, investidores e representantes de festivais do mundo todo se encontram para negociar.

 

Compartilhe:

  • 0 medalha