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02 Maio 2023 | Renata Vomero

Sindicato dos Roteiristas dos EUA não chega a acordo com estúdios e formaliza greve

Com início nesta terça-feira (2), esta é a primeira paralisação da classe em 15 anos

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Foto dos protestos durante a greve de roteiristas de 2007 (Foto: AP File/ Variety)

O Sindicato dos Roteiristas dos EUA (Na sigla em Inglês WGA) anunciou o início de uma greve a partir desta terça-feira (2) após a classe e a Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) não chegarem a um acordo sobre as atuais exigências dos roteiristas na renovação do contrato com a associação.

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As negociações envolveram especialmente a Warner, Disney, Paramount, Sony, NBCUniversal, Netflix, Amazon e Apple. A principal exigência dos roteiristas gira em torno de remuneração, não só pelo aumento em si, que não aconteceu desde o boom dos streamings, como a própria bonificação tradicional dos contratos de filme e televisão que prevê pagamentos residuais por exibições ou em cima dos lucros, em ambos os casos isso não acontece com as plataformas de streaming, que, além de fecharem os contratos fixos no pré-produção, não são transparentes com seus ganhos em cima dos conteúdos. Entre outras condições impostas pelo WGA estava a regulamentação do uso de inteligência artificial em ferramentas como o ChatGPT.

“Nosso negociador-chefe, assim como os roteiristas do comitê, deixaram claro aos representantes trabalhistas dos estúdios que estamos determinados a fechar um novo contrato com remuneração justa que reflita o valor de nossa contribuição para o sucesso da empresa e inclua proteções para garantir que a classe sobreviva como uma profissão sustentável. Defendemos os membros de todos os setores: cinema, séries de televisão, programas de variedades de comédia e outros programas fora do horário nobre, fornecendo a eles fatos, exemplos concretos e soluções razoáveis. Os membros do sindicato demonstraram determinação coletiva e apoio à agenda com uma aprovação da greve de 97,85%”, disse o comunicado do WGA, referindo-se à votação interna que realizaram com os profissionais sobre a aprovação da paralisação. As informações são da Variety, The Hollywood Reporter e Chippu.

A greve – que vem se desenhando há semanas com a proximidade do fim de contrato de três anos do WGA com os estúdios (em 1º de maio) –  não tem previsão de encerramento, tampouco uma nova dava para renegociações entre as duas partes.

A paralisação contempla mais de 11500 profissionais e afeta imediatamente os programas televisivos no estilo Late Night, que contam com roteiristas escrevendo as piadas e atualizando as informações diariamente. Tais programas devem ser substituídos por reprises.

Caso a greve se alongue, também poderá impactar a temporada de outono da televisão, em que normalmente diversas produções entram no ar e são escritas semanalmente. As substituições podem envolver os realities shows e non-scripted programas, bem como programas de esportes e notícias, todos estes não demandam o trabalho dos roteiristas representados pelo WGA.

A última greve de roteiristas aconteceu em 2007 e durou 100 dias (de 5 de novembro de 2007 a 12 de fevereiro de 2008). Na ocasião diversas produções foram adiadas ou tiveram sérios problemas de enredo no meio das temporadas. Na época o impacto da paralisação na economia da Califórnia foi de US$2,1 bilhões.

Segundo os analistas da indústria, no entanto,  a paralisação pode ter um impacto forte na indústria, mas, neste caso, talvez seja menor, por envolver em maior parte os estúdios de cinema e streaming que trabalham com a pré-produção com maior antecedência do que a televisão tradicional, ou seja, mesmo havendo um efeito dominó, isso será sentido no cenário desses players mais à frente, quando a crise poderá já ter sido contornada e os cronogramas reorganizados.

 

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