31 Janeiro 2023 | Renata Vomero
Mostra de Tiradentes comemora resultados recordes no retorno ao presencial
26ª edição do festival aconteceu entre 20 e 28 de janeiro
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A 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, encerrada em 28 de janeiro, se reafirma como um dos maiores eventos do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão. Depois de duas edições online, o retorno presencial foi celebrado pelos diversos atores da cadeia produtiva do audiovisual e também pelo público que compareceu em peso nas sessões de cinema e nos debates.
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O festival apresentou o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, colocou em debate a temática “Cinema Mutirão”, reuniu profissionais do audiovisual para discutir e elaborar recomendações e contribuições para novas políticas públicas para o setor.
O filme mineiro As Linhas da Minha Mão, de João Dumans, foi o título vencedor de melhor longa-metragem da Mostra Aurora na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Na mostra Olhos Livres, o vencedor foi O Canto das Amapolas, dirigido por Paula Gaitán. Filmes em desenvolvimento também foram premiados na categoria de “work in progress” da Conexão Brasil CineMundi.
“Esta edição da Mostra foi muito marcante em vários campos de atuação do evento. Apresentamos ao público o cinema brasileiro de 2023, em sessões na tenda e na praça que representaram experiências e encontros afetivos. O evento se reafirmou, mais uma vez, como espaço privilegiado, generoso e rico em debates e discussões num cenário que inaugura um novo ciclo positivo de revitalização do setor audiovisual no País. Em nove dias de programação abrangente e gratuita beneficiou mais de 35 mil pessoas, o que é motivo de celebração e desenvolvimento social, humano e econômico”, destacou Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra de Cinema de Tiradentes.
Foram exibidos 134 filmes (38 longas, 3 médias e 93 curtas-metragens) de 19 estados – (AL, AM, BA, CE,DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SP) – em 57 sessões de pré-estreias e mostras temáticas em três cinemas instalados na cidade: Cine-Praça, Cine-Tenda e Cine-Teatro. E na plataforma do evento (mostratiradentes.com.br), o público pode assistir a 40 filmes da programação e acompanhar os debates que foram disponibilizados para acesso gratuito, de qualquer lugar do mundo.
O 26º Seminário do Cinema Brasileiro foi a extensão fundamental da programação de curtas, médias e longas-metragens e reuniu mais de 150 profissionais no centro das discussões. Foram realizados 41 debates, sendo 18 deles integrantes da série Encontros com os Filmes, nos quais críticos convidados discutiram com realizadores e público os títulos das mostras Aurora, Foco e Olhos Livres, além de bate-papos pós-sessão das mostras Autorias e Foco Minas. Também aconteceram seis debates conceituais e temáticos, 11 encontros nas Sessões Debate, bate-papos da sessões da Praça e Formação, cinco rodas de conversa e um encontro internacional.
Durante a mostra foram oferecidas 445 vagas para atividades que buscam promover a formação e capacitação técnica para o mercado de cinema e criar oportunidades para nova geração de atores e realizadores. Ao todo, foram realizadas 12 ações formativas – dentre oficinas, lab e masterclasses – que apresentaram diversificadas abordagens da linguagem e fazer cinematográfico, voltadas para crianças, jovens e adultos.
A novidade desta edição, o Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual Brasileiro reuniu mais de 70 profissionais para um diagnóstico do setor, com objetivo de formular um amplo documento a ser encaminhado para o recém-refundado Ministério da Cultura. Os profissionais se dividiram em cinco grupos de trabalho (GTs), de maneira a concentrar as pautas. Esse trabalho deu origem a Carta de Tiradentes que enumera 17 pontos gerais, detalhados e ampliados por cada grupo de trabalho no documento final que será encaminhado para o MinC. A ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, participou da abertura das atividades do Fórum de Tiradentes durante a Mostra.
A 26ª Mostra de Cinema Tiradentes sediou o programa de coprodução internacional - o Conexão Brasil CineMundi que contou com a presença de representantes de 16 festivais internacionais e 13 profissionais do mercado audiovisual vindos de 11 países: Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Canadá, Chile, Espanha, França, México, Portugal e Suíça. Foram apresentados sete filmes de quatro estados.
Mais de 300 veículos de imprensa – dentre emissoras de rádio e TV, portais e agências de notícias, revistas eletrônicas especializadas, jornais e revistas – realizaram a cobertura jornalística e divulgaram a Mostra de Cinema de Tiradentes. Foram credenciados 89 profissionais para cobertura presencial do evento, entre jornalistas e críticos de cinema.
Nas redes sociais do evento, o alcance foi de mais de 2,5 milhões de usuários, somando os perfis no Facebook e Instagram. Já as impressões (número de vezes que o usuário vê o conteúdo) ultrapassaram os três milhões. O site da Mostra teve mais 250 mil acessos.
Mais de 700 convidados marcaram presença e participaram da programação desta edição. Foram contratadas mais de 250 empresas e 180 pessoas atuaram na equipe de trabalho nas fases de montagem, realização e desmontagem. Estima-se que a Mostra de Cinema de Tiradentes seja responsável pela geração de mais de 2.000 empregos diretos e indiretos.
Esse balanço positivo é sentido principalmente por quem vive na cidade, como conta Cilene Rodrigues Linhares, proprietária da Pousada Pé da Serra, que comemora uma taxa de ocupação de 100%. “É um evento que para além do turismo também abrange os moradores, por ser acessível e extenso. A retomada do formato presencial foi algo muito esperado, tanto pela organização, quanto pelos moradores, por ser uma tradição seguida há muitos anos. Outro fator importante é a economia, que sem a realização do evento fica estagnada durante o mês de janeiro”, disse.
O secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer de Tiradentes, de Sérvulo Matias Filho, endossa esse argumento. “Quando se traz uma ministra para participar de um Fórum num município igual ao nosso, os holofotes ficam todos voltados pra cá. Quando se traz um artista como o Ney Matogrosso, agrega valor e as pessoas se sentem acolhidas e mais comprometidas com a cultura nacional. São oito dias de mostra e de mídia intensa. As pessoas que não tiverem presentes se atiçam para conhecer a cidade. A partir daí movimenta toda a estrutura turística, não só a hospedagem, mas também a alimentação, o artesanato.”
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