22 Novembro 2022 | Yuri Codogno
Tecnologia em smartphones leva acessibilidade de conteúdo aos cinemas
Medida pode ajudar mais de 17 milhões de brasileiros com deficiência visual ou auditiva irem às salas escuras
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Em janeiro de 2023 uma nova lei começa a valer para os exibidores nacionais, que terão a obrigatoriedade de oferecer equipamentos de acessibilidade de conteúdo para o público com deficiência visual ou auditiva. Antes, porém, a ABRAPLEX (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex) apresentou uma nova tecnologia gratuita que possui opções de audiodescrição, legenda e LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) sincronizadas durante as exibições.
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Considerada de fácil navegação e intuitiva para o público-alvo, a tecnologia é um aplicativo para smartphones (Android e IOS) que reconhece o áudio do filme e sincroniza, em tempo real, os recursos de acessibilidade de conteúdo. Deste modo, fica a critério do espectador escolher a melhor opção para si.
“O aplicativo universaliza o acesso ao cinema, permitindo que pessoas com deficiência possam assistir aos filmes em qualquer sessão e horário. Essa é uma revolução realizada no Brasil que vai se espalhar pelo mundo”, destacou Marcos Barros, presidente da ABRAPLEX após exibição do filme Caça Implacável (Diamond Films) que aconteceu no início de novembro em Brasília, apresentando a tecnologia para para autoridades e um público convidado.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a iniciativa beneficia mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva, 6,5 milhões que apresentam baixa visão e mais 600 mil que são cegas. Além disso, outros públicos, com ou sem deficiência, como pessoas idosas, podem utilizar a tecnologia.
De acordo com a Anatel, são 261,3 milhões de celulares ativos no país, o equivalente a 1,2 celulares por pessoa. Apesar disso, não significa que todas terão acesso à tecnologia, visto que há quem possua dois ou mais aparelhos e muitas outras sem nenhum. Entretanto é uma opção válida para acessibilizar os conteúdos dos cinemas, especialmente se somar com as opções da Riole e da Dolby, disponíveis em muitas salas escuras do Brasil.
Para Lúcio Otoni, presidente da FENEEC (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas), a iniciativa também vai beneficiar os exibidores de pequeno e médio portes: “é uma revolução, um projeto de inclusão fantástica que estamos tendo neste momento no país. Além de democratizar o acesso, a nova tecnologia não implicará em aumento de custos para as empresas, principalmente nas cidades menores, o que é essencial para este momento em que retomamos as atividades após um longo período de paralisação”.
Além de ser um desejo da ABRAPLEX, a proposta do aplicativo está prevista na Instrução Normativa n°165, da Ancine, que visa tornar os cinemas mais inclusivos, cabendo às distribuidoras e exibidoras proporcionarem recursos de acessibilidade audiovisual ao público. A Lei nº 13.146, de 2015, do Estatuto da Pessoa com Deficiência, determina que, a partir de 2 de janeiro de 2023, todas as salas de exibição devem fornecer recursos de acessibilidade audiovisual às pessoas com deficiência nas sessões.
Roberto Paulo Tiné, coordenador de Comunicação Social do CONADE (Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência), considera que a tecnologia proporciona um atendimento universal para as pessoas com deficiência de forma econômica em relação aos outros recursos. Deficiente auditiva e atuando como apoio técnico na Assessoria Parlamentar do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Joyce Moraes destaca o caráter inclusivo do aplicativo: “fiquei emocionada pois os filmes não eram acessíveis e agora isso vai mudar”.
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