Entre toda cadeia cinematográfica, ninguém sofreu mais com a pandemia do que os exibidores. Se a produção e principalmente a distribuição podiam optar por caminhos alternativos para evitar maiores prejuízos, como levar as produções aos streamings, a exibição nas telonas não pôde fazer muita coisa a não ser esperar. E a Cinemark é uma das redes que provam isso: o prejuízo líquido de US$ 24,5 milhões obtido em seu terceiro trimestre fiscal, de julho a setembro, é motivo de comemoração para a empresa. As informações são dos portais Hollywood Reporter e Celluloid Junkie.

Algumas redes exibidoras, como a inglesa Cineworld e a estadunidense Regal, são alguns exemplos de como um prejuízo reduzido pode ser um bom resultado para as empresas, que ainda lutam para se recuperar dos meses fechados ou com funcionamento parcial.

Os US$ 24,5 milhões negativos registrados pela Cinemark são uma evolução frente ao prejuízo de US$ 77,8 milhões que a rede obteve no mesmo período do ano anterior. Se levarmos em consideração que poucos filmes e ainda menos blockbusters, como Thor: Amor e Trovão, Elvis, Trem-Bala, Não! Não Olhe! e A Mulher Rei, foram lançados no período, o resultado passa a ser ainda melhor. 

Entre julho e setembro de 2022, a receita da Cinemark aumentou para US$ 650,4 milhões, ante US$ 434,8 milhões registrados no terceiro trimestre de 2021. O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) atingiu US$ 99,5 milhões, em comparação com US$ 44,3 milhões do ano anterior.

A receita de ingressos do período ficou em US$ 324,6 milhões, enquanto a de outros serviços, como bomboniere, foi de US$ 253,6 milhões. No total, a Cinemark contabilizou 48,4 milhões de clientes entre julho e setembro, número superior aos de 2021, quando os cinemas estavam operando parcialmente.

Algo que ficou abaixo das expectativas foi o fluxo de caixa livre, que caiu para US$ 43 milhões negativos. Entretanto, com as estreias de Adão Negro, Pantera Negra: Wakanda para Sempre e Avatar: O Caminho da Água, a Cinemark espera fechar o ano com o fluxo de caixa positivado.

O preço médio dos ingressos foi de US$ 6,71, 10%  maior em relação aos níveis pré-pandemia. Mas é preciso lembrar que o Dia Nacional do Cinema, no qual o Cinemark ofereceu ingressos por US$ 3, foi um sucesso, o que acabou por diminuir um pouco o valor médio dos tickets.

“Embora em agosto e setembro fomos desafiados pela queda na disponibilidade de conteúdo, estamos satisfeitos com as melhorias ano a ano no fluxo de produtos ao longo de 2022, que levaram a um aumento de 130% nas bilheterias norte-americanas no acumulado do ano. Temos alta confiança na recuperação contínua de conteúdo e bilheteria, pois os atrasos causados pela Covid estão diminuindo e os estúdios estão obtendo valores promocional e financeiro crescentes do cinema”, disse Sean Gamble, presidente e CEO da Cinemark.

Se as tendências históricas prevalecerem, Gamble disse que a Cinemark espera cerca de 85 grandes lançamentos no próximo ano, sem contar os estúdios pequenos e médios que ainda não anunciaram sua lista. À medida que os estúdios se voltam para os lançamentos nos cinemas, Gamble disse que a Cinemark também permanece muito otimista de que as empresas de streaming aumentarão seu uso de lançamentos nas telonas.

Um exemplo é Entre Facas e Segredos 2, da Netflix, que estreará na Cinemark e em outras redes um mês antes de ficar disponível na plataforma de streaming. Ainda assim, o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, recentemente pareceu se afastar de um impulso maior para o cinema, dizendo: “não há dúvida internamente de que fazemos nossos filmes para nossos membros e realmente queremos que eles vejam na Netflix”.

Gamble, apesar disso, completou: “continuamos altamente otimistas sobre o futuro da exibição de cinemas e da Cinemark. O comportamento do consumidor no ano passado confirma que o entusiasmo por ir ao cinema continua forte e vibrante em todas as categorias de filmes e públicos. Trimestre após trimestre, gênero por gênero, vimos recordes de longa data quebrados e filmes com desempenho comparável ou melhor do que as expectativas pré-pandemia”.