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04 Novembro 2022 | Yuri Codogno

Cineworld chega a acordo de falência entre credores e proprietários

Empréstimo adicional será usado para pagar dívida bilionária

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(Foto: Divulgação)

O Cineworld Group chegou a um acordo de falência com seus credores. Segundo  a Reuters, a ação permitirá que o exibidor britânico pegue um empréstimo adicional de US$ 150 milhões, além do US$ 1,94 bilhão solicitado anteriormente, e faça um pagamento da dívida de US$ 1 bilhão. Simultaneamente, o valor ajudará a rede a não interromper todas suas operações mundiais. As informações são dos portais Screen Daily e Hollywood Reporter.

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No início de setembro, a Cineworld, com apenas US$ 4 milhões em caixa, entrou com pedido de proteção contra falência do Capítulo 11 nos EUA (algo semelhante ao pedido de recuperação judicial que ocorre no Brasil). Para entender melhor o caso, leia nossa matéria que explica a jogada da Cineworld.

Ainda de acordo com a Reuters, os credores desistiram da dívida de bilhões de dólares depois que a Cineworld concordou em pagar pelo menos US$ 20 milhões em “aluguel inicial”, definido como “a parcela pós-petição e pré-rejeição do aluguel mensal regularmente acumulado, despesas e encargos sob os termos dos arrendamentos de imóveis não residenciais dos devedores que são devidos no período a partir da data da petição até 30 de setembro de 2022”.

Anteriormente, a Cineworld não pretendia fazer nenhum pagamento de aluguel a partir do mês de outubro até o final de seu processo de falência. Além disso, a exibidora também concordou em explorar uma potencial venda do negócio e permitir a entrada de credores em seu plano de mercado.

O cronograma da falência não menciona nenhuma data específica, mas o objetivo é uma transação de maximização de valor em relação aos ativos dos devedores.

Em março, a dívida da Cineworld era de US$ 4,84 bilhões e, além disso, a empresa está enfrentando uma enorme multa em sua disputa em andamento com a Cineplex do Canadá, após abandonar a aquisição da empresa em meados de 2020. O preço das ações da Cineworld despencou após a primeira notícia em agosto de que estava considerando pedir falência. Entretanto as ações subiram mais de 50% com as notícias do novo acordo.

A Cineworld, considerada a segunda maior operadora de cinema do mundo, possui 747 complexos e 9.139 salas, além de ser detentora da gigante norte-americana Regal, que possui mais de 500 complexos. E isso nos leva a uma segunda questão: como fica a rede estadunidense? 

No momento, a anunciante especializada em cinemas National CineMedia está processando a Regal por supostamente explorar a falência da Cineworld para violar seu acordo de publicidade com a empresa. Segundo o portal Hollywood Reporter, a rede de publicidade afirma que a Regal está procurando reescrever o contrato para melhores termos, firmar um novo contrato com um concorrente ou trazer serviços de publicidade internos.

Em uma ação movida na semana passada (28/10) no tribunal federal do Texas, a National CineMedia afirma que a Regal “armou o processo de falência usando-o de forma oportunista como uma arma para violar os direitos de exclusividade, não concorrência, não negociação e confidencialidade de longa data”. Ela diz que a proposta de violação do contrato pela Regal, se permitida pelo tribunal de falências, resultará em mais de US$ 1 bilhão em danos.

A National Cinemedia foi formada como uma joint venture entre a Regal e duas outras grandes redes de cinema. De acordo com seu contrato com a Regal, a empresa atua como provedora exclusiva de serviços de publicidade em troca de mensalidades. Desde 2007, a Regal recebeu cerca de US$ 1,3 bilhão, com um pagamento médio anual de US$ 58 milhões de 2015 a 2019.

Ainda na semana passada, a Cineworld pediu permissão para anular seu acordo com a National CineMedia. Seu argumento foi de que as mudanças no cenário da indústria, como o aumento dos serviços de streaming e a pandemia da COVID-19, a forçaram a “reimaginar certos fluxos de receita”. Os arquivos dizem: “é simplesmente antieconômico para os Devedores continuarem sob o [acordo] sem alterações significativas nos principais termos deste contrato. Os Devedores acreditam que poderiam obter serviços de publicidade aprimorados de terceiros em condições superiores ou, alternativamente, providenciar serviços de publicidade internamente”.

A ação alega quebra de contrato e quebra antecipada e busca uma ordem judicial que impeça a Regal de trazer qualquer serviço de publicidade, contratar terceiros para fornecer tais serviços e compartilhar informações confidenciais. A National CineMedia argumenta que a Regal está vinculada ao seu contrato, que foi renegociado em 2019 e que aponta cláusulas de exclusividade e não concorrência em seu acordo que proíbem a Regal de contratar terceiros para fornecer serviços de publicidade.

Apesar disso, a ação alega que a Regal já descumpriu o contrato: “Mooky Greidinger, CEO da Cineworld, supostamente fez uma apresentação aos credores pré-petição, na qual afirmou que os Devedores buscariam uma das três opções em relação à publicidade na tela: (A) Primeiro, a Regal poderia impor aos NCM termos mais favorável ao Rei. (B) Em segundo lugar, a Regal pode mudar para um concorrente, Screenvision ou outro terceiro. (C) Em terceiro lugar, a Regal poderia fornecer internamente na Regal alguns ou todos os serviços que a NCM fornece atualmente (como a Regal faz no Reino Unido e nas regiões do ‘resto do mundo’)”.

Em seu pedido de falência, a Regal afirma que não continuará sob seu acordo com a National CineMedia, a menos que concorde com mudanças significativas. 

“Apesar de ter recebido aproximadamente US$ 630 milhões dos credores e outras partes interessadas da NCM em troca de um acordo exclusivo de longo prazo, a Regal está agora, em uma reviravolta completa, buscando vender os mesmos direitos exclusivos novamente – desta vez sob a capa do Capítulo 11”, diz a denúncia. “Tais táticas vão além do propósito reabilitador do processo do Capítulo 11 e não são apenas desencorajadas pelos tribunais, mas também violam claramente a letra e o espírito da Regal ESA”, ressalta uma das cláusulas da ação.

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