07 Junho 2022 | Renata Vomero
Em meio a sanções e risco de fechamentos, cinemas russos recorrem à pirataria
Indústria local enfrenta crise por falta de lançamentos de Hollywood desde início da guerra na Ucrânia
Compartilhe:
No fim de fevereiro a Rússia invadiu a Ucrânia, gerando um conflito que já se estende por mais de três meses. Desde então diversos países, especialmente os que fazem fronteira com a Rússia ou integram a Otan, anunciaram diversas sanções econômicas na tentativa de barrar o país comandado por Vladimir Putin.
Publicidade fechar X
Entre elas, estão imposições de Hollywood, que não liberou mais filmes para serem lançados nos cinemas da região. Embora tendo que encarar o impacto que estas proibições pudessem ter em suas bilheterias, a medida gerou um efeito dominó que pode estar levando os exibidores locais a recorrerem à pirataria para tentar cobrir os prejuízos.
De acordo com a reportagem da Variety, alguns dos títulos que ganharam exibições ilegais em certos cinemas do país são Batman, Sonic 2 – O Filme, Red: Crescer é Uma Fera, Alerta Vermelho e Ambulância – Um Dia de Crime.
Segundo relatos ouvidos pelo veículo estadunidense, alguns exibidores estão mudando o nome destes filmes para que a prática seja mais camuflada, embora os filmes sejam reconhecíveis ao público. Tem ocorrido também exibições particulares em que estes filmes são exibidos em cinemas – como temos aqui disponibilidade para aluguel de sala –, nestes casos os exibidores estão cobrando apenas pelo consumo na bombonière. Além disso, muitos ingressos foram emitidos manualmente, para despistar a fiscalização.
E quando dizemos fiscalização, ela é bastante rígida no país, a ponto de praticamente ter a prática erradicada. Conforme informa a Variety, nos anos 1990 a MPA apoiou uma associação antipirataria para que agisse no país após a dissolução do regime soviético, que impactou a economia da região.
De qualquer forma, ao que tudo indica, as exibições ilegais em cinemas não estão sendo uma ação generalizada, apenas em alguns cinemas específicos. Mesmo assim, isso acende um alerta vermelho ao mercado, especificamente aos detentores dos direitos autorais dessas obras, bem como os próprios exibidores.
Falando neles, desde que a guerra começou e as sanções foram impostas, já em março, estima-se que mais de 300 cinemas fecharam desde então na Rússia e 50% dos que estão em operação correm risco se a situação continuar na mesma. Cerca de 36,4% das salas foram fechadas e espera-se uma queda de bilheteria em torno de 80% nestes meses subsequentes.
Alguns detalhes importantes completam essa notícia, reforçando sua complexidade. Quanto a alguns dos filmes que foram proibidos na boca do lançamento, caso de Batman, por exemplo, já tinham sido negociados para o lançamento na Rússia previamente, inclusive, alguns exibidores já tinham cópias do filme em mãos.
No parlamento Russo até foi levantada a hipótese de algum tipo de legalização da pirataria ou a criação de uma espécie de fundo em que o dinheiro recebido por essas exibições possa ser retornado, em parte, para os criadores dessas obras.
Ainda assim, independente de questões políticas e geopolíticas, este é um caso para se ter atenção, já que a Rússia, assim como todos os territórios, teve a indústria combalida por conta da pandemia e agora enfrenta essa série de sanções que podem impactar a indústria como um todo, mesmo que indiretamente.
Compartilhe:
- 1 medalha