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02 Março 2022 | Renata Vomero

Indústria global de cinema se posiciona e anuncia boicotes à Rússia

Paralisação de investimentos, cancelamento de estreias e exclusão de festivais estão entre as medidas

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(Foto: Sputnik)

A invasão Russa à Ucrânia vem mobilizando o mundo, que busca medidas e sanções que possam impactar o país comandado por Putin e, assim, frear e impedir as invasões e ataques em diversos territórios ucranianos.

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Com diversos países europeus e de mais maneira mais contundente os Estados Unidos criando sanções e formas de atingir o país, a indústria de cinema de todo mundo começou a também criar formas de impactar a economia e participação do país nas diversas frentes do setor.

No sábado, quando a Academia de Cinema da Ucrânia se posicionou pedindo que a indústria tomasse medidas de boicote contra o mercado Russo, Hollywood e outros diversos players começaram a se mobilizar.

Um dos movimentos mais impactantes veio das majors de Hollywood. Disney, Warner, Sony e Paramount já se pronunciaram dizendo que não permitirão a exibição de seus próximos grandes lançamentos no país. São eles, Batman, Red: Crescer é Uma Fera, Morbius, Sonic 2 e Cidade Perdida.

"Enquanto testemunhamos a tragédia em andamento na Ucrânia, decidimos pausar o lançamento de nossos próximos filmes de cinema na Rússia, incluindo Sonic 2: O Filme Cidade Perdida. Apoiamos todos os afetados pela crise humanitária na Ucrânia, Rússia e nossos mercados internacionais e continuaremos monitorando a situação à medida que ela se desenrola”, disse a Paramount em comunicado à imprensa.

A Netflix também se posicionou se negando a cumprir com uma nova lei russa que obriga os serviços a transmitir conteúdo de canais locais que contam com propaganda governamental. Para além disso, a gigante do streaming já anunciou que paralisará os projetos em andamento, assim como as aquisições.

A própria MPA (Motion Pictures Association), que representa as majors de Hollywood e é uma das principais associações da indústria, também emitiu nota apoiando os cidadãos e membros da indústria ucraniana.

“Apoiamos a comunidade internacional na defesa do Estado de direito e na condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia. Em nome de nossas empresas associadas, que lideram a indústria de filmes, TV e streaming, expressamos nosso forte apoio à vibrante comunidade criativa da Ucrânia que, como todas as pessoas, merece viver e trabalhar em paz”, diz o texto.

Uma parte crucial do mercado de cinema também se pronunciou. Diversos festivais de cinema da Europa já anunciaram que não devem exibir filmes russos ou contar com delegações russas em seus eventos programados para este ano.

Entre eles está o Festival de Cannes, que deve barrar a delegação russa ou qualquer outros nomes relacionados ao governo. "Decidimos, a menos que a guerra de agressão seja interrompida com condições satisfatórias para o povo ucraniano, não receber delegações oficiais procedentes da Rússia, nem aceitar a presença de qualquer órgão relacionado ao governo russo", disse a organização em comunicado.

Os festivais de Glasgow, Escócia, e de Estocolmo, na Suécia, já anunciaram a retirada de filmes russos ou ao menos que tenham contado com financiamento público local de suas seleções. Já o Festival de Locarno, na Suíça, não aderiu à onda de boicotes por se dizer à favor da liberdade de expressão e da arte cinematográfica de todas as formas”.

E é justamente neste mesmo viés que membros de indústria russa respondem. Segundo diversos produtores, esses cortes e boicotes estão impedindo que artistas da região encontrem espaço para se posicionarem e também protestarem.

“Centenas e milhares de trabalhadores culturais russos discordaram abertamente da decisão do governo de iniciar uma guerra: eles condenam suas ações, vão a protestos, apoiam a Ucrânia, correm o risco de serem condenados por traição. Quase todos eles não votaram em Putin”, ressaltou um produtor local em entrevista à Variety.

A UNIC, associação que representa os exibidores em mais de 39 territórios europeus, divulgou um comunicado reforçando seu apoio aos profissionais ucranianos, bem como a todas as medidas tomadas para dar fim aos ataques no território.

“Este ataque a todos esses princípios deve, portanto, ser combatido com firmeza e apoiamos de todo o coração quaisquer medidas tomadas pela comunidade internacional rapidamente para acabar com esse derramamento de sangue. De maneira mais prática, estamos prontos para fazer tudo o que pudermos para apoiar os colegas ucranianos quando chegar a hora de reconstruir esses cinemas destruídos pela agressão russa, para que seu público possa novamente desfrutar da experiência inclusiva da tela grande”, diz o texto.

 

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