14 Janeiro 2021 | Fernanda Mendes
Bilheteria brasileira cai 78% em 2020: “Esse primeiro semestre ainda vai ser difícil”, afirma presidente da FENEEC
Levantamento da Comscore mostra que filmes arrecadaram apenas R$ 646 milhões no ano passado
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Com os cinemas fechados por meses, e alguns ainda permanecendo inativos, o Brasil viu sua bilheteria cair drasticamente no ano de 2020. O que não é surpresa para ninguém. De acordo com um levantamento feito pela Comscore, a pedido da Veja, a arrecadação dos cinemas no país caiu 78% em relação a 2019, registrando R$ 646,3 milhões com a venda de 40,2 milhões de ingressos.
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A queda é ainda mais atenuante, pois o ano retrasado foi um período bastante movimentado nas salas de cinema com títulos recordistas de público como Vingadores: Ultimato (Disney) que levou mais de 19,6 milhões de pessoas às telonas, o live-action de O Rei Leão (Disney), com 16 milhões de ingressos e Coringa (Warner) com 9,8 milhões de espectadores. Além dos nacionais Minha Vida em Marte (Paris/Downtown) que vendeu 5,3 milhões de ingressos e Turma da Mônica – Laços (Paris/Downtown), com 2 milhões de espectadores.
Para se ter uma ideia, em 2019, o número de espectadores foi de 177,2 milhões e a bilheteria atingiu R$ 2,8 bilhões.
Em entrevista ao Portal Exibidor, Ricardo Difini Leite, presidente da FENEEC (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas) e diretor da rede GNC Cinemas, comentou sobre o resultado de 2020, o qual, em sua opinião, já era previsto. “Com certeza a grande maioria dos cinemas estão se mantendo em atividade por conta da linha de financiamento do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual). Se não houvesse isso, teríamos um fechamento definitivo de um número grande de empresas. Isso foi a salvação do setor”.
Para Difini a situação não deve melhorar tão cedo e os exibidores podem esperar uma retomada mais consistente somente a partir do segundo semestre. “Não temos a ilusão que 2021 será um ano muito bom. Estamos imaginando uma redução mínima em relação a 2019, de 35% a 40%, porque sabemos que as coisas se retardaram, em relação à vacina e à contaminação. Esse primeiro semestre ainda vai ser difícil, mesmo com os cinemas abertos, a frequência ainda é pequena e a resistência das distribuidoras em oferecer lançamentos, é uma situação que infelizmente é difícil”.
Sobre este retorno massivo do público aos cinemas, que deve acontecer após a vacinação, o exibidor ressaltou o poder da experiência cinematográfica e não acredita que o comportamento dos espectadores deva mudar após tantos meses em casa. “Tendo produto e as pessoas se sentindo seguras, tudo vai voltar à normalidade. Os espectadores sentem falta, e é um programa social importante que certamente as pessoas vão querer continuar a fazer. O streaming prejudica muito mais a TV à cabo do que o cinema, porque o cinema é uma opção de lazer, uma experiência”.
Mas os efeitos da pandemia de Covid-19 não se concentram somente no Brasil. Exibidores do mundo todo estão sofrendo com a incapacidade de operar, por isso, a bilheteria mundial de 2020 caiu em 71%, de acordo com a Comscore. Somente nos EUA, a arrecadação abaixou em 80%. O menor número em 40 anos. Já a China, mesmo sendo o maior país em bilheteria no ano passado, teve queda de 70% em sua arrecadação.
Mas o momento não é para pessimismo. Como Paul Dergarabedian, analisa sênior da Comscore, falou recentemente: “Se 2020 provou alguma coisa, é que a experiência do cinema é inegavelmente atraente, relevante e resistente a todos os desafios”. Difini concorda: “Nós já passamos por um momento muito difícil e estamos na fase final, onde vamos começar a ter a vacina. Vejo que em 2021, a partir do segundo semestre, a gente vai conseguir ter uma situação bem melhor para todo o setor”.
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