11 Dezembro 2019 | Thais Lemos
Os maiores sucessos de 2019 das distribuidoras no Brasil
Ano foi marcado por estreias que movimentaram o mercado exibidor
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O ano de 2019 ainda não acabou, mas podemos dizer que ele marcou a indústria do cinema tanto internacional quanto do Brasil. A nível internacional o ano foi marcado pelas estreias de grandes filmes que puderam levar milhares de pessoas aos cinemas. Inclusive, somente neste ano seis longas já alcançaram a marca de US$ 1 bilhão em bilheteria. No Brasil, 2019 foi um ano de mudanças no cinema, muito por parte das orientações do Governo, que diferem do que vinha sendo feito até hoje, e também pela chegada de filmes nacionais que estão ganhando o mundo como Bacurau e A Vida Invisível. Por isso, o Portal Exibidor preparou uma matéria especial mostrando um balanço dos lançamentos de 2019 no Brasil. Confira!
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Majors
Não tem como falar de 2019 sem diretamente lembrar de Vingadores: Ultimato, longa da Disney que encerrou mais uma fase do Universo Marvel e quebrou diversos recordes de bilheteria, inclusive conquistando o título de filme de maior bilheteria de todos os tempos, ultrapassando Avatar, que foi lançado em 2009, e detinha o posto até então.
O filme totaliza US$ 2,797 bilhões acumulados, e só no Brasil, mais de 19,6 milhões de espectadores foram conferir o filme dos Irmãos Russo. Mas Vingadores não foi o único sucesso da Disney que fez um grande sucesso neste ano. Neste ano, a distribuidora apostou em suas histórias clássicas, mas levando-as para as telonas em formato de live-action, como Dumbo, Aladdin e O Rei Leão.
Já a sequência Malévola – Dona do Mal é o filme a liderar a bilheteria nacional por mais tempo no Brasil este ano, estando acima, inclusive, de Vingadores: Ultimato (Disney). Malévola dominou a bilheteria do Brasil por sete semanas e o filme da Marvel por quatro semanas.
Outro grande momento do ano para a empresa, foi a fusão com a Fox que permitiu que a Disney distribuísse ainda mais filmes, sendo Meu Amigo Enzo o primeiro longa da Fox com selo Disney. Com isso, a empresa também assumiu títulos com gêneros diversificados, como Divaldo – O Mensageiro da Paz, Ad Astra: Rumo às Estrelas, O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio e Ford Vs. Ferrari. Já a Fox se despediu do mercado de distribuição com X-Men: Fênix Negra.
Falando no mundo dos super-heróis, a Warner Bros. também se destacou nas telonas com o vilão Coringa. Inclusive, o filme é uma grande aposta para a temporada de premiações, por conta da atuação de Joaquin Phoenix, que é um dos preferidos para levar os principais prêmios de atuação. “O filme se tornou a maior bilheteria da Warner Bros Pictures na história do Brasil”, contou a Warner Brasil ao Portal Exibidor, com o filme que levou mais de 9,7 milhões de espectadores aos cinemas nacionais.
A Warner Brasil comentou também sobre o sucesso das campanhas de Creed II, Shazam! e Pokemon Detetive Pikachu que tiveram destaque na CCXP18, com presença do elenco. “O público recebeu com muito carinho”, afirmou a distribuidora. Isso se refletiu na bilheteria dos filmes: Shazam!, um personagem ainda desconhecido da maioria do público, vendeu em seu primeiro filme quase 3 milhões de ingresso, e Detetive Pikachu fez 1 milhão de público.
A distribuidora também apostou em gêneros diversificados, como terror com o lançamento de A Maldição da Chorona, Annabelle 3: De Volta Para Casa, Doutor Sono e IT: Capítulo Dois, que inclusive contou com a presença do diretor e da produtora no Brasil, Andy e Barbara Muschietti para falar sobre a sequência inspirada na obra de Stephen King; e animação, com Uma Aventura Lego 2. Já entre apostas da Warner Bros. para as premiações, estão A Grande Mentira e Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe, este último que teve lançamento na semana passada.
Ainda entre as majors, a Universal também contou com diversos gêneros em seu line-up neste ano. Como Treinar o Seu Dragão 3 encerrou a jornada de Soluço e seu dragão Banguela nas telonas, enquanto a pré-estreia de Pets 2: A Vida Secreta dos Bichos conquistou o registro no Guinnes World Record de maior sessão de cinema com cachorros no mundo. Ainda entre as animações, os outros destaques da distribuidora foram Abominável e A Familía Addams, que levaram mais de 1 milhão de espectadores cada, sendo que o filme da família aterrorizante ainda pode ser encontrado nos cinemas.
Como tradição da Universal, a distribuidora também lançou filmes de destaque nos festivais como Nós, de Jordan Peele, Duas Rainhas, de Josie Rourke, e MA, de Tate Taylor. Dirigido por Pedro Almodóvar, Dor e Glória, chegou a ficar 7 semanas no Top 10 de bilheteria do Brasil, mesmo sendo uma história voltada para um público de nicho.
Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw mostrou que a franquia de ação ainda segue forte no Brasil em seu nono filme com 2,7 milhões de público. Vindo de uma série de televisão, Downton Abbey surpreendeu com os resultados da bilheteria, e agora os fãs da saga aguardam uma continuação. Comédias românticas também não ficaram de fora, e Yesterday inovou ao contar nos cinemas a história de um músico que sofreu o acidente e acordou sendo a única pessoa do mundo que se lembra da banda The Beatles, e Uma Segunda Chance Para Amar encerrou o ano da distribuidora, levando Emilia Clarke e Henry Golding de volta para os cinemas.
Homem-Aranha, personagem da Marvel, ganhou duas novas versões distribuídas pela Sony. Homem-Aranha no Aranhaverso chamou atenção do mercado por sua qualidade na produção e, inclusive ganhou o Oscar de Melhor Animação. O filme fez 2 milhões de público no Brasil. Em julho, quase três meses depois do lançamento do último Vingadores, Homem-Aranha: Longe de Casa reuniu novamente os fãs da Marvel nos cinemas.
Franquias de sucesso também foram uma aposta da Sony, que levou de volta às telonas filmes como sequências de Angry Birds 2 – O Filme e Zumbilândia: Atire Duas Vezes. Já As Panteras e MIB: Homens de Preto – Internacional, tiveram suas histórias repaginadas e ganharam novos personagens. Em agosto, uma nova história dirigida e escrita por Quentin Tarantino teve sua estreia no Brasil. Era Uma Vez em... Hollywood conta com elenco de peso como Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Dakota Fanning e Al Pacino, e é uma forte aposta nas premiações.
A Paramount lançou apenas sete filmes nos cinemas neste ano. Questionada sobre seus destaques de 2019, a distribuidora afirmou que foi um ano de transição, e o seu maior sucesso se deu pela cinebiografia do cantor Elton Jhon, Rocketman. Mas outro longa da Paramount que chamou a atenção foi Projeto Gemini, que foi filmado em 124 quadros por segundo, quando o normal é de 24 quadros por segundo, e exibido em 3D+. No entanto, a produção dirigida por Ang Lee não teve uma bilheteria estrondosa por aqui e levou apenas 828 mil pessoas aos cinemas.
A distribuidora afirmou que o próximo ano será"incrível", e já conta com 12 filmes programados para lançar em 2020.
Nacional
As distribuidoras internacionais não foram as únicas responsáveis por lançarem grandes filmes no circuito. A Vitrine lançou um dos filmes mais comentados do ano: Bacurau. O thriller de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles começou sua trajetória no Festival de Cannes, onde conquistou o Prêmio do Júri, e ao chegar no Brasil, ficou 9 semanas em destaque no Top 10 de bilheteria com 718 mil ingressos vendidos.
A distribuidora nacional também lançou títulos que chamaram a atenção da crítica, como A Vida Invisível que é o escolhido do Brasil para disputar uma vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar. ”Com a expectativa da shortlist do Oscar na próxima semana, esperamos uma sustentação do público em dezembro”, comentou a distribuidora ao Portal Exibidor.
“Estamos atualmente em 917 mil de público, e mais de 13,8 milhões de renda em nossos filmes. Foi nosso recorde!”, comemora a empresa. “O sucesso de 2019 é resultado de quase uma década da Vitrine Filmes. A marca é forte e buscamos sempre o posicionamento dos filmes, fazendo campanhas inovadoras e focando muito na comunicação com o público”.
Para o próximo ano, a distribuidora quer continuar trilhando esse sucesso, “enfrentado os desafios que são tão evidentes para o cinema brasileiro atualmente”. A line-up do próximo ano conta com filmes fortes, entre títulos nacionais e internacionais.
A Downtown e Paris distribuíram juntas filmes que lotaram as salas de cinema. De Pernas Pro Ar 3 foi lançado pouco antes de Vingadores, e Ingrid Guimarães, protagonista da comédia nacional, e Marcio Fraccaroli, CEO da Paris, comentaram sobre a perda do espaço nas salas de cinema por conta do filme da Marvel. “Falta de respeito total”, afirmou Ingrid na ocasião. Mesmo assim, o longa vendeu 1,8 milhões de ingressos.
Já Turma da Mônica – Laços fez com que tanto o público infantil, quanto adulto fossem aos cinemas no início das férias de julho, acumulando 2,1 milhões de público. Enquanto isso Nada a Perder – Parte 2 levou um público religioso para as salas do Brasil. No mundo das comédias, gênero forte no Brasil, as distribuidoras também lançaram Cine Holliúdy 2 – A Chibata Sideral, Socorro! Virei Uma Garota, e a sequência Os Parças 2, e ainda contam com Minha Mãe É Uma Peça 3 como o último lançamento do ano em 26 de dezembro.
“Os lançamentos foram trabalhados com solidez, respeitando as peculiaridades de cada projeto. Em comum, desenvolvemos campanhas 360 graus, que dialogaram com diferentes públicos e formatos, para que pudéssemos alcançar os espectadores. Parcerias promocionais, além da colaboração de players do mercado, também contribuíram significativamente para o sucesso das campanhas”, declarou Fraccaroli ao Portal Exibidor.
Já para o próximo ano, a distribuidora espera um cenário ainda mais competitivo. “Continuaremos apostando em inovação e diversificação do line-up para promover os lançamentos da distribuidora da melhor forma possível”, afirmou o CEO da Paris.
A Paris também se destacou com lançamentos internacionais no circuito, com A Cinco Passos de Você, Um Funeral Em Família, John Wick – Parabellum, Patrulha Canina: Super Filhotes e Casal Improvável só no primeiro semestre de 2019. O segundo semestre contou com estreias de Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal, O Mal Não Espera a Noite – Midsommar e Entre Facas e Segredos, este último performando muito bem entre os festivais.
Em novembro de 2018, a Galeria Distribuidora se desvinculou da Vitrine e começou 2019 de maneira independente, lançando em fevereiro o sucesso com Maísa Silva, Cinderela Pop, que conquistou o melhor resultado para a distribuidora: cerca de 450 mil ingressos vendidos. “Desenvolvemos uma grande campanha de lançamento, tendo como principal elemento de divulgação a presença da Maísa, em seu primeiro filme como protagonista. Vale ainda reforçar a parceria que tivemos com a Disney, que foi de grande importância para atingirmos o número”, contou Gabriel Gurman, diretor da Galeria.
Em seguida, O Tradutor se consagrou como o primeiro título internacional da distribuidora. Obsessão, O Reino Gelado e Crime Sem Saída, foram outras estreias da Galeria neste ano. “Este foi apenas o primeiro ano da Galeria, que foi voltado muito mais para o desenvolvimento de projetos do que para lançamentos. Dessa forma, esperamos um 2020 muito mais recheado e com um line-up de pelo menos 12 títulos”, afirmou Gurman.
A Imagem também explorou a comédia nacional com Eu Sou Mais Eu!, Sai de Baixo – O Filme, Ela Disse, Ele Disse e Maria do Caritó, além da ação Carcereiros – O Filme. Entre os internacionais, personagens conhecidos nos cinemas voltaram as telonas, como Hellboy, Brinquedo Assassino e Rambo: Até o Fim. Olivia Wilde inovou ao trazer uma comédia feminista em Fora de Série.
O primeiro semestre da Diamond foi marcado por filmes de sucessos em premiação. Green Book – O Guia, levou a estatueta de Melhor Filme do Oscar em 2019, e Willem Dafoe concorreu na categoria de Melhor Ator pela sua atuação em No Portal Da Eternidade. Outros lançamentos da distribuidora foram After, UglyDolls, Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro, Midway – Batalha em Alto Mar, encerrando o ano com As Golpistas, que conta com Jennifer Lopez no elenco, a tornando uma forte aposta para concorrer a grandes prêmios como atriz coadjuvante.
Produzido por jovens da Oficinas Querô em Santos com um baixo orçamento, Sócrates começou sua jornada no LA Film Festival, nos Estados Unidos. Distribuído pela O2, o filme foi selecionado para festivais internacionais, e ganhou o prêmio Ultra Indie Award no Woodstock Film Festival, nos Estados Unidos. O filme foi exibido na 42ª Mostra Internacional de São Paulo, e chegará ao Festival do Rio. A O2 também levou o documentário do Chorão como uma forte aposta na Mostra de São Paulo e agora, ao Festival do Rio, mas Chorão: Marginal Alado só chega no circuito comercial no ano que vem.
A distribuidora também inovou ao distribuir filmes da Netflix. O Irlandês e Dois Papas chegaram nos cinemas agora no fim do ano, como uma estratégia da gigante do streaming para conseguir levar seus filmes para as grandes premiações ao redor do mundo, que exigem que os projetos sejam exibidos em um número mínimo de salas.
2019 também foi um ano especial para a Imovision, que completou 30 anos e comemorou com festas no Rio de Janeiro e São Paulo com a presença de astros de cinema. Inclusive, a festa no Rio teve como madrinha a atriz Juliette Binoche.
A distribuidora iniciou o ano com o lançamento de Assunto de Família, e contou com títulos como Varda por Agnès, filme que chegou ao Brasil após o falecimento da diretora, mobilizando os fãs de sua arte, Deslembro, O Bar Luva Dourada, A Costureira dos Sonhos, Homens na Lata, e Encontros também fazem parte do line-up de 2019 da distribuidora.
Para o ano que vem a Imovision prepara o lançamento de Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou que ganhou prêmio como Melhor Documentário no Cinema, no Festival de Veneza. O produtor do documentário, Caio Gullane, comentou ao Portal Exibidor que 2019 foi complexo para quem trabalha com cinema "por falta de clareza de parte do governo com relação a importância e ao que nosso mercado tem consolidado de vantagens e coisas legais para o nosso país". Gullane ainda afirmou: "Esse foi um ano de muitos frutos, estivemos com forte presença em muitos festivais. Por um lado, a política pública não está sendo entendida, por outro lado estamos vendo muito resultados. O que a gente espera é que os interlocutores do governo estejam abertos para o diálogo para que a gente possa mostrar o impacto positivo, tanto da cultura do nosso país, quanto do impacto econômico positivo para o Brasil”.
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