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18 Setembro 2019 | Thaís Lemos

Distribuidoras contam como funciona adaptação de títulos para o Brasil

Empresas explicaram o porquê de títulos terem sua tradução completamente diferente do nome original

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(Foto: Universal Pictures/ Paramount Pictures)

Você provavelmente já se perguntou como o título de um filme é traduzido, já que alguns nomes chegam completamente diferente dos originais no Brasil. A decisão de um título ser traduzido literalmente ou ganhar outro nome completamente diferente do sentido original, não é uma tarefa fácil. As distribuidoras traçam uma séria estratégia para não fazer com que a narrativa perca o sentido em relação ao nome e ao gênero, e ainda atraia o público para os cinemas.

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O título original é sempre a primeira escolha, mas algumas vezes a sua tradução literal pode não funcionar com o público. “O ponto de partida é sempre uma análise da tradução literal do título. Se fizer sentido para o público brasileiro, seguimos, mas se não houver conexão com a história e com nossa cultura, partimos para sessões de brainstorming até encontrarmos algo que conecte o filme ao público”, explicou Cesar Silva, vice-presidente e diretor geral da Paramount Pictures Brasil, em entrevista ao Portal Exibidor.

No entanto, é necessário levarem consideração o projeto original. “Para a nacionalização, avalia-se os critérios estabelecidos pelo diretor e sua equipe de produção”, conta a Paris Filmes. “Vale ressaltar que toda nacionalização é previamente submetida à aprovação do estúdio”, completou. Para a decisão final, além das preferências do diretor e produtores, detalhes como informações básicas como elenco e sinopse também são fatores importantes. “Isso ajuda muito na hora da tomada de decisão para a escolha do nome”, disse Cesar Silva.

É fato que muitos espectadores decidem qual filme vão assistir quando já estão nos cinemas, por isso os títulos das obras se tornam um dos principais atrativos de público. Para definir um nome, Gabriel Gurman, diretor da Galeria Distribuidora, disse que o primeiro passo é que o título passe da forma mais clara possível qual é o conteúdo do filme e que tipo de material o público irá encontrar. “Funciona como uma síntese de todos os materiais complementares de divulgação”.

Gurman também explicou que, em paralelo a essa definição, análises históricas de títulos que funcionaram ou não são realizadas, escolhendo a opção que seja mais bem assimilada e aceita pelo público final. “Quando há a necessidade de fazermos mudanças significativas, há sempre uma necessidade de termos isso muito bem embasado, até porque existe um interesse prévio de que os títulos de língua espanhola e portuguesa sejam iguais ou similares. É frequente o veto a diversos títulos sugeridos até a aprovação final”, explicou o diretor.

No entanto, o impasse da escolha de um título pode impactar também as produções nacionais. “Muitas vezes o produtor é apegado a um determinado título que vem desde a concepção do projeto, mas que, por algum motivo, não funciona comercialmente”, contou Gurman.

 

Exemplos

Uma comédia clássica dos anos 2000, Entrando Numa Fria é um dos exemplos de tradução adaptada. “A tradução literal de ‘Meet The Parents’ seria ‘Conheça os Pais’. Em nossa avaliação esse nome não é nada atrativo. Mas conseguimos chegar a algo que explicava melhor sobre do que se tratava o filme”, disse o vice-presidente da Paramount.

Um outro filme da distribuidora que também não funcionaria no Brasil com o título original é Hansel and Gretel, pois aqui o conto original é conhecido como João e Maria. “Fomos com o que fazia mais sentido para o público brasileiro e acertamos em cheio. O filme fez muito sucesso aqui”, contou Cesar Silva. João e Maria: Caçadores de Bruxas, lançado em 2013, levou 3,7 milhões de espectadores aos cinemas nacionais.

Assim como Knives Out, que não comportava a tradução literal, já que a expressão em inglês em tradução livre, significa algo como “colocar as garras de fora”. O filme ganhou um título que dialoga com a narrativa e ficou Entre Facas e Segredos. O filme de mistério será lançado pela Paris em 5 de dezembro no Brasil.

Outra coisa comum que vemos nos títulos no Brasil, é apenas um complemento junto ao nome original. “’La La Land’, nacionalmente ficou ‘La La Land – Cantando Estações’”, exemplificou a assessoria da Paris. No Brasil, o filme levou 1,3 milhão de espectadores aos cinemas, e se consagrou como a maior bilheteria para um musical no Brasil.

Sendo traduzido literalmente ou ganhando um nome diferente do original, é importante que os espectadores se conectem com o título, que como vimos, serve como um dos atrativos para o filme. Por mais que algumas traduções ou adaptações sejam criticadas no Brasil, elas foram pensadas com o intuito de levar público para os cinemas, e consequentemente, movimentar o mercado exibidor.

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